quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Império Americano: o começo do fim? E o Brasil com isso?

Os EUA vêm perdendo hegemonia no mundo ano a ano. A emergência da China como potência econômica, e a Rússia tendo se reestruturado como uma nação pós socialismo de estado, começam a entrar em searas onde a potência norte americana reinava só durante o final dos anos 90 e a primeira década dos anos 2.000.

Claro que essa perda de hegemonia não se dá de imediato, e muito menos é um processo de decréscimo ininterrupto. Mas nas idas e vindas a a influência americana vem sendo fortemente enfrentada, e tende a diminuir cada vez mais.

O padrão dólar, que substituiu o ouro ainda durante a Guerra Fria, vem sofrendo ataques. O primeiro mais enfático foi do Iraque de Saddam Hussein, que passou a comercializar seu petróleo em euros, e este foi um dos maiores motivos da segunda Guerra do Golfo. 

Mas os dois blocos têm problemas internos. Tanto o liderado pelos EUA, quanto o liderado por Rússia - China, não são homogêneos, e disputam influência em algumas áreas, notadamente o leste asiático. Os ocidentais têm problemas quanto a políticas de ligadas aos direitos humanos, e ainda quanto a formas de gerir os fluxos de capital e influências financeiras, o que foi um dos pilares para a saída da Grã Bretanha da UE, por exemplo. Ao mesmo tempo. mesmo o EUA ainda sendo o grande líder do bloco, suas debilidades financeiras são motivo de desconfiança e tentativas de se garantir quanto a uma possível queda econômica do país do norte.

Nesse xadrez o Brasil (e outros latino-americanos) viraram alvo preferencial. No Brasil o aumento da influência político-econômica da China e uma aproximação brasileira com os BRICS, transformaram o país em objeto de disputa direta de influência. A China rapidamente se aproveitou e aumenta a passos largos sua participação na economia brasileira. A Rússia trava suas armas na tentativa de influência política, e na busca de trazer o maior fornecedor de commodities do mundo atual de volta a convivência dos BRICS.

Além disso tudo, o Brasil ainda tem enormes reservas exploráveis de petróleo, o que é importantíssimo para os americanos manterem sua moeda como padrão de trocas internacionais.

Mas não tenham dúvidas, o Brasil mais uma vez está perdendo o trem da História. E está se alinhando e submetendo a um líder que tende a ser cada vez mais fraco, enquanto abre mão de se consolidar ele mesmo como um líder, ao menos regional. Com a manutenção da atual política, será apenas uma colônia que se acha país.

Entenda um pouco mais abaixo.


















