terça-feira, 18 de março de 2014

Brasil começa a investir em pesquisas oceânicas

Sempre relegado a segundo plano, nosso mar começa a despertar interesse de nossas universidades, no sentido de pesquisar seus recursos e sua biodiversidade.

Sim, é isso mesmo. Se a Amazônia é uma fronteira relativamente fácil de ser explorada, e comprovadamente rica em biodiversidade e minerais, o mar territorial e nossa área de exploração econômica exclusiva nos dão enormes possibilidades de recursos, além do petróleo, mas ainda é uma região relativamente pouco conhecida. Na verdade a maior parte do conhecimento se deve a pesquisas estrangeiras – como as de Jacques Cousteau – que obviamente retêm parte das descobertas e conhecimentos para seus próprios países e empresas patrocinadoras.

Tudo bem que a construção, manutenção e operação de uma frota de pesquisas não são baratas, e num país que se acostumou a receber informações e tecnologia prontas de outros países, e utilizá-las de acordo com o “manual de instruções”, que vem junto com o conhecimento, a busca por produzir o conhecimento é algo que não se acostumou a ser encarado como investimento, mas sim em prejuízo.

Menos mal que tal visão está mudando, e aos poucos começamos nós mesmos a explorar, conhecer e dominar nosso próprio país.

Que essa pequena frota possa ser acompanhada não apenas de mais barcos de pesquisa, mas também de navios de cruzeiro, e outros que nos permitam exercer plenamente nossa soberania marítima.



Inace construirá cinco navios oceanográficos

Depois de construir seu primeiro navio para pesquisas oceanográficas, no início do ano passado, a Indústria Naval do Ceará (Inace) começará a desenvolver projetos para a concepção de mais cinco embarcações do tipo, sendo uma para a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e as outras para a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no Sul do País.

O mercado para navios oceanográficos no Brasil é promissor. Conforme a diretora da Inace, Flávia de Barros, "como as pesquisas estão crescendo, a demanda pelos equipamentos vai aumentar" fotos: divulgação

De acordo com a diretora industrial da Inace, Flávia de Barros, os equipamentos estão em processo de encomenda, restando assinaturas de contrato com as duas instituições de ensino superior para que os projetos comecem a ser desenvolvidos.

"Para construir a embarcação para a Uerj, participamos de um pregão. Já em relação à Furg, concorremos a um processo licitatório e vencemos", explica.

Prazo

Ela informa que, a partir do momento em que receber oficialmente as encomendas das universidades, a Inace terá 16 meses para construir o navio da Uerj e 36 meses para entregar os equipamentos solicitados pela Furg, que já sinalizou o interesse em outras embarcações.

Além dos navios oceanográficos, a Indústria Naval do Ceará já está construindo outras duas embarcações que serão utilizadas em plataformas petrolíferas da Bacia de Campos

"Prezamos muito pela inovação. Acredito que a credibilidade de universidades brasileiras na Inace está ligada, principalmente, ao nosso pioneirismo. No ano passado, construímos um navio para a Universidade de São Paulo (USP), que hoje opera na cidade de Guarujá, no litoral paulista", declara Flávia.

Na opinião dela, o mercado para navios oceanográficos no Brasil é promissor. "Como as pesquisas estão crescendo, a demanda pelos equipamentos vai aumentar", completa.

Características

Cada embarcação, com capacidade para sete passageiros, terá 30 metros de comprimento; boca moldada de 7 m; pontal de 4 m; calado de 2,20 m; popa aberta com rampa para pesca; velocidade máxima de 10 nós (cerca de 20 km/h); e poderá ficar em alto-mar por até 10 dias (autonomia mínima), com combustível suficiente.

Segundo Flávia de Barros, o projeto para a construção de um navio oceanográfico leva de três a seis meses para ser concebido, sendo preciso cerca de 20 pessoas para realizar o trabalho dessa fase inicial. A partir de então, são necessários de seis a 12 meses para erguer a embarcação, etapa que mobiliza uma média de 100 trabalhadores.

Por questões de segurança, a Inace preferiu não divulgar o valor a ser investido na montagem dos cinco equipamentos.

Suporte a plataformas

Além dos navios oceanográficos, a Inace já está construindo outras duas embarcações que serão utilizadas em plataformas petrolíferas da Bacia de Campos, na costa norte do Rio de Janeiro. Os barcos do tipo Diving Support Vessel (DSV) servem para apoiar serviços de mergulho e deverão ficar prontos até junho do próximo ano.

Como noticiou o Diário do Nordeste na edição do último dia 25 de outubro, o investimento total é de R$ 37,6 milhões, valor financiado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM).

Os equipamentos foram encomendados pela empresa brasileira Geonavegação, do Grupo Georadar, que mantém contrato com a Petrobras para a construção de cinco embarcações de suporte marítimo e mergulho. Dentre elas, estão os DSVs, que têm capacidade para 25 passageiros.

SAIBA MAIS

Perfil das embarcações

capacidade 7 passageiros
tamanho 30 metros de comprimento
boca moldada 7 metros
pontal 4 metros
calado 2,20 metros
popa aberta com rampa para pesca
velocidade máxima 10 nós (cerca de 20 km/h)

autonomia em alto-mar até 10 dias, no mínimo, com combustível suficiente

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