terça-feira, 30 de outubro de 2018

Exército não é polícia

A reportagem do "The Economist" esqueceu de mencionar três coisas importantíssimas. A primeira é que transformar as forças armadas nacionais de Estados menores em polícias é um projeto norte-americano, e tem por motivação desmobilizar a capacidade de defesa desses Estados.

A segunda coisa é que em todas as experiências em que as forças armadas foram usadas como polícia de forma muito constante ou muito repetidamente em curto período de tempo, houve contaminação das mesmas, não apenas por corrupção, mas também porque parte significativamente importante das tropas vêm das áreas mais pobres, e por isso mesmo mais sujeitas a estarem em contato direto e constante com o crime organizado, ou ao menos nos bolsões onde seus braços armados atuam.

Por último o exército brasileiro (ou ao menos parte de sua liderança) tem voltado a se manifestar politicamente, algo que não lhe compete. Ou seja, está servindo como fonte de instabilidade político-econômica. Tem sido assim por mais de um século, mas não deveria.




The Economist: para que serve o exército brasileiro?

Revista britânica investiga para que o Brasil tem o 15º maior exército do mundo se não participa de guerras

São Paulo – O Brasil tem o 15º maior exército do mundo e gasta mais com defesa do que o estado de Israel. No entanto, o país não tem inimigos militares há séculos.
Na edição de 6 de julho, a revista britânica The Economist decidiu investigar esse aparente paradoxo do aparelho militar brasileiro.
E descobriu que as forças armadas têm se tornado, cada vez mais, forças policiais comuns. E a crise econômica tem um papel central nesse fenômeno: com os estados sem dinheiro, os governantes têm precisado de mais e mais socorro federal.
Embora apenas 20% dos pedidos de patrulhamento extra sejam atendidos, segundo a reportagem, os soldados do exército passaram em média 100 dias em operações nas cidades, mais do que a média dos nove anos anteriores juntos.
Esse desvio de função, de acordo com a revista, não parece desagradar os brasileiros: os militares foram eleitos como a instituição mais confiável do país, e os soldados são vistos como honestos, gentis e competentes.
Os soldados, por sua vez, tentam se adaptar às novas funções: em um centro de treinamento em Campinas (SP), eles testam bombas de gás lacrimogêneo, por exemplo, para poder usá-las em protestos.
No entanto, usar militares em funções policiais tem seus riscos, segundo a publicação. Para começar: soldados custam mais caro que policiais. O uso de alguns milhares de militares pode sair por mais de um milhão de reais, segundo a revista.
Além disso, a Economist alerta que a confiança irrestrita nas forças armadas é antidemocrática. “As tropas são treinadas para emergências, não para manter a ordem no dia-a-dia. E transformar um recurso emergencial em presença cotidiana pode minar a confiança da população nas instituições civis”, diz a reportagem.
O próprio exército tem outras aspirações. Um rascunho do próximo relatório de defesa fala pouco em “ameaças”, mas muito em “capacidades desejáveis”, diz a Economist.
Um dos focos principais do documento é a proteção das riquezas naturais do Brasil, o que pode se tornar crucial se as previsões pessimistas sobre o aquecimento global se mostrarem corretas.

sábado, 27 de outubro de 2018

Eleição do menos contra

Como já havia dito antes, a passagem de Bolsonaro e Haddad ao segundo turno criaria uma situação absurda e surreal: a eleição não do mais desejado, mas a do menos rejeitado.

Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Na verdade é bem diferente. Votar em alguém por que o acha melhor que o outro é uma situação, mas votar por considerar o outro inaceitável, e nas proporções que ambos os candidatos carregam, é simplesmente inimaginável.

E propostas que deveriam estar sendo discutidas saem de cena, para terem seus espaços ocupados por uma peleja ideológica alegórica, onde a torcida por um lado ou outro é digna das arquibancadas de um campeonato de futebol chinfrim. Isso entre seus apoiadores, porque aqueles que não apoiam nenhum dos lados terão dificuldades para tapar o nariz e digitar um voto na urna.

