Agora as baterias da imprensa se voltaram contra os militares que, pelo que insinuam no artigo abaixo, seriam os grandes vilões do déficit da previdência. Mas como eles estão certos e errados? Vamos lá, mas antes esclareço que não diferencio os militares das forças armadas ou auxiliares.
Primeiro que o déficit que o governo tanto chama a atenção não é o da previdência em si, mas do sistema público da previdência. Assim não apenas os militares contribuem para esse déficit, mas outros setores do funcionalismo público também.
Segundo ponto é que as vantagens excessivas que eram atribuídas a militares já estão praticamente todas extintas, embora outros setores do funcionalismo público, muito mais bem remunerados que os militares as mantenham, e nesses ninguém fala.
Terceiro, o que ainda é um absurdo no meio militar é a idade em que a grande maioria se aposenta, ao redor dos 50 anos, muitas vezes ainda não tendo atingido essa idade. A alegação de que não dá para um policial de 58 anos estar correndo atrás de bandido não se sustenta, tampouco as outras alegações relativas às outras forças, porque nem todo o trabalho deles é operacional. Sendo assim, os mais idosos poderiam ser deslocados para trabalhos burocráticos e os mais novos ficariam com a parte operacional.
Outra alegação que não se sustenta é que a carreira militar não permite uma permanência maior devido a sua estrutura. Para isso basta reestruturar a carreira, aumentando o tempo mínimo para promoções e consequentemente para a saída.
Mas isso é quanto aos militares, único setor citado nominalmente na tendenciosa e irresponsável reportagem, que passa longe de outros setores, muito melhor remunerados que os militares e que levam ilegal e inconstitucionalmente os penduricalhos como auxílio moradia, auxílio paletó, etc, para a aposentadoria. Também costumam acumular 2 ou mais aposentadorias, direito negado a imensa maioria dos brasileiros.
Dessa turma a reportagem passa muito longe, e engloba seus absurdos ganhos em todo o bolo, tentando jogar a conta do déficit e o respectivo pagamento aos menos favorecidos pelo sistema, mantendo os privilégios a essa pequena casta, e negando direitos à imensa maioria da população brasileira.
Previdência: militares pesam 16 vezes mais que segurados do INSS
Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli
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O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017 - ano marcado por sucessivos adiamentos na votação da reforma proposta pelo governo para endurecer as regras de aposentadoria e pensão no País. O déficit é 18,5% maior que o de 2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União.
Os dados foram revelados nesta segunda-feira, 22, pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue tendo um peso maior nas contas proporcionalmente. A participação de um militar federal nesse rombo, por exemplo, tem é 16 vezes maior que a de um segurado do INSS.
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, ante R$ 6,25 mil no INSS. Entre os servidores civis da União, a necessidade de financiamento do rombo também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Embora tenham um peso maior, os militares ficaram de fora da reforma que está em discussão. Os dados foram calculados com base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, que são os mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os regimes.
Em termos absolutos, o déficit na Previdência aumentou R$ 41,9 bilhões. Para o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, o resultado lança mais um alerta sobre a necessidade de aprovar a reforma. Segundo ele, sem o enfrentamento do problema, o Brasil poderá viver uma situação semelhante ao que aconteceu com Grécia e Portugal, onde a solução acabou sendo a redução dos benefícios.
O governo ainda não tem os votos necessários para aprovar a proposta, mas Caetano demonstrou confiança na capacidade de negociação. "O governo trabalha com a aprovação da reforma em meados de fevereiro", disse diversas vezes durante a entrevista coletiva. O secretário defendeu que a reforma é essencial para o equilíbrio das contas públicas. "Observem os números. Os déficits crescem na ordem de dezenas de bilhões por ano. Temos que enfrentar."
O avanço do déficit não é o único dado alarmante na avaliação do consultor legislativo do Senado Pedro Nery. O ritmo de crescimento da despesa previdenciária é o que mais preocupa, segundo ele. O aumento foi de 6,7% no ano passado, já descontada a inflação do período. "Mesmo em um ano em que praticamente não houve reajuste no benefício, ela continuou aumentando porque o crescimento vegetativo (maior número de beneficiários) é muito forte."
Caetano alertou que o processo de envelhecimento populacional tende a se acelerar na próxima década, um indicativo de que a janela para o Brasil fazer mudanças nas regras previdenciárias sem cortar benefícios pode estar se fechando.
O forte crescimento do déficit previdenciário urbano reforça essa mensagem. O aumento do rombo foi de 54,7% no ano passado, para R$ 71,7 bilhões. Até 2015, essa conta era positiva, mas a avaliação do secretário é que há uma tendência estrutural de resultados negativos a partir de agora. "O envelhecimento populacional acontece em ritmo muito acelerado."
O governo espera uma economia de cerca de R$ 588 bilhões nas despesas com aposentadorias e pensões em 10 anos com a aprovação da reforma da Previdência, a maior parte do impacto concentrada no longo prazo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.