Muito boa a entrevista de Manuela D'Ávila. Longa, mas construtiva e altruísta. Vale a pena ler, ou passear pelos vídeos espalhados pelo texto. Manuela mostrou assertividade, mas também mostrou pouco jogo de cintura em algumas perguntas, como por exemplo, quando é perguntada sobre aborto.
Mas a meu ver a entrevista foi boicotada pelos entrevistadores, que reduziram o papel da pré-candidata a uma "guru de costumes". Não que alguns temas não sejam importantes, como o de gênero ou maior idade penal, mas os principais temas do momento foram evitados, como a Lava jato tendenciosa, a brutal crise econômica que assola o país, ou o processo acelerado de desindustrialização (para esse tema clique aqui), ou a submissão do país a potências estrangeiras sem justificativa, descompasso econômico que impede crescimento, etc. Manuela até tocou levemente nesses temas, mas pegando ganchos com perguntas que atendiam a interesses exclusivamente de quem provoca esse caos, como privatização da Petrobrás, ou mercado financeiro.
No fim fica claro que Manuela poderia ter sido mais explorada, e que a entrevista foi conduzida de forma a retrata-la como uma simples ativista de direitos de minorias, com ideias exóticas.
As saídas momentâneas desse script foram graças a própria Manuela, mas ela não conseguiu fugir da armadilha, Tal qual Boulos, mostra potencial, mas mostra que ainda não tem a experiência necessária.
Manuela D´Ávila: “Se a minha candidatura é óbice à união das esquerdas, eu a retiro”
Enquanto segue na corrida eleitoral, Manuela D’Ávila (PCdoB) defende a taxação de fortunas e heranças, e propõe uma polêmica cobrança de impostos sobre a venda de drogas
A deputada estadual pelo PCdoB do Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, de 36 anos, é a mais jovem candidata à presidência da República. Mas essa sempre foi uma constante em sua vida. Começou a militar politicamente no movimento estudantil ainda aos 16 anos e, de lá para cá, não parou mais. Filiou-se ao PCdoB com 21 anos e logo aos 23 se elegeu como a mais nova vereadora da história de Porto Alegre. Ainda disputou a prefeitura da capital por duas vezes (em 2008 e 2012). Em 2012, já eleita deputada federal, chegou a ficar à frente nas pesquisas, mas em setembro foi ultrapassada por José Fortunati (MDB), que se elegeu ainda no primeiro turno. Por isso, já calejada por tropeços eleitorais do passado, ela não teme uma eventual falta de competitividade de sua candidatura, que patina e tende a não alçar vôos mais altos. O importante para ela é a defesa de suas bandeiras. “Precisamos transformar essa eleição num debate de alternativas para superar a crise”, disse em entrevista à ISTOÉ. Para demonstrar seu desapego, Manuela até admite abrir mão da corrida ao Planalto. “Se a minha candidatura é óbice à união das esquerdas, eu a retiro”, afirma. Desde, no entanto, que a saída de cena resolva o problema de unidade de seu campo político. “Nos retirando, apresentamos uma solução para a unidade da esquerda brasileira?”, voltou a indagar.
Enquanto segue no páreo, sem receio de ir até o fim, mesmo que lhe custe uma eleição praticamente certa ao governo do Rio Grande do Sul, seu estado, Manuela desfia suas ideias. A candidata do PCdoB promete, caso seja eleita, taxar as grandes fortunas e heranças. Outra proposta recheada de polêmica é a cobrança de impostos sobre a venda de drogas, como a maconha, cuja arrecadação seria aplicada nas comunidades que sofrem, segundo ela, com a guerra do tráfico.
Qual a sua opinião sobre a Lei da Ficha Limpa? Em que momento a lei deve começar a valer?
Mas essa questão já não está colocada, que é a partir de uma condenação em segunda instância? Temos que debater no Brasil se as decisões valem em segunda instância ou ao término de todas instâncias. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal adotou um entendimento para outro conjunto de questões. Então acho que é a hora de a gente debater do ponto de vista da legislação mesmo. Como deputada, votei pela Ficha Limpa.
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