Embora o blogueiro aqui também não goste dos dois lados, há um que me parece inaceitável, e não pelos ataques às causas identitárias que já perpetrou algumas vezes, mas pela absoluta falta de qualquer proposta concreta para o país, mas que já deixou muito claro que quer governar no sentido de passar ainda mais recursos das classes trabalhadoras para as mais abastadas.

Então, antes de votar na chapa de ultradireita, pare para pensar se você é pobre trabalhador, ou um milionário. 

Se quiser outros motivos há um texto muito bom aqui, ainda que muito longo também. Mas Eliane Brum é bastante enfática ao explicar sua posição no El País.

Paul Potts "What a Wonderful World"

E passeando pelo youtube encontrei essa belíssima interpretação de What a Wonderful World.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Trump fora da realidade

O presidente americano surta na falta de modéstia e na análise equivocada da realidade. Sua base de apoio popular se derrete em frente a seus olhos, assim como parte de sua própria base partidária, e ele não enxerga nada.

Ora Trump, é o mercado que te pressiona, e suas ações são interessantes desde que você atenda aos interesses desse mercado, algo que você faz apenas parcialmente. Como em qualquer lugar do mundo, ao mercado pouco interessa se milhões ficam desempregados, se trabalham, se comem ou se passam fome. Ao mercado interessa pura e tão somente que todos os seus interesses sejam plenamente satisfeitos, e isso você faz apenas parcialmente.

E o desdobramento do acima é o seguinte: se você atende totalmente aos interesses, você pode dormir com quem quiser, negociar o que quiser com quem quiser, ter o apoio do papa, ou do macumbeiro.

Mas se você não atende totalmente os interesses desse mercado, aí se você espirrar será acusado de propagar infestação e disseminar doença na população.

Cai na real Trump, você está em trumplândia, mas ela só existe na tua cabeça.

"Se eu sofrer impeachment, mercado entrará em colapso", diz Trump

por Deutsche Welle — publicado 23/08/2018 17h57
O presidente dos EUA afirma que "todos ficariam pobres" se ele fosse afastado do cargo
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"Se eu sofrer impeachment, mercado entrará em colapso", diz Trump
Trump estaria acuado?


