Mais precisamente mostramos como
anda o comércio exterior do Brasil com a China, mas de modo geral, podemos
considerar essa perspectiva para nosso comércio internacional com as nações
desenvolvidas, principalmente com nossos maiores parceiros comerciais. E pela
lista de principais produtos exportados pelo país, podemos ter uma ideia de
nossa situação, e principalmente de nossa pauta de exportação.
- Ainda que tenhamos nos
desenvolvido economicamente a partir de meados do século passado e
diversificado nossas atividades econômicas (incluindo aí serviços), nosso
comércio exterior segue baseado principalmente em produtos primários, seja de
extração (minerais), seja oriundos da agricultura.
- Com essa pauta de exportação
deixamos de criar inúmeros empregos no país,
- Com essa pauta também agregamos
pouco valor à nossa pauta de exportação,
- Há necessidade, sempre, de
conquistar novos mercados para produtos de alto valor agregado.
Isso em primeira análise significa
que exportamos muitos milhões de toneladas a baixo preço, e importamos poucos
milhões de toneladas a alto preço. Ora, Bê-á-bá do comércio internacional e que
já estamos todos cansados de ouvir e saber.
O problema nisso tudo é que não
existe país que consiga distribuir riqueza de forma adequada, nem mesmo criar
empregos e um crescimento econômico de forma realmente sustentável, se não
diversificar sua economia e, principalmente, aumentar a participação de
produtos de alto valor agregado e de serviços de alta complexidade em sua
economia e em suas exportações.
A melhoria nessa equação com a
China é muito importante, mas ela deve ser estendida ao comércio com outros
países também.
Lembrando sempre que uma Marinha Mercante forte pode auxiliar, e muito, no processo de abrir novos mercados e melhorar a competitividade de nossos produtos.
E claro, sem deixar nunca de privilegiar a mão-de-obra nacional, pois sem isso nenhum movimento no sentido de fortalecer nossa economia faz sentido.
-
Brasil vai usar visita chinesa para
vender carne e avião
FLÁVIA FOREQUE
RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA
Mais opções
PUBLICIDADE
O governo quer aproveitar a visita de Estado do líder chinês
Xi Jinping, em julho, para fechar negócios e destravar temas da pauta econômica
entre os dois países.
Há hoje uma preocupação em diversificar as vendas para o gigante
asiático, principal destino das exportações do país desde 2009, quando a China
desbancou os Estados Unidos como maior comprador de produtos brasileiros no
exterior.
"Há concentração na venda de commodities [produtos
básicos]. Com muitos ovos numa cesta só, o país fica sujeito a
flutuações", diz o embaixador Francisco Brasil de Holanda, diretor do
departamento da Ásia do Leste no Itamaraty e responsável por parte dos
preparativos para a visita da comitiva chinesa.
Soja e minério de ferro representaram mais de 70% do que o
Brasil vendeu para a China no ano passado.
Por isso, além de estreitar as relações diplomáticas com o
parceiro, uma das prioridades é enfim viabilizar a venda de 40 aviões da
Embraer para o mercado chinês.
Os contratos foram firmados ainda em 2011, mas até hoje não
houve autorização oficial para que a operação fosse concretizada.
O governo quer ampliar o contato entre o empresariado dos
dois países. Espera-se que a comitiva de Xi Jinping traga também executivos
chineses "de peso".
"O produtor brasileiro ainda olha muito para o próprio
umbigo. Até 2020, mais de 100 milhões de chineses sairão da pobreza. É um
mercado enorme", disse o embaixador brasileiro.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
POTENCIAL
Uma das áreas que o Brasil vê grande potencial de
crescimento é o da indústria criativa, com aumento das vendas das indústrias
gráfica, de audiovisual, de design e moda.
Segundo o Itamaraty, entre os tópicos que também devem ser
tratados durante a visita, está a liberação da venda de carnes bovinas,
bloqueada desde o fim de 2012 diante das notícias de um caso da doença
conhecida como "vaca louca" no Paraná.
Apesar de ter sido um caso isolado e fruto de uma mutação
genética, o que afastou o risco de contágio em outros animais, a China manteve
a barreira desde então.
O mercado chinês de carnes bovinas ainda é pequeno, mas o
aumento das vendas para Hong Kong no ano passado, que funciona como porta de
entrada para a Ásia, mostra quão lucrativo pode ser o fim do embargo, afirma Brasil
de Holanda.
SIMBOLISMO
Há a expectativa ainda de que haja a confirmação de
investimentos brasileiros no país asiático. A fabricante de caminhões
Marcopolo, por exemplo, aguarda autorização para instalar fábrica de veículos
na China.
A vinda de Xi Jinping, que participará da cúpula dos Brics
(Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) e deve assistir a final da Copa
do Mundo no Maracanã, tem grande caráter simbólico. A visita, a primeira dele
no posto de líder, marcará os 40 anos das relações entre Brasil e China.