Já há alguns meses que o blogueiro não tinha tempo de fazer uma análise um pouco mais próxima do momento vivido, e a escolha, por óbvio, é a formação e as esperanças no Governo Bolsonaro que se forma.
Pois bem, começamos parabenizando o eleito, apesar das denúncias de irregularidades, mas isso se perde quando observamos que seu adversário no segundo turno usou das mesmas técnicas e subterfúgios ilegais e imorais. Claro que, neste caso, um erro não justifica o outro, não anula o outro, mas somente demonstra a mediocridade das duas candidaturas.
Seria cômico, não fosse trágico.
E tragédia é o que espero do futuro Governo Bolsonaro. O combate à corrupção já está bastante claro que passa longe dos objetivos do futuro governo, e para isso basta ver a formação de seu ministério, com alguns dos nomes já confirmados na equipe de primeiro escalão, e outros que foram seriamente considerados, mas descartados pelas reações de seus eleitores e do próprio "deus mercado".
Tem a questão dos posicionamentos anti-identitarismo? Tem também, e apesar de eu achar que são temas importantes, que são temas que devem ser tratados, a verdade é que, no momento, não são temas centrais na vida brasileira, e provavelmente, não o serão ainda por muitos anos, porque antes de se preocupar com essas coisas, é preciso erradicar a miséria do país de forma efetiva e institucional, e não da forma assistencialista e precária promovida pelos governos petistas.
Com isso urge ao país sair da crise e promover uma real distribuição de renda, melhorar a condição de vida da população, diminuir a violência e fortalecer as condições democráticas das instituições que dão a uma república democrática seu sustentáculo. Sem isso não haverá avanço civilizatório, e muito menos condições de um progresso sócio-econômico sólido e sustentável ao país. Dizer que as instituições estão funcionando não convence, porque desde que o homem alcançou determinado estágio civilizatório as instituições funcionam. A questão não é elas estarem funcionando, mas como elas estão funcionando. E a verdade é que elas estão funcionando muito mal.
Quanto ao próximo presidente, o problema é que ele não está preocupado com isso. Todas suas declarações foram nesse sentido, não viu quem não quis. Além disso se une com o que há de pior em termos de economia, que são os anacrônicos da chamada "Escola de Chicago", que pregam um retorno ao início do Séc. XIX, baseados nas tresloucadas teses de Adam Smith, que defendiam e garantiam direitos e privilégios infindáveis aos ricos, e que defendia o direito apenas à subsistência básica aos pobres. Algo que já se reiniciou com Temer, e que o PT até impediu de se aprofundar com muita velocidade, embora nunca tenha parado o processo, e jamais pensou em revertê-lo.
Aliado a isso, e alegando um "não ideologismo", tomam e sugerem posições puramente ideológicas, como no caso dos médicos cubanos, nas acusações à China, e a questão da embaixada em Israel, além de mostrarem um absoluto servilismo aos norte-americanos, o que pode ser prejudicial ao Brasil em vários aspectos, principalmente o econômico, mas que até mesmo pode incluir o país no mapa do terrorismo internacional.
Com esses ingredientes o que espero é uma grande tragédia, que ficará nítida ainda em seu primeiro ano de governo. Mas tal qual o futebol, às vezes as "conjunções astrais" promovem grandes "zebras" em jogos decisivos.
Com base nisso torcemos pela zebra, mas temos em mente que, dificilmente, as mesmas ações possam levar a resultados diferentes.