Alvo de recentes acusações que trouxeram à tona discussões sobre um possível impeachment, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista divulgada nesta quinta-feira 23 que a economia norte-americana pode entrar em colapso se ele for afastado do cargo.
O republicano falou à emissora Fox Newsapós uma série de acontecimentos judiciais que podem trazer consequências legais e políticas à sua presidência.
"Eu vou dizer uma coisa: se eu sofrer um impeachment, acho que o mercado iria ruir, acho que todo mundo ficaria muito pobre", disse Trump ao "Fox and Friends", segundo ele seu programa de notícias favorito na televisão. "Você veria números nos quais você não acreditaria."
Às vezes desconcertado, o presidente ainda afirmou não saber como é possível afastar "alguém que tem feito um ótimo trabalho". Segundo ele, nenhum outro chefe de Estado conseguiu tanto em tão pouco tempo, e a economia prospera como nunca.
Também descreveu como um "enorme sucesso" o encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e a cúpula com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que foi alvo de duras críticas, inclusive por parte de políticos republicanos.
Trump raramente menciona a possibilidade de um impeachment. Para a mídia norte-americana, a mera referência por parte do presidente reflete quão profundos seus problemas políticos se tornaram, apesar de analistas considerarem improvável qualquer medida legal contra o republicano por enquanto.
Na terça-feira 21, o ex-chefe de campanha Paul Manafort foi considerado culpado por um júri de cinco acusações de sonegação fiscal, três de fraude bancária, uma por não informar contas bancárias no exterior e duas por mentir para obter empréstimos.
No mesmo dia, Michael Cohen, ex-advogado do presidente, confessou ser culpado em oito acusações, incluindo a de ter comprado o silêncio de duas mulheres que supostamente tiveram relações sexuais com Trump, a pedido do então candidato à presidência.
Como os pagamentos tinham a intenção de "influenciar as eleições" presidenciais de 2016, conforme descreveu Cohen, eles violaram as leis dos EUS sobre as contribuições de campanha, podendo, assim, envolver Trump em um crime eleitoral.
Apesar de Cohen não ter mencionado os nomes das duas mulheres, os valores se referem a pagamentos já conhecidos feitos a Stormy Daniels, atriz de filmes pornográficos que alega ter tido uma breve ligação com Trump em 2006, e a Karen McDougal, ex-modelo da revista Playboy que afirma ter tido um caso com o magnata entre 2006 e 2007.
A versão do presidente sobre os pagamentos feitos por Cohen mudou diversas vezes ao longo do ano passado e, na entrevista à Fox News, ele tentou neutralizar as alegações.
Trump afirmou que seu ex-advogado "fez os acordos" com as duas mulheres e insistiu que as ações de Cohen "não são um crime", alegando que, "francamente, violações de campanha não são consideradas um grande problema".
O presidente disse ainda que a compra do silêncio foi feita com seu próprio dinheiro – ao qual Cohen tinha acesso –, e não com o dinheiro de campanha, e argumentou que não sabia sobre os repasses na ocasião. Mesmo assim, afirmou, desde então tem sido totalmente transparente sobre o assunto.
Ao se declarar culpado, Cohen, que fez um acordo com a Justiça, afirmou sob juramento que agiu "em coordenação e sob a direção de um candidato a um cargo federal", em clara referência ao atual presidente americano.
À Fox, Trump lançou críticas a seu ex-advogado, sugerindo que cooperar com o governo em um processo criminal em troca da redução da pena "quase deveria ser proibido". "Não é justo", afirmou, acrescentando que a ferramenta incentiva investigados a "falarem coisas ruins sobre outra pessoas, apenas inventando mentiras".
Por outro lado, o presidente teceu elogios a Manafort por ter enfrentado um julgamento em vez de negociar um acordo judicial – uma medida que gerou especulações de que o ex-chefe de campanha possa estar esperando um perdão presidencial.
Questionado se considera tomar tal decisão, Trump afirmou apenas ter "um grande respeito pelo que ele fez e pelo que ele passou". "Uma das razões pelas quais eu respeito tanto Paul Manafort é que ele passou por esse julgamento".
Ambos os casos são resultado, ao menos em parte, das investigações do procurador especial Robert Mueller, encarregado do inquérito sobre uma suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016, num processo que Trump considera uma "caça às bruxas". 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Glenn Greenwald entrevista Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência...

Muito boa a entrevista de Guilherme Boulos a Glenn Greenwald. Ainda acho que Boulos está verde. Precisa amadurecer um pouco mais, precisa crescer um pouco mais em termos de visão, mas não resta dúvida de que está em bom caminho para representar as causas mais populares.

sábado, 20 de outubro de 2018

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Federação de Surf dando exemplo

Tá aí. A Federação de Surf dá exemplo e homens e mulheres receberão prêmios iguais pela mesma atividade.

Viram empresários brasileiros?


