terça-feira, 29 de abril de 2014

Blog dos Mercantes: não cessam os investimentos na Cabotagem

O Fundo da Marinha Mercante autorizou financiamentos que beiram o R$ 1 Bi, para a construção de navios e barcaças para a Cabotagem. Mas entre a aprovação do financiamento e o início das operações das embarcações, um longo caminho e um longo tempo são percorridos.

E como é óbvio, festejamos os novos investimentos da armação, na busca de renovar e aumentar nossa frota de Cabotagem, até porque muitos dos problemas que emperram o desenvolvimento pleno de nossa Marinha Mercante continuam existindo, e nem intenção de removê-los nossas autoridades ligadas ao setor demonstram.

E os problemas vêm sendo mostrados no nosso Blog dos Mercantes com frequência, e vão desde entraves burocráticos que atrasam, encarecem e dificultam as operações de Cabotagem; à incentivos fiscais dados a outros modais concorrente e conhecidamente menos eficientes; até a problemas nas operações portuárias, todos ligados à falta de interesses de nossos operadores portuários em investir pesadamente no setor.

Mas mesmo assim a Cabotagem e hidrovias vêm se desenvolvendo, nossa economia vem redescobrindo a vantagem do transporte aquaviário sobre outros modais, e o setor vem vivendo uma fase bastante interessante de desenvolvimento, embora muito longe de se comparar a períodos áureos de nosso transporte por via aquática.

Imaginem se tivéssemos uma política mais clara de incentivo ao setor, e de investimentos públicos mais bem planejados na criação de infraestrutura aquaviária?


FMM dá aval de R$ 1 bi para cabotagem

Por Francisco Góes | Do Rio

As empresas Henvil Transportes, do Pará, e Graninter Transportes Marítimos de Granéis, do Rio, receberam sinal verde do conselho diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para contratar financiamentos de R$ 1 bilhão. Os recursos serão usados na construção de oito embarcações para operar na cabotagem, a navegação entre os portos do país. A Henvil prevê investir R$ 867,1 milhões para construir quatro navios de produtos escuros (derivados de petróleo).

"Estamos focando na navegação de cabotagem e fluvial", disse Daniel Pereira, sócio-diretor da Henvil. A empresa faz o transporte fluvial de passageiros e veículos no Pará. E agora quer entrar no transporte de derivados de petróleo para atender a demanda da Petrobras. A Henvil prevê a construção de quatro petroleiros de 45 mil toneladas de porte bruto (TPB) cada um. Pereira disse que a construção dos navios será feita em estaleiro no Rio, mas não citou nomes. O FMM, ligado ao Ministério dos Transportes, é a principal fonte de financiamento do setor.

É a primeira vez que a Henvil, empresa do grupo Horizonte, recebe a prioridade financeira do FMM. Alfredo Cabral, vice-presidente do grupo Horizonte, disse que a Henvil estabeleceu parceria com a Pancoast, uma empresa brasileira de navegação (EBN), para fazer o transporte de derivados.

A prioridade é o primeiro passo para a concessão dos financiamentos pelo fundo. Depois de obtida essa autorização, a empresa tem 90 dias para protocolar o pedido de financiamento no agente financeiro. E 360 dias para efetivar a contratação do empréstimo. O fundo financia até 90% dos projetos. Os maiores repassadores do fundo são BNDES e Banco do Brasil.

Já a Graninter Transportes Marítimos de Granéis, a outra empresa da cabotagem que recebeu a autorização do fundo, vai construir dois comboios oceânicos, formados por empurrador e barcaça, com valor total de R$ 196,3 milhões. As prioridades para a Henvil e para a Graninter foram aprovadas pelo FMM na sexta-feira e publicadas ontem no "Diário Oficial da União". No total, o conselho aprovou prioridades para projetos de sete empresas com investimentos de R$ 2,05 bilhões. O número inclui alterações de projetos de seis embarcações e suplementações para aperfeiçoamentos.

Gustavo Lobo, diretor do departamento da marinha mercante do Ministério dos Transportes, disse que a previsão é de que o FMM desembolse R$ 6 bilhões em 2014, com crescimento de 20% sobre o ano passado, quando o fundo investiu R$ 5 bilhões em projetos ligados à construção de estaleiros e embarcações. Do total investido pelo FMM em 2013, R$ 1,2 bilhão correspondeu a um aporte feito pelo Tesouro Nacional. Foi o primeiro aporte feito no fundo desde que a lei 12.249, de 2010, autorizou a União a conceder créditos aos agentes financeiros do FMM no montante de até R$ 15 bilhões de forma a tornar viável os financiamentos de projetos aprovados pelo conselho diretor do FMM.

Lobo disse que o fundo tem situação confortável para atender a demanda de projetos. Ele afirmou que o crescimento nos desembolsos deste ano será puxado pela área de construção naval, incluindo a entrada em operação de um novo estaleiro em Suape (PE) e a construção de outras unidades.

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