Com o bom andamento da
economia, a Cabotagem brasileira vem crescendo ano a ano, e em 2013 não foi
diferente. Esses bons desempenhos levam as empresas que operam no setor a
investir em novas embarcações e na melhoria das operações como um todo, mas
como o setor não pode se desenvolver sozinho, uma série de outras medidas é
necessária para que o país possa usufruir das vantagens do transporte marítimo
de forma mais intensa.
Essas medidas têm sido
citadas em nosso Blog dos Mercantes com alguma frequência, e vão desde melhores
preços para compra de combustíveis, como os apresentados a outros modais, a
melhor conectividade com esses mesmos outros modais de transportes, e passa
inevitavelmente pela melhoria do sistema portuário e de menos burocracia para a
carga de Cabotagem.
Algumas medidas têm sido
tomadas nos últimos tempos, mas ainda são tímidas e podem ser muito ampliadas,
facilitando a movimentação das cargas transportadas por embarcações, barateando
o custo desse transporte, e aumentando o interesse de armadores e usuários pelo
modal aquaviário.
Dizem que o ano só começa após o Carnaval, então esperemos que em 2014 nosso país possa voltar suas
atenções de forma mais consistente para o transporte aquaviário, notadamente o
marítimo, e que possamos ver nossas potencialidades nesse modal mais
desenvolvidas e apresentando maior parcela de participação no desenvolvimento
da nação.
Jornal do Commercio (POA) –
Reportagem - 02/12/2013
Movimentação por cabotagem cresce no País
Por Jefferson Klein
Quando se fala em estatísticas sobre
cabotagem, há números distintos entre as companhias, entidades e os diversos
agentes envolvidos com esse setor. No entanto, em um ponto os levantamentos
convergem: o segmento está evoluindo e continuará crescendo nos próximos anos.
Mesmo com a decisão da companhia Maestra, pertencente ao grupo Triunfo, de
abandonar as atividades nessa área, os empreendedores estão otimistas com as
perspectivas da cabotagem.
O diretor de consultoria do Instituto
Ilos, João Guilherme Araujo, informa que a expectativa é de um aumento na
movimentação de contêineres pela cabotagem na ordem de 8% ao ano, até o
horizonte de 2021. Entre as vantagens que o Brasil apresenta para essa iniciativa,
estão a ampla costa navegável e a concentração do PIB no litoral. O
especialista salienta que existe uma demanda reprimida, em clara expansão, mas
há muitos pontos que ainda precisam ser resolvidos como, por exemplo, o
aprimoramento da estrutura portuária.
O dirigente informa que pesquisa
realizada com empresas que buscam a cabotagem aponta que essas companhias
exigem confiabilidade, segurança e frequência de embarcações. Conforme o
levantamento, entre as dificuldades que precisam ser superadas, estão o elevado
tempo de trânsito das cargas e a falta de interação entre os modais
(ferroviário e rodoviário). Ainda de acordo com o trabalho, 36% das empresas
que embarcam cargas pela cabotagem manifestaram a intenção de aumentar o
transporte por esse meio em 2014. Entre os segmentos que demonstraram o maior
interesse, estão os de higiene, limpeza, cosméticos, farmacêutico, automotivo,
químico, petroquímico, alimentos, bebidas, entre outros.
Apesar dessas perspectivas positivas,
o setor foi surpreendido na semana passada com o anúncio de que a Maestra
interromperá as atividades dentro da cabotagem. No caso específico dessa
empresa, Araujo diz que é difícil avaliar externamente, mas o analista comenta
que a companhia faz parte de um grupo que está realizando vários investimentos
em infraestrutura e logística, em diferentes frentes. Ou seja, a motivação de
sair da cabotagem pode ter sido provocada por uma decisão de gestão de
portfólio. O integrante do Ilos não considera a saída da companhia como um sinal
de fraqueza do segmento, até porque outras empresas do setor, como a Aliança
Navegação e Logística (controlada pelo grupo Hamburg Süd) e a Log-In Logística,
estão investindo em ativos.