Surfistas masculinos e femininos vão receber prémios iguais

Medida será aplicada em todos os eventos já a partir da próxima época desportiva


A Liga Mundial de Surf será a primeira competição norte-americana com prémios iguais para as competições masculinas e feminina, já a partir da próxima época.
"O prémio em dinheiro é ótimo, mas a mensagem tem maior significado. Eu espero que isto sirva de exemplo para outros desportos, organizações mundiais e até mesmo a sociedade", disse Steph Gilmore, que considerou que esta decisão foi um voto de confiança para o escalão feminino. "As minhas colegas atletas e eu estamos honradas pela confiança que nos foi transmitida, e estamos inspiradas para recompensar esta decisão com os mais elevados níveis de surf", acrescentou.
Por outro lado, Kelly Slater, que foi 11 vezes campeão mundial na categoria masculina, considerou que esta medida irá desencadear um procedente poderoso e desafiar as regras da modalidade.
"As mulheres que participam na digressão merecem esta oportunidade. As atletas femininas da WSL estão comprometidas com a sua carreira tal como os atletas masculinos, e elas deviam ser pagas do mesmo modo", disse a lenda do surf.
A igualdade nos prémios monetários será atribuída pela Liga Mundial de Surf nos campeonatos e nas competições de longboard, júnior e big wave na próxima época desportiva, bem como em outros eventos da série de qualificação.
"Vamos trabalhar com os nossos parceiros nas competições onde não controlamos o prémio em dinheiro, como alguns eventos das séries de qualificação, para alcançar a igualdade", afirmou o comissário da Liga Mundial de Surf Kieren Perrow.
Na próxima época está previsto o regresso de alguns dos melhores surfistas a Margaret River, no sudoeste da Austrália. Em meados de abril foi cancelado um torneio no mesmo local na sequência de ataques de tubarões, tendo este sido reagendado para finais de maio e princípios de junho, de modo a otimizar o calendário da digressão.
"Alterámos as datas do evento em Margaret River no final do ano para melhorar o ritmo da temporada e garantir as melhores condições de classe mundial em todos intervalos", disse Perrow.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Se isso é assim na Europa, imaginem no Brasil?

A reportagem é muito clara. Basta ler e ver.


Carros consomem mais 42% do que dizem as marcas. São 264 milhões de euros num ano

Alemanha lidera a lista dos países com mais gastos extra em combustível desde 2000 - 36 mil milhões de euros. 
Se é daquelas pessoas que pensam que o carro que conduz consome mais combustível do que a marca anunciava, saiba que existem fortes probabilidades de as suas suspeitas estarem corretas. Um estudo efetuado pela Federação Europeia dos Transportes e do Ambiente (F&E) concluiu que, só em 2017, os portugueses gastaram mais 264 milhões de euros em combustível do que era suposto, se os consumos dos automóveis correspondessem ao que é prometido pelos fabricantes. Em toda a indústria automóvel, há uma diferença média de 42% entre o consumo real e o prometido pelas marcas.
A Quercus, membro efetivo da F&E responsável pela divulgação dos dados em Portugal, revela que, nos últimos 18 anos (entre 2000 e 2017), a "manipulação da indústria automóvel nos testes de eficiência de combustível" custou aos automobilistas quase 150 mil milhões de euros. Só no último ano em análise, os europeus tiveram um gasto extra na ordem dos 23.4 mil milhões de euros. Analisadas as emissões de CO2, o relatório indica que houve a emissão de mais de 264 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões anuais dos Países Baixos.
"Há vários anos que alertamos para o facto de os consumos de combustível não serem os declarados e de as emissões de CO2 serem superiores ao que é anunciado. É necessário haver um sistema eficaz para chegar aos consumos reais", diz ao DN Laura Carvalho, do Grupo de Energia e Alterações Climáticas da Quercus.
A diferença entre o consumo do automóvel na estrada e aquele que os fabricantes anunciam é, de acordo com o estudo, cada vez maior. Segundo a mesma investigação, passou de 9% em 2000 para 42% em 2016, sobretudo devido à "manipulação de testes laboratoriais por parte da indústria automóvel e também devido à tecnologia (como o start-stop)". Na prática, esclarece Laura Carvalho, este mecanismo "não é tão vantajoso na estrada como em laboratório, pelo que em condições reais, as economias de combustível são inferiores".