O fim  do (petro)dólar: o que a Reserva Federal não quer que se saiba

ECONOMIA







O fim do (petro)dólar: o que a Reserva Federal não quer que se saiba
Por Shaun Bradley - theantimedia.org
No Carta Maior
Publicamos como documento este artigo vindo dos EUA. Para além do seu conteúdo concreto, é importante pelo que revela do sentimento de crise interna na maior potência imperialista e de como vozes do seu interior apontam a perspectiva de um brutal colapso econômico.
A capacidade de os EUA manterem a sua influência sobre o resto do mundo vem diminuindo lentamente. Desde que o petrodólar foi estabelecido em 1971, a moeda dos EUA tem monopolizado o comércio internacional por meio de acordos com a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de constantes intervenções militares. Existe, contudo, crescente oposição ao padrão americano, e esta ganhou recentemente maior apoio quando vários estados do Golfo Pérsico decidiram bloquear o Qatar, que acusaram de financiar o terrorismo.
Para além da narrativa dominante, existem diversas outras razões pelas quais o Qatar se encontra em apuros. No decurso dos dois últimos anos, realizou transações no valor de 86 milhões de dólares em yuan chineses e assinou outros acordos com a China que abrem caminho a ulterior cooperação econômica. O Qatar também partilha com o Irã a maior reserva de gás natural do mundo, que confere aos dois países uma significativa influência regional para a expansão dos seus acordos comerciais.
Entretanto, a dívida incontrolável e a divisão política interna nos EUA constituem claros sinais de vulnerabilidade. Os chineses e os russos, agindo proativamente, montaram sistemas financeiros alternativos para países que procurem distanciar-se da Reserva Federal. Depois de o FMI ter, em outubro do ano passado, aceitado o yuan no seu cesto de moedas de reserva, investidores e economistas começaram finalmente a prestar atenção. O poder econômico detido pela Reserva Federal tem constituído um fator chave no financiamento do império americano, mas estão a verificar-se rápidas mudanças geopolíticas. A reputação dos Estados Unidos vem sendo manchada por décadas de guerras não declaradas, espionagem interna em massa, e política externa catastrófica.
Um dos melhores ativos remanescentes dos EUA é a sua força militar, mas esta é inútil sem uma economia forte que a suporte. Coligações rivais como os países BRIC não estão a pôr em causa frontalmente a ordem estabelecida, estão antes a optar por debilitar o seu suporte financeiro. Qatar é apenas o mais recente país a tomar medidas para contornar o dólar EUA. Em 2016, a Rússia foi notícia de primeira página ao passar a aceitar pagamentos em yuan e tornar-se o maior fornecedor de petróleo à China, subtraindo no processo uma larga parcela de mercado à Arábia Saudita. O Irã, em resposta ao bloqueio de Trump à entrada de muçulmanos nos EUA, também abandonou o dólar no início deste ano. Como a maré contra o petrodólar prossegue, até os aliados dos EUA irão eventualmente começar a interrogar-se sobre o que é que corresponderá melhor aos seus interesses.
Muitos países membros da UE estão em conflito com a direção não eleita em Bruxelas acerca de questões como imigração, terrorismo, políticas de austeridade. Se não forem encontradas soluções e as coisas vierem a deteriorar-se, outros países poderiam potencialmente seguir o caminho da Grã-Bretanha e abandonar a UE. Começa a tornar-se evidente que países na Europa Oriental procurarão a Leste os recursos de que as suas economias necessitam.
China, Rússia e Índia estão adiantados no percurso e começaram, há anos, a acumular reservas de ouro. Constataram que ativos sólidos irão constituir a medida da verdadeira riqueza – não imprimir dinheiro. A hiperinflação histórica que tem ocorrido nesses países consolidou a importância dos metais preciosos nos seus sistemas monetários. Infelizmente, a maioria dos norte-americanos é ignorante acerca do passado e, muito provavelmente, irá aceitar mais resgates governamentais e mais impressão de moeda quando se deparar com a próxima recessão. Até mesmo funcionários da Reserva Federal já admitiram que mais alívio quantitativo será provavelmente a única via para seguir em frente.
Numerosos destacados investidores têm advertido acerca da transferência em curso do poder econômico de Oeste para Leste, mas os burocratas e os banqueiros centrais recusam a admitir a gravidade que as coisas poderão assumir. O impacto sobre as pessoas comuns poderia ser devastador se não fossem adequadamente educadas e preparadas para o colapso.
O economista e autor James Rickards resumiu a razão por que China e Rússia estão tão interessados na aquisição de metais preciosos:
"Não sabem que fazer aos seus dólares. Temem, com razão, que os EUA inflacionem a sua saída da montanha de 19 milhões de dólares de dívida que têm. A solução da China é comprar ouro. Se emergir a inflação do dólar, os títulos de Tesouro que a China detém irão desvalorizar, mas o preço em dólares do seu ouro crescerá fortemente. Uma ampla reserva de ouro é uma diversificação prudente. Os motivos da Rússia são geopolíticos. O ouro é a arma por excelência do século XXI nas guerras financeiras. Os EUA controlam os sistemas de pagamentos em dólares e, com a ajuda de aliados europeus, podem excluir adversários do sistema de pagamentos internacional chamado Swift. O ouro é imune a semelhantes ataques. O ouro fisicamente na tua posse não pode ser objeto de pirataria informática, apagado, ou congelado. Movimentar ouro é uma forma simples de a Rússia regularizar compromissos sem interferência dos EUA."
Os comentaristas da opinião dominante continuarão a desviar a atenção das pessoas com os temas otimistas do costume, mas é importante aproveitar a calma atual antes de a tempestade se desencadear. À medida que esta transição se for concretizando, os banqueiros centrais sacrificarão tudo e todos para preservar o seu esquema de Ponzi. Apenas os indivíduos podem tomar a iniciativa de se proteger e de estar em condições de ajudar outros que possam não ter tanta sorte. Aqueles que adotarem uma moeda sã e as cripto-moedas irão singrar nesta nova economia global competitiva. Mas se os EUA falham essa adaptação, a mesma economia de imprimir dinheiro que lhe deu poder irá afundá-la na pobreza.

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