O diretor comercial da Log-In
Logística, Fabio Siccherino, que participou na sexta-feira de seminário sobre
cabotagem promovido pelo Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, na Fiergs,
questionado pelo público, atribuiu parte dos problemas enfrentados pela Maestra
aos baixos preços praticados pela companhia. O dirigente acredita que
dificilmente as empresas que absorverão a fatia de mercado deixada acompanharão
patamares similares.
O diretor-superintendente da Hamburg
Süd, Julian Thomas, adianta que os players remanescentes deverão absorver a
nova demanda. No entanto, o dirigente argumenta que o lado negativo da decisão
da Maestra é a possibilidade de assustar algumas empresas que pensam em ser
clientes das companhias de cabotagem. Por outra visão, o executivo argumenta
que demonstra que os grupos do setor precisam ter uma estrutura adequada ao
negócio. Thomas frisa que a Aliança teve que investir para acompanhar o
crescimento desse modal. Nesse sentido, a empresa fez há pouco tempo um aporte
de cerca de R$ 450 milhões na construção de quatro novos navios de cabotagem.
Em 1998, a Aliança contava com duas
embarcações, que somavam capacidade para movimentar cerca de 3 mil TEUs
(unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Atualmente, tem oito navios que
totalizam capacidade de aproximadamente 21,4 mil TEUs. Conforme o dirigente, a
perspectiva para o fechamento de 2013 é que o segmento de cabotagem registre um
enorme crescimento em relação a 2012, atingindo patamares de 45%.
Modal é fundamental para escoar a
produção gaúcha, afirma diretor-presidente do Tecon
O diretor-presidente do Tecon Rio
Grande, Paulo Bertinetti, enfatiza que a cabotagem, assim como é importante
para a matriz logística nacional, é fundamental para escoar a produção gaúcha,
principalmente para mercados no Norte e Nordeste, que representam distâncias mais
longas.
Uma ferramenta que deve contribuir
para o desenvolvimento dessa ação, destaca o diretor comercial do Tecon Rio
Grande, Thierry Rios, foi criada em novembro no Tecon: um departamento especial
para tratar da área de cabotagem. Esse tipo de transporte representa cerca de
15% da movimentação total do terminal gaúcho. Hoje, a carga mais deslocada via
cabotagem pelo complexo é o arroz, contudo há outros itens como resinas
sintéticas e móveis. O Tecon também começou o transporte de cargas fracionadas
por cabotagem.
Debate entre Argentina e Uruguai já
transfere cargas
A Argentina proibiu recentemente o
transbordo de exportações pelos portos uruguaios. A interrogação que ficou no
ar era que portos iriam assumir essa movimentação. O diretor-superintendente da
Hamburg Süd, Julian Thomas, admite que a situação afetou a operação da
companhia naqueles países. E, devido ao cenário, a empresa transferiu alguns
transbordos que eram feitos em Montevidéu para Rio Grande.
O dirigente comenta que foram
deslocadas diversas cargas de exportação, como frutas, amendoim, entre outras.
Thomas acrescenta que, no momento, não é possível fazer uma previsão de quando
a situação irá se estabilizar. O diretor comercial do Tecon Rio Grande, Thierry
Rios, revela que está conversando muito com os armadores sobre o problema
vivido entre a Argentina e o Uruguai. “Somos o porto mais próximo a eles e
estruturado para fazer transbordo, e esse assunto continuará intenso neste ano
e em 2014”, projeta. Rios não arrisca uma estimativa de quanto tempo a questão
irá se manter em pauta, até porque se trata de um debate político. Porém,
enquanto esse panorama continuar, ele adianta que o Tecon tentará conquistar
clientes e consolidar algumas operações para que fiquem permanentemente em Rio
Grande.
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