© DR

No que diz respeito aos gastos extra com combustível, os automobilistas alemães lideram a classificação, com 36 mil milhões de euros desperdiçados desde 2000, seguidos por britânicos com 24,1 mil milhões de euros, franceses (20,5 mil milhões), italianos (16,4 mil milhões) e espanhóis (12 mil milhões).
Em laboratório, explica, os testes não têm em consideração fatores como "o pavimento, as subidas, os semáforos, a velocidade, os engarrafamentos". Condições que, naturalmente, "têm interferência nos consumos dos automóveis".Novos testes ineficazes"A indústria automóvel tem objetivos, tem limites de emissões que, se não forem cumpridos, levam a que tenha de pagar multas. Por isso, tem interesse em dizer que os automóveis consomem menos", refere Laura Carvalho. Ao afirmar que o automóvel tem consumos mais baixos, está a dizer que ele emite menos CO2, o que, na prática, não estará a acontecer. Para a Quercus, os mais prejudicados são os cidadãos, que pagam por mais combustível e sofrem as consequências das alterações climáticas.Relativamente aos novos testes de laboratório (WLTP - Worldwide harmonized Light vehicle Test Procedure), a ativista considera que são "um pouco melhores do que os anteriores, mas, ainda assim, não refletem todas as condições dos automobilistas". Uma investigação feita pela T&E, com base no estudo do JRC (centro de pesquisa da Comissão Europeia) revelou que este levará a novas lacunas, já que, ao inflacionar os resultados dos testesWLTP em pelo menos 10g/km, "a indústria automóvel pode facilmente atingir a redução de 15% nas emissões de CO2 proposta pela CE até 2025, diminuindo o impacto desta meta em mais de metade".Testes reais

sábado, 13 de outubro de 2018

Jonathan Antoine : "E lucevan le stelle" (Puccini)

Taí. Mais um para quem diz que a turma que participa dos "programas de calouro" modernos não fazem sucesso. Jonathan Antoine solta a voz em E Lucevan Le Stelle de Puccini.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Minority Report Brasil

Depois que ministério público e judiciário fizeram escola, julgando sem motivo e condenando sem provas, qualquer pm está se dando ao luxo de tomar atitudes anti-democráticas e abusivas, mesmo a luz do dia.

Minority Report, quando se julga o pensamento ou possibilidade de alguém fazer algo, e juízes Dreed, que autuam, processam, julgam e penalizam no meio da rua, se multiplicam em banânia.

E você faça o favor de advinhar o que eles querem, porque você é culpado, não importa do que.


De acordo com o delegado, quase dez testemunhas foram ouvidas, incluindo um membro do Ministério Público com experiência em atividade eleitoral que estava na barca por acaso. Eles confirmaram que não era realizada campanha e que a candidata só fez uma selfie com o grupo



Talíria estava com panfletos para tirar selfie, segundo depoimentos
Rio - O policial militar que apreendeu material de campanha da vereadora Talíria Petrone (Psol), na quinta-feira, saiu da 4ª DP (Praça da República) autuado por abuso de poder e apreensão irregular de documentos. Por pouco, ainda não foi preso. Isso porque o delegado-assistente Tullio Pelosi descartou a hipótese de crime eleitoral e devolveu o material à política. Inconformado, o primeiro sargento Sebastião Jesuíno de Souza e Silva Neto tentou impedir a saída de Talíria do local, momento em que Pelosi o advertiu: "Ou você deixa ela sair ou eu lhe dou voz de prisão", contou o investigador ao DIA.
A confusão começou na barca que saiu de Niterói para a Praça 15 às 9h. Na travessia, o PM recolheu um pacote de panfletos de Talíria, candidata a deputada federal, alegando que a legislação eleitoral proíbe campanha em transporte público. O policial chegou a sacar uma arma em alto mar ao dar voz de prisão a um homem que criticou a abordagem, deixando os passageiros em pânico. Quatro militantes do partido que estavam com Talíria, todas mulheres, e vários outros passageiros repreenderam a atitude do sargento.
De acordo com o delegado, quase dez testemunhas foram ouvidas, incluindo um membro do Ministério Público com experiência em atividade eleitoral que estava na barca por acaso. Eles confirmaram que não era realizada campanha e que a candidata só fez uma selfie com o grupo. "Foi caracterizado que ele (PM) abusou da autoridade ao não deixá-la em paz na travessia e por apreender o material do qual ela não estava fazendo uso. Os panfletos estavam no pacote porque ela ia participar de uma caminhada na Praça Mauá", afirmou. O delegado ressaltou ainda que o policial apreendeu irregularmente os documentos de Talíria e de outras quatro pessoas e só os devolveu ontem por determinação de Pelosi.


