terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Estão atirando certo e errado

Agora as baterias da imprensa se voltaram contra os militares que, pelo que insinuam no artigo abaixo, seriam os grandes vilões do déficit da previdência. Mas como eles estão certos e errados? Vamos lá, mas antes esclareço que não diferencio os militares das forças armadas ou auxiliares.

Primeiro que o déficit que o governo tanto chama a atenção não é o da previdência em si, mas do sistema público da previdência. Assim não apenas os militares contribuem para esse déficit, mas outros setores do funcionalismo público também.

Segundo ponto é que as vantagens excessivas que eram atribuídas a militares já estão praticamente todas extintas, embora outros setores do funcionalismo público, muito mais bem remunerados que os militares as mantenham, e nesses ninguém fala.

Terceiro, o que ainda é um absurdo no meio militar é a idade em que a grande maioria se aposenta, ao redor dos 50 anos, muitas vezes ainda não tendo atingido essa idade. A alegação de que não dá para um policial de 58 anos estar correndo atrás de bandido não se sustenta, tampouco as outras alegações relativas às outras forças, porque nem todo o trabalho deles é operacional. Sendo assim, os mais idosos poderiam ser deslocados para trabalhos burocráticos e os mais novos ficariam com a parte operacional.

Outra alegação que não se sustenta é que a carreira militar não permite uma permanência maior devido a sua estrutura. Para isso basta reestruturar a carreira, aumentando o tempo mínimo para promoções e consequentemente para a saída.

Mas isso é quanto aos militares, único setor citado nominalmente na tendenciosa e irresponsável reportagem, que passa longe de outros setores, muito melhor remunerados que os militares e que levam ilegal e inconstitucionalmente os penduricalhos como auxílio moradia, auxílio paletó, etc, para a aposentadoria. Também costumam acumular 2 ou mais aposentadorias, direito negado a imensa maioria dos brasileiros.

Dessa turma a reportagem passa muito longe, e engloba seus absurdos ganhos em todo o bolo, tentando jogar a conta do déficit e o respectivo pagamento aos menos favorecidos pelo sistema, mantendo os privilégios a essa pequena casta, e negando direitos à imensa maioria da população brasileira.

Previdência: militares pesam 16 vezes mais que segurados do INSS

 Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli
  
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O déficit é 18,5% maior que o de 2016 - Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE | 07.09.2017
O déficit é 18,5% maior que o de 2016
Raul Spinassé | Ag. A TARDE | 07.09.2017

O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017 - ano marcado por sucessivos adiamentos na votação da reforma proposta pelo governo para endurecer as regras de aposentadoria e pensão no País. O déficit é 18,5% maior que o de 2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União.
Os dados foram revelados nesta segunda-feira, 22, pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue tendo um peso maior nas contas proporcionalmente. A participação de um militar federal nesse rombo, por exemplo, tem é 16 vezes maior que a de um segurado do INSS.
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, ante R$ 6,25 mil no INSS. Entre os servidores civis da União, a necessidade de financiamento do rombo também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Embora tenham um peso maior, os militares ficaram de fora da reforma que está em discussão. Os dados foram calculados com base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, que são os mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os regimes.
Em termos absolutos, o déficit na Previdência aumentou R$ 41,9 bilhões. Para o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, o resultado lança mais um alerta sobre a necessidade de aprovar a reforma. Segundo ele, sem o enfrentamento do problema, o Brasil poderá viver uma situação semelhante ao que aconteceu com Grécia e Portugal, onde a solução acabou sendo a redução dos benefícios.
O governo ainda não tem os votos necessários para aprovar a proposta, mas Caetano demonstrou confiança na capacidade de negociação. "O governo trabalha com a aprovação da reforma em meados de fevereiro", disse diversas vezes durante a entrevista coletiva. O secretário defendeu que a reforma é essencial para o equilíbrio das contas públicas. "Observem os números. Os déficits crescem na ordem de dezenas de bilhões por ano. Temos que enfrentar."
O avanço do déficit não é o único dado alarmante na avaliação do consultor legislativo do Senado Pedro Nery. O ritmo de crescimento da despesa previdenciária é o que mais preocupa, segundo ele. O aumento foi de 6,7% no ano passado, já descontada a inflação do período. "Mesmo em um ano em que praticamente não houve reajuste no benefício, ela continuou aumentando porque o crescimento vegetativo (maior número de beneficiários) é muito forte."
Caetano alertou que o processo de envelhecimento populacional tende a se acelerar na próxima década, um indicativo de que a janela para o Brasil fazer mudanças nas regras previdenciárias sem cortar benefícios pode estar se fechando.
O forte crescimento do déficit previdenciário urbano reforça essa mensagem. O aumento do rombo foi de 54,7% no ano passado, para R$ 71,7 bilhões. Até 2015, essa conta era positiva, mas a avaliação do secretário é que há uma tendência estrutural de resultados negativos a partir de agora. "O envelhecimento populacional acontece em ritmo muito acelerado."
O governo espera uma economia de cerca de R$ 588 bilhões nas despesas com aposentadorias e pensões em 10 anos com a aprovação da reforma da Previdência, a maior parte do impacto concentrada no longo prazo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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