E esses problemas são sérios.
Além do prejuízo que chega próximo à casa do bilhão de dólares, ainda tem o
envolvimento direto da presidente Dilma Roussef, que na época do negócio era
membro do conselho administrativo da empresa petrolífera, e votou em favor da
compra da refinaria localizada em território dos EUA.
É mais do que óbvio que o fato
ocorrido ainda no governo Lula, está sendo explorado politicamente pelos
opositores do atual governo. Primeiro porque nossa atual presidente participou
diretamente do erro estratégico cometido pela empresa, e que gerou um prejuízo
absurdo. Nada mais natural num caso
desses.
Mas segundo, e talvez mais sério,
porque tentarão criar um clima de conspiração e corrupção em torno do episódio.
O problema é que não podemos assumir uma situação de corrupção, sem que haja
primeiro uma investigação séria, e que os fatos sejam devidamente apurados.
Quanto à conspiração, podemos
dizer que ela aparece de forma sutil, já que houve reconhecimento por parte de
diretores da própria estatal brasileira, que os relatórios distribuídos para os
membros do conselho administrativo, eram tendenciosos, pois buscavam levar o
Conselho a aprovar o negócio em questão.
Antes de tudo devemos dizer que
não faz muito sentido a desculpa de que os membros do conselho deveriam ter
lido os relatórios completos. Isso seria aplicável caso não tivessem sido feitos os
relatórios resumidos, e que omitiam informações importantes. Se os membros
tinham que ler os relatórios completos, os resumidos não fazem sentido em
existir, ainda mais viciados como estavam.
Mas o pior nessa história toda é
o erro absurdo de análise e estudo, que levou governo e empresa a acreditar que
um prejuízo de quase US$ 1 bi fosse um bom negócio. Um erro desses merece sim
investigações profundas e sérias, algo já cobrado nesse mesmo post, e que
indiquem os culpados pela mesma.
Atentem para o fato de que não
estamos defendendo a presidente, e muito menos a decisão de efetivação do
negócio na época, mas sim apontando uma série de fatos que, a princípio,
tratamos como erros. Mas tendo sido erros ou não, as responsabilidades tem que
ser apontadas com exatidão, e que dessa vez os culpados sejam devidamente
punidos, se necessário com o ressarcimento à empresa dos valores perdidos na
operação. Isso não é algo que acontece por fatores externos e fora do controle
dos agentes da ação, como problemas meteorológicos ou climáticos. Tal fato é
única e exclusivamente resultado de ações equivocadas das pessoas envolvidas no
negócio.
É passada a hora de a Justiça
brasileira passar a prestar mais atenção em fazer valer leis e aplicar a
justiça, e deixar de prender-se tanto a detalhes processuais, tantas vezes
usados intencionalmente para garantir a impunidade no país.
Abaixo trecho da reportagem na Folha de São Paulo. Para quem
quiser ler a reportagem completa é só clicar aqui. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1428091-executivos-rebatem-versao-de-dilma-sobre-a-petrobras.shtml
Executivos rebatem versão de Dilma sobre a Petrobras
VALDO CRUZ
NATUZA NERY
ANDRÉIA SADI
DE BRASÍLIA
SAMANTHA LIMA
DO RIO
NATUZA NERY
ANDRÉIA SADI
DE BRASÍLIA
SAMANTHA LIMA
DO RIO
20/03/2014 03h17
A presidente Dilma
Rousseff e todos os demais membros do Conselho de Administração da Petrobras
tinham à sua disposição o processo completo da proposta de compra da refinaria
em Pasadena (EUA), segundo dois executivos da estatal ouvidos pela Folha.
Na documentação
integral constavam, segundo os relatos, cláusulas do contrato que a petista diz
que, se fossem conhecidas à época, "seguramente não seriam aprovadas pelo
conselho" da estatal.
Reportagem do jornal
"O Estado de S. Paulo" trouxe ontem a informação de que Dilma, na
época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da
compra de 50% da refinaria em 2006, pelo valor total de US$ 360 milhões.
Em resposta ao
jornal, ela justificou que só apoiou a medida porque recebeu "informações
incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho".
O episódio gerou
mal-estar na Petrobras, tensão no Executivo e corrida no Congresso para a
aprovação de uma CPI em pleno ano eleitoral para investigar o caso.
A compra da refinaria
é investigada pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Rio e
pela Polícia Federal. A principal polêmica é o preço do negócio: o valor que a
Petrobras pagou em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria é oito
vezes maior do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade
inteira.
Além disso, a
Petrobras ainda teve de gastar mais US$ 820,5 milhões no negócio, pois foi
obrigada a comprar os outros 50% da refinaria. Isso porque a estatal e a Astra
Oil se desentenderam e entraram em litígio. Havia uma cláusula no contrato,
chamada de "Put Option", estabelecendo que, em caso de desacordo
entre sócios, um deveria comprar a parte do outro.
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