O homem detido na barca foi encaminhado para exame de corpo de delito, porque afirmou que foi empurrado pelo policial sobre um banco na barca. Se for confirmada a agressão, o delegado vai acrescentar o crime de lesão corporal no inquérito. O caso será apreciado pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim).
Delegado critica atitude do policial que sacou a arma
O delegado que lavrou o registro de ocorrência criticou o fato de o PM ter sacado a arma no transporte público. O militar é contratado para atuar no sistema aquaviário por meio do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis). "Um policial só pode sacar uma arma quando alguém faz contra ele uma atitude de igual perigo. Ninguém ali estava armado. Sacar uma arma em local de multidão é extremamente perigoso. A gente só faz isso quando o perigo é iminente, para se defender", destacou Pelosi.
A PM não respondeu se tomará alguma medida para investigar a conduta do sargento. A instituição afirmou que ele foi alertado por um tripulante que um grupo planejava fazer panfletagem na barca, o que é proibido. A CCR Barcas esclareceu que o policiamento é de responsabilidade da PM e não tem poder para pedir o afastamento do sargento.
Segundo o TRE, a Lei das Eleições proíbe campanha em bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, e nos bens de uso comum. O infrator é sujeito a multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
Nesses casos, o cidadão pode fazer denúncia nos canais do TRE para que os agentes atuem: 3436-9000 ou whatsApp (21 97299-3669), além da página no Facebook denunciaeleitoralrj2018

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Você já passou por isso?

É bem pior que estresse. O estresse é resolvido com descanso e um pouco de afastamento do ambiente estressante.

Isso não. Muitas vezes é necessário a intervenção de um profissional da saúde para que o indivíduo readquira sua saúde psico-física.

Nunca é demais saber.


Yuri Busin
Yuri Busin, Mestre e Doutor em Neurociência Cognitiva




Também conhecida como a Síndrome do Esgotamento Profissional, a Síndrome de Burnout foi cunhada pelo Herbert J. Freudenberger, nos anos 70. Herbert percebeu em si mesmo que, em seu ofício diário, no passado, sentia intensa paixão e dedicação, muitas vezes acima até de valores básicos, como o cuidado com a própria saúde e exageros em suas longas jornadas de trabalho, com horas afinco – até que, com o passar dos anos, o trabalho passou a ser cansativo e frustrante.
O indivíduo que sofre desta síndrome, tem o desejo de demonstrar alto desempenho em tudo o que faz. A autoestima é mensurada pela capacidade de realização e sucesso. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Esse desejo de realização se transformam em obstinação e compulsão.
Sintomas da sobrecarga no trabalho
Não são apenas sintomas comportamentais. Os problemas deste paciente que busca essa incansável realização, além da ordem psicológica, enfrenta possíveis sintomas físicos, como: forte desgaste físico, gerando fadiga, exaustão, dores de cabeça, taquicardia, tontura, problemas digestivos, falta de apetite, normalmente combinados.
Diferenças entre Burnout e Estresse
estresse é caracterizado pelo desgaste que ocorrem no dia-a-dia da pessoa, em que ela é forçada a enfrentar diferentes situações das quais a irritam, amedrontem, confundam, ou até mesmo a façam alegre. Ou seja, são situações das quais existem emoções fortes, tensões emocionais, um estressor (agente estressante).
Já a síndrome de Burnout é uma resposta do organismo a esse estresse PROLONGADO RELACIONADOS AO AMBIENTE DE TRABALHO, em que não foi solucionado, procrastinado ou evitado de alguma forma.
Burnout pode ser confundida com outros transtornos, como ataque de ansiedadePânico e muitos outros.
As 10 fases da Síndrome de Burnout
Infográfico sobre as 10 fases da Síndrome de Burnout. Síndrome de Burnout
Entre a paixão até o esgotamento total, o paciente com Síndrome de Burnout passa por 10 estágios:
  1. Dedicação intensificada
  2. Descaso com as necessidades pessoais
  3. Recalque de conflitos
  4. Reinterpretação dos valores
  5. Negação de problemas
  6. Recolhimento e aversão a reuniões. Mudanças evidentes de relacionamento com os pares e objetos (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor)
  7. Despersonalização (momentos de confusão mental onde a pessoa não sente seu corpo como habitualmente. Pode se sentir flutuando ao ir ao trabalho, tem a percepção de que não controla o que diz ou que fala, não se reconhece)
  8. Depressão, vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante
  9. Colapso físico e mental
  10. O décimo estágio é considerado de emergência. Ajuda médica e psicológica se tornam uma urgência. Consulte um psicólogo.

