quinta-feira, 28 de junho de 2018

Neoliberalismo destruindo o país

Apesar de agonizante, desde pela forma como assumiu o poder, passando pelo fato de estar executando uma agenda rejeitada seguidamente pela população, e pelo fato de estar em final de mandato, o governo do deus mercado está claudicante. Interessante que não satisfeito, o deus mercado tenta de todas as formas avalizar novo golpe sobre a população, com a introdução do parlamentarismo (Carmen Lúcia), ou do semi-parlamentarismo (Gilmar Mendes).

Mas apesar de essas tentativas de golpe não conseguirem espaço para avançar, o governo golpista e usurpador segue tentando dilapidar a base que pode alavancar novo ciclo de desenvolvimento ao país. Bancos públicos, Energia, Universidades e Ensino, Pesquisa. Tudo sendo dilapidado, ou destruído sem a menor cerimônia.

A verdade é que a greve dos caminhoneiros foi ocasional, muito mais provocada pelo absurdo preço do combustível devido a metodologia aplicada pelo governo golpista, do que efetivamente por uma conscientização da população.

Esperemos que tenhamos eleições, e que alguém realmente comprometido com o desenvolvimento do país e com o bem-estar da população venha a vencê-las.

Agora, contar com a própria população para garantir tais feitos, não acredito que seja o caso. 

O editorial da Carta Capital, abaixo, não está completo, e como sempre basta clicar no título para acessar o artigo diretamente no site.



Política

Opinião

O desmonte da economia nacional: muito mais que uma ópera bufa

por Roberto Amaral — publicado 06/06/2018 18h30, última modificação 06/06/2018 19h13
O governo, agônico, é duplamente ilegítimo: deriva de uma fraude e executa um programa econômico rejeitado quatro vezes pelo eleitorado
Marcelo Camargo/Agência Brasil
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'Michel Temer, nosso pato manco, já chegou à Presidência como mamulengo, ator sem voz própria'



Os norte-americanos grafaram a expressão lame duck (pato manco) para designar o presidente que já está com os dias contados no cargo e nele permanece guardando a cadeira de seu sucessor. Poder esvaziado, nada mais lhe sobra senão arrumar as gavetas.
Normalmente, esse esvaziamento se observa entre as eleições e a posse do novo presidente, quando o antigo titular vê crescer a grama na soleira de seu gabinete. É também um período de vácuo, pois o novo presidente é, ainda, apenas uma potência de poder.
Michel Temer, nosso pato manco, porém, já chegou à Presidência como mamulengo, ator sem voz própria, tentando desempenhar papel escrito pelos deuses do mercado. Foi sempre um farsante empolado, falso jurista e falso intelectual, sem brilho, sem carisma, sem liderança, sem voto, um intruso rejeitado pela opinião pública, que lhe dedica desprezo e rejeição em níveis até aqui inéditos.
O presidencialismo, qual o praticamos desde 1889, não se compadece com a ausência de poder, e hoje o atual presidente é um mero estorvo – que, no entanto, em face das circunstâncias, e tendo em vista as expectativas que se criam com as eleições de outubro próximo, precisará continuar fazendo de contas que ainda preside a República, conduzindo solenidades e fugindo do contato popular.
A quatro meses de eleições distantes de qualquer resolução (quando nem o quadro das candidaturas está definido, à direita e à esquerda), a seis meses da transmissão do cargo ao qual ascendeu ilegitimamente, Michel Temer é mera figuração na farsa da presidência tomada de assalto em 2016.
A peça que nos é impingida por uma governança ilegítima, seria apenas uma ópera bufa, encenada e cantada por atores menores, não vivêssemos, quase sem reação, o planejado desmonte da economia nacional, a destruição de nossa soberania, o desmonte da escola pública e da universidade, e, nela, da ciência e da tecnologia, as restrições aos direitos trabalhistas, a desindustrialização e o desemprego, a depredação do Estado, o fim da proteção social, em síntese,  uma deliberada política de terra arrasada.
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Fica o pato manco, porque manco, mas a destruição do país precisa ser contida.
O governo, agônico, é duplamente ilegítimo, porque tanto deriva de uma fraude, o golpe do impeachment, quanto executa (sob o comando do mercado e em aliança com um Congresso em fim de mandato) programa econômico rejeitado pelo eleitorado em quatro pleitos presidenciais sucessivos.
Mas, não obstante a irrelevância do presidente, prossegue a súcia no desmonte da economia. Em pleno agravamento da crise interna (política e econômica), e surda e cega diante dos anúncios da crise internacional, insiste na privatização da Eletrobras e na fragilização dos bancos públicos, a começar pelo BNDES, nossa principal agência de desenvolvimento.
Ainda é cedo para o inventário dos desdobramentos da greve-locaute de caminhoneiros, mas, de logo, deve-se tributar a essa quase insurreição a denúncia da incompatibilidade do neoliberalismo com os  interesses nacionais.
A Petrobras pode ser um bom ‘estudo de caso’.
A tal propósito, nada mais exemplar do que a administração do Dr. Pedro Parente, cuja herança, de par com o desfolhamento dos ativos da Petrobras, deixa, ainda intocada, uma política de preços que majora os custos internos da  produção e os preços ao consumidor, levando o desassossego a uma população de mais de duzentos milhões de pessoas, depois de penalizar dois milhões de caminhoneiros, entre autônomos e assalariados.
Para a greve dos caminhoneiros, vitoriosa inclusive do ponto de vista político, independentemente de seus objetivos originais, muito concorreu o apoio da população, tão importante quanto a logística em que se apoiou o movimento paredista, oferecendo caminhos e lições para quem quiser aprender com a experiência, o que justifica o pânico que tomou conta do Planalto e suas adjacências.       

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