O Fundo da Marinha Mercante
autorizou financiamentos que beiram o R$ 1 Bi, para a construção de navios e
barcaças para a Cabotagem. Mas entre a aprovação do financiamento e o início
das operações das embarcações, um longo caminho e um longo tempo são
percorridos.
E como é óbvio, festejamos os
novos investimentos da armação, na busca de renovar e aumentar nossa frota de
Cabotagem, até porque muitos dos problemas que emperram o desenvolvimento pleno
de nossa Marinha Mercante continuam existindo, e nem intenção de removê-los
nossas autoridades ligadas ao setor demonstram.
E os problemas vêm sendo
mostrados no nosso Blog dos Mercantes com frequência, e vão desde entraves
burocráticos que atrasam, encarecem e dificultam as operações de Cabotagem; à
incentivos fiscais dados a outros modais concorrente e conhecidamente menos
eficientes; até a problemas nas operações portuárias, todos ligados à falta de
interesses de nossos operadores portuários em investir pesadamente no setor.
Mas mesmo assim a Cabotagem e
hidrovias vêm se desenvolvendo, nossa economia vem redescobrindo a vantagem do
transporte aquaviário sobre outros modais, e o setor vem vivendo uma fase
bastante interessante de desenvolvimento, embora muito longe de se comparar a
períodos áureos de nosso transporte por via aquática.
Imaginem se tivéssemos uma
política mais clara de incentivo ao setor, e de investimentos públicos mais bem
planejados na criação de infraestrutura aquaviária?
FMM dá aval de R$ 1 bi para cabotagem
Por Francisco Góes | Do Rio
As empresas Henvil Transportes, do
Pará, e Graninter Transportes Marítimos de Granéis, do Rio, receberam sinal
verde do conselho diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para contratar
financiamentos de R$ 1 bilhão. Os recursos serão usados na construção de oito
embarcações para operar na cabotagem, a navegação entre os portos do país. A
Henvil prevê investir R$ 867,1 milhões para construir quatro navios de produtos
escuros (derivados de petróleo).
"Estamos focando na navegação de
cabotagem e fluvial", disse Daniel Pereira, sócio-diretor da Henvil. A
empresa faz o transporte fluvial de passageiros e veículos no Pará. E agora
quer entrar no transporte de derivados de petróleo para atender a demanda da
Petrobras. A Henvil prevê a construção de quatro petroleiros de 45 mil
toneladas de porte bruto (TPB) cada um. Pereira disse que a construção dos
navios será feita em estaleiro no Rio, mas não citou nomes. O FMM, ligado ao
Ministério dos Transportes, é a principal fonte de financiamento do setor.
É a primeira vez que a Henvil,
empresa do grupo Horizonte, recebe a prioridade financeira do FMM. Alfredo
Cabral, vice-presidente do grupo Horizonte, disse que a Henvil estabeleceu
parceria com a Pancoast, uma empresa brasileira de navegação (EBN), para fazer
o transporte de derivados.
A prioridade é o primeiro passo para
a concessão dos financiamentos pelo fundo. Depois de obtida essa autorização, a
empresa tem 90 dias para protocolar o pedido de financiamento no agente
financeiro. E 360 dias para efetivar a contratação do empréstimo. O fundo
financia até 90% dos projetos. Os maiores repassadores do fundo são BNDES e
Banco do Brasil.
Já a Graninter Transportes Marítimos
de Granéis, a outra empresa da cabotagem que recebeu a autorização do fundo,
vai construir dois comboios oceânicos, formados por empurrador e barcaça, com
valor total de R$ 196,3 milhões. As prioridades para a Henvil e para a Graninter
foram aprovadas pelo FMM na sexta-feira e publicadas ontem no "Diário
Oficial da União". No total, o conselho aprovou prioridades para projetos
de sete empresas com investimentos de R$ 2,05 bilhões. O número inclui
alterações de projetos de seis embarcações e suplementações para
aperfeiçoamentos.
Gustavo Lobo, diretor do departamento
da marinha mercante do Ministério dos Transportes, disse que a previsão é de
que o FMM desembolse R$ 6 bilhões em 2014, com crescimento de 20% sobre o ano
passado, quando o fundo investiu R$ 5 bilhões em projetos ligados à construção
de estaleiros e embarcações. Do total investido pelo FMM em 2013, R$ 1,2 bilhão
correspondeu a um aporte feito pelo Tesouro Nacional. Foi o primeiro aporte
feito no fundo desde que a lei 12.249, de 2010, autorizou a União a conceder
créditos aos agentes financeiros do FMM no montante de até R$ 15 bilhões de
forma a tornar viável os financiamentos de projetos aprovados pelo conselho
diretor do FMM.
Lobo disse que o fundo tem situação
confortável para atender a demanda de projetos. Ele afirmou que o crescimento
nos desembolsos deste ano será puxado pela área de construção naval, incluindo
a entrada em operação de um novo estaleiro em Suape (PE) e a construção de
outras unidades.
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