sábado, 6 de outubro de 2018

PSDB faz autocrítica

A patética tentativa de Geraldo Alkimin em desligar o PSDB do golpe de 2016 e do posterior governo do usurpador é claramente desmontada por Tarso Jereissati, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo. O mea-culpa foi interessante, mas já traz o germe de outro mea culpa a ser feito a médio prazo.

Explico: na mesma entrevista em que elenca os principais erros do PSDB (houve outros bastante graves também) nos últimos, Tasso diz que Ciro é outro daquele que ele catapultou à política nacional nos já distantes anos 80. Ora, Ciro é um dos mais leais ao próprio ponto de vista que já vi. Sua dança de partidos é resumida na busca de um partido que se adeque às sua visão de país, de mundo, sem necessariamente que seja fechada. Por isso deixou o PSDB, o PSB, etc. Todos esses partidos alteraram profundamente aquilo que prometiam, quando foram colocar essas promessas em prática. Ele parece ter encontrado isso no PDT, e o partido mantendo a mesma linha ideológica, dificilmente haverá uma nova saída do político cearense.

Nesse sentido o apoio do PT a Eunício Oliveira é veementemente atacado por Ciro, mesmo seu irmão Cid Gomes fazendo parte do apoio. Ciro por sua vez rejeita o apoio do Presidente do Senado, e já deixou isso muito claro em várias entrevistas, se recusando, inclusive, a subir no mesmo palanque que o Senador. Quem terá que explicar a incongruência de querer apoiar 2 candidatos ao mesmo tempo não é Ciro, mas o governador Camilo Santana.

Por fim a inconsistência da candidatura Alkimin, que mesmo com o latifúndio televisivo, não consegue desbancar o sem-tempo Bolsonaro.

Óbvio que, tanto o ataque a Ciro, quanto o apoio a Alkimin são por interesses políticos, mas isso não qualifica os erros cometidos em uma entrevista que se pretendia de análises francas e sóbrias.

Abaixo a entrevista com Tasso Jereissati.


Tasso Jereissati: ‘Nosso grande erro foi ter entrado no governo Temer’

Ex-presidente do PSDB diz que ‘conjunto de erros memoráveis’ prejudica partido nas eleições

