Em suma democracia é isso: a convivência dos opostos. E é exatamente isso que o texto de Helio Schwartsman diz, além de alguns outros adendos, e é por isso que o escolhemos para ilustrar essa nossa postagem.
Mas muita gente não entende e não compartilha dessa visão e, democraticamente, pede até mesmo por ditadura (vai entender, não é?. Isso é algo que atravessa na garganta dos democraticos, mas que por eles é aceito em nome da própria democracia.
E mesmo você concordando ou não com qualquer das vertentes políticas que se expressam hoje em dia, isso também é um direito seu, como é seu direito expressar suas opiniões, quaisquer que elas sejam.
Porque democracia é exatamente isso; a convivência dos opostos, a coexistência dos antagônicos, mas sempre de forma ordeira e pacífica.
Isso não é fácil, na verdade é muito difícil, principalmente para uma sociedade que ainda vive o ranço de sua última ditadura, que ainda não aprendeu a resolver seus próprios problemas, mas que vem dando passos seguros nessa direção.
Porque aprender a resolver suas divergências e problemas, também é parte da democracia.
O Brasil irá aprender.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2015/03/1602165-protestos-e-felicidade.shtml
Protestos e felicidade
SÃO PAULO - Não vou participar nem das manifestações de hoje, de apoio crítico ao governo de Dilma Rousseff, nem das de domingo, que flertam com a ideia de despachar a presidente mais cedo para casa, mas fico feliz que elas ocorram.
A democracia, embora não esteja nos manuais, é necessariamente barulhenta e um pouco mal-educada. Acusar, xingar, propor "impeachment" (o PT cansou de pedi-lo quando era oposição), tudo isso é legítimo e faz parte do jogo. A falta só ocorre quando alguma parte recorre a saídas extraconstitucionais, o que ninguém está ameaçando fazer.
A razão para a barafunda é que a democracia não elimina o conflito entre diferentes facções políticas. Ela apenas procura discipliná-lo, de modo que a disputa pelo poder se resolva pela vias institucionais e não as de fato. De um modo geral dá certo, pois todas as correntes majoritárias vislumbram a possibilidade de um dia conquistar o Planalto. Paradoxalmente, crises econômicas se tornam bem-vindas nesse contexto, já que são um dos mecanismos mais efetivos para promover a alternância no poder, que é no fundo o que faz com que as democracias funcionem.
Com efeito, desde que restabelecemos a nossa, em 1985, não assistimos a revoluções, golpes e outras modalidades de ruptura violenta. Trinta anos não é muito, admito. Mas, em alguns países, o período de estabilidade proporcionado pela institucionalização das controvérsias chega a vários séculos, como é o caso dos EUA, do Reino Unido e da Sereníssima República de San Marino, cuja Constituição vigora desde 1600.
É claro que normalidade política não é tudo, mas é uma condição no mais das vezes necessária para que um país consiga aliar desenvolvimento econômico com um regime de liberdades, o que, por seu turno, permite aos cidadãos que se dediquem a buscar a própria felicidade. Na maioria das vezes não vão encontrá-la, mas o que vale é a jornada.
A democracia, embora não esteja nos manuais, é necessariamente barulhenta e um pouco mal-educada. Acusar, xingar, propor "impeachment" (o PT cansou de pedi-lo quando era oposição), tudo isso é legítimo e faz parte do jogo. A falta só ocorre quando alguma parte recorre a saídas extraconstitucionais, o que ninguém está ameaçando fazer.
A razão para a barafunda é que a democracia não elimina o conflito entre diferentes facções políticas. Ela apenas procura discipliná-lo, de modo que a disputa pelo poder se resolva pela vias institucionais e não as de fato. De um modo geral dá certo, pois todas as correntes majoritárias vislumbram a possibilidade de um dia conquistar o Planalto. Paradoxalmente, crises econômicas se tornam bem-vindas nesse contexto, já que são um dos mecanismos mais efetivos para promover a alternância no poder, que é no fundo o que faz com que as democracias funcionem.
Com efeito, desde que restabelecemos a nossa, em 1985, não assistimos a revoluções, golpes e outras modalidades de ruptura violenta. Trinta anos não é muito, admito. Mas, em alguns países, o período de estabilidade proporcionado pela institucionalização das controvérsias chega a vários séculos, como é o caso dos EUA, do Reino Unido e da Sereníssima República de San Marino, cuja Constituição vigora desde 1600.
É claro que normalidade política não é tudo, mas é uma condição no mais das vezes necessária para que um país consiga aliar desenvolvimento econômico com um regime de liberdades, o que, por seu turno, permite aos cidadãos que se dediquem a buscar a própria felicidade. Na maioria das vezes não vão encontrá-la, mas o que vale é a jornada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário