Sempre relegado a segundo plano,
nosso mar começa a despertar interesse de nossas universidades, no sentido de
pesquisar seus recursos e sua biodiversidade.
Sim, é isso mesmo. Se a Amazônia
é uma fronteira relativamente fácil de ser explorada, e comprovadamente rica em
biodiversidade e minerais, o mar territorial e nossa área de exploração
econômica exclusiva nos dão enormes possibilidades de recursos, além do
petróleo, mas ainda é uma região relativamente pouco conhecida. Na verdade a
maior parte do conhecimento se deve a pesquisas estrangeiras – como as de
Jacques Cousteau – que obviamente retêm parte das descobertas e conhecimentos
para seus próprios países e empresas patrocinadoras.
Tudo bem que a construção,
manutenção e operação de uma frota de pesquisas não são baratas, e num país que
se acostumou a receber informações e tecnologia prontas de outros países, e
utilizá-las de acordo com o “manual de instruções”, que vem junto com o
conhecimento, a busca por produzir o conhecimento é algo que não se acostumou a
ser encarado como investimento, mas sim em prejuízo.
Menos mal que tal visão está
mudando, e aos poucos começamos nós mesmos a explorar, conhecer e dominar nosso
próprio país.
Que essa pequena frota possa ser
acompanhada não apenas de mais barcos de pesquisa, mas também de navios de
cruzeiro, e outros que nos permitam exercer plenamente nossa soberania
marítima.
Inace
construirá cinco navios oceanográficos
Depois de
construir seu primeiro navio para pesquisas oceanográficas, no início do ano
passado, a Indústria Naval do Ceará (Inace) começará a desenvolver projetos
para a concepção de mais cinco embarcações do tipo, sendo uma para a Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e as outras para a Universidade Federal do
Rio Grande (Furg), no Sul do País.
O mercado
para navios oceanográficos no Brasil é promissor. Conforme a diretora da Inace,
Flávia de Barros, "como as pesquisas estão crescendo, a demanda pelos
equipamentos vai aumentar" fotos: divulgação
De acordo
com a diretora industrial da Inace, Flávia de Barros, os equipamentos estão em
processo de encomenda, restando assinaturas de contrato com as duas
instituições de ensino superior para que os projetos comecem a ser
desenvolvidos.
"Para
construir a embarcação para a Uerj, participamos de um pregão. Já em relação à
Furg, concorremos a um processo licitatório e vencemos", explica.
Prazo
Ela
informa que, a partir do momento em que receber oficialmente as encomendas das
universidades, a Inace terá 16 meses para construir o navio da Uerj e 36 meses
para entregar os equipamentos solicitados pela Furg, que já sinalizou o
interesse em outras embarcações.
Além dos
navios oceanográficos, a Indústria Naval do Ceará já está construindo outras
duas embarcações que serão utilizadas em plataformas petrolíferas da Bacia de
Campos
"Prezamos
muito pela inovação. Acredito que a credibilidade de universidades brasileiras
na Inace está ligada, principalmente, ao nosso pioneirismo. No ano passado,
construímos um navio para a Universidade de São Paulo (USP), que hoje opera na
cidade de Guarujá, no litoral paulista", declara Flávia.
Na opinião
dela, o mercado para navios oceanográficos no Brasil é promissor. "Como as
pesquisas estão crescendo, a demanda pelos equipamentos vai aumentar",
completa.
Características
Cada
embarcação, com capacidade para sete passageiros, terá 30 metros de
comprimento; boca moldada de 7 m; pontal de 4 m; calado de 2,20 m; popa aberta
com rampa para pesca; velocidade máxima de 10 nós (cerca de 20 km/h); e poderá
ficar em alto-mar por até 10 dias (autonomia mínima), com combustível
suficiente.
Segundo
Flávia de Barros, o projeto para a construção de um navio oceanográfico leva de
três a seis meses para ser concebido, sendo preciso cerca de 20 pessoas para
realizar o trabalho dessa fase inicial. A partir de então, são necessários de
seis a 12 meses para erguer a embarcação, etapa que mobiliza uma média de 100
trabalhadores.
Por
questões de segurança, a Inace preferiu não divulgar o valor a ser investido na
montagem dos cinco equipamentos.
Suporte a
plataformas
Além dos
navios oceanográficos, a Inace já está construindo outras duas embarcações que
serão utilizadas em plataformas petrolíferas da Bacia de Campos, na costa norte
do Rio de Janeiro. Os barcos do tipo Diving Support Vessel (DSV) servem para
apoiar serviços de mergulho e deverão ficar prontos até junho do próximo ano.
Como
noticiou o Diário do Nordeste na edição do último dia 25 de outubro, o
investimento total é de R$ 37,6 milhões, valor financiado pelo Fundo da Marinha
Mercante (FMM).
Os
equipamentos foram encomendados pela empresa brasileira Geonavegação, do Grupo
Georadar, que mantém contrato com a Petrobras para a construção de cinco
embarcações de suporte marítimo e mergulho. Dentre elas, estão os DSVs, que têm
capacidade para 25 passageiros.
SAIBA MAIS
Perfil das
embarcações
capacidade
7 passageiros
tamanho 30
metros de comprimento
boca
moldada 7 metros
pontal 4
metros
calado
2,20 metros
popa
aberta com rampa para pesca
velocidade
máxima 10 nós (cerca de 20 km/h)
autonomia
em alto-mar até 10 dias, no mínimo, com combustível suficiente
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