Pedro Venceslau - O Estado de S.Paulo

13 Setembro 2018 | 05h00

ENVIADO ESPECIAL / FORTALEZA - O senador Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB e presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do partido, disse ao Estado que os tucanos cometeram um “conjunto de erros memoráveis” após a eleição de Dilma Rousseff, com reflexos para o próprio PSDB nas eleições deste ano.
'As pessoas estão vendo mal o PSDB', afirma Tasso
'As pessoas estão vendo mal o PSDB', afirma TassoFoto: JARBAS OLIVEIRA/ESTADÃO
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como o sr. avalia a trajetória recente do PSDB?
O partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer. Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder.
Qual o impacto da gravação da conversa entre Aécio e Joesley Batista (dono da JBS, em que acertam repasse de R$ 2 milhões para pagar advogados do tucano)?
Altíssimo. Esse episódio simboliza todo esse desgaste que tivemos. Desde o dia seguinte à eleição da Dilma, quando fomos questionar o resultado, o símbolo mais eloquente para a população foi o episódio do Aécio. Ele deveria ter se afastado logo da presidência do PSDB.
O ex-governador Geraldo Alckmin ainda não decolou nas pesquisas, apesar de ter mais tempo de TV. Qual sua avaliação?
Até a última pesquisa ninguém se deslocou muito. O próprio (Jair) Bolsonaro subiu um pouco depois do atentado em Juiz de Fora, mas não muito. Com a saída do Lula, parte dos votos dele migrou para outros candidatos, mas principalmente para o (Fernando) Haddad, que foi quem mais cresceu olhando em média as duas pesquisas mais recentes. A partir de agora, com a saída definitiva do Lula do cenário eleitoral, vamos ter, realmente, uma mudança mais consistente no comportamento do eleitorado.
Acredita que o PSDB já deve apelar ao voto útil para levar Geraldo Alckmin ao segundo turno?
Acredito que sim. E agora. Tem muito antipetista votando no Bolsonaro porque não quer a volta do PT.
Como a prisão do ex-governador Beto Richa e a operação da Polícia Federal de busca contra o governador Reinaldo Azambuja, ambos tucanos, também prejudicam a campanha do Alckmin?
Prejudica, sem dúvida. Mas boa parte disso está no preço. O desgaste do PSDB começa a partir dos episódios da gravação do Aécio. Começou ali e continuou. Como nós não tomamos as medidas necessárias naquele cenário, era previsível que o desgaste do PSDB iria perdurar e teria consequências graves nas eleições. O desgaste do PSDB vem dali. As pessoas estão vendo mal o PSDB.
Qual o tratamento que o PSDB deve dar a Beto Richa?
Não confrontamos nem questionamos decisões judiciais. Nem passamos a mão na cabeça de quem a Justiça considera culpado. Tendo culpa, tem que pagar.
Com tudo isso, quais as chances de Alckmin aqui no Nordeste?
Aqui no Ceará é mais difícil que no Nordeste de uma maneira geral. Além do Lula, que inegavelmente é muito popular, temos o Ciro (Gomes, do PDT), que é cearense. Mas ele (Alckmin) tem possibilidade de crescer. Não será um crescimento que supere o Lula ou Ciro, mas deve ter um porcentual maior.
O sr. lançou o Ciro na política. Como avalia o papel do pedetista nesta campanha?
O Ciro de hoje é muito diferente do Ciro de ontem. Ele traçou o caminho dele, que eu discordo. Aqui no Ceará ele está sendo profundamente inconsistente e incoerente com sua trajetória política. A mais feroz das críticas dele é dirigida do MDB. Aqui, no Ceará, ele e o presidente do Senado (Eunício Oliveira) estão unidos.
Acredita em uma transferência forte de votos do Lula para o Haddad no Ceará?

Essa é a grande questão. Aqui você tem no mesmo palanque do governador do PT (Camilo Santana) 99% dos prefeitos, a máquina e o apoio do governo federal. Eunício é o homem do Temer aqui, e ele está ajudando o Camilo. Qualquer nomeação federal aqui passa por ele. Tem político ligado a nós que, de repente, foi para o lado de lá. O candidato majoritário é PT. Como ele vai fazer? Essa é a pergunta que fica no ar. Com Lula era fácil. Mas, e agora que o Haddad é o candidato oficial? O PT não tem estrutura forte aqui. Quem tem é o grupo dos irmãos Ferreira Gomes. Camilo vai fazer campanha para o Haddad? Fica essa hipocrisia e os petistas fazem vista grossa.