Deu no "Monitor Mercantil": "Manteli pede mudança radical nos portos". Wilen Manteli há anos vem fazendo campanha por mais uma
reforma nos portos brasileiros, mas o que ele busca é apenas a retirada total
do governo da administração do setor, mas permanecendo com as contas pesadas,
como dragagens e expansões de cais. Ou seja, uma privatização ainda maior dos
lucros, com investimento baixíssimo e risco mínimo.
Mas algumas de suas colocações são pertinentes, como a
particularização de algumas das decisões dos CAPs e a necessidade de uma atualização
nos trabalhadores do setor.
E já que ele busca o controle total dos portos pelas
empresas, e sendo ele o presidente do sindicato representativo dos terminais e
portos privados, poderia iniciar tais mudanças exercendo influência sobre seus
afiliados para que tomem decisões que beneficiem a comunidade portuária de
forma geral, e não individual, e promovendo programas de treinamento e
atualização dos portuários avulsos, além de promover a aposentadoria daqueles
que desejem a aposentadoria.
Veja o texto na íntegra:
Manteli pede mudança radical nos portos
O presidente da Associação Brasileira de Terminais
Portuários (Abtp), Wilen Manteli, afirma que, mais uma vez, o Governo Federal
adiará uma solução definitiva para os portos se não adotar medidas radicais, ou
seja, mudança ampla no sistema de comando. "Hoje, os presidentes e
diretores de docas são nomeados por políticos e, obviamente, têm de lhes
retribuir o favor. Além disso, estão à frente de uma estrutura esclerosada, que
não permite, mesmo a eventuais executivos esclarecidos, agir de forma racional
e moderna."
Para Manteli, o modelo deve ser os portos europeus de
Rotterdam (Holanda) e Hamburgo (Alemanha), onde a propriedade é pública e o
controle privado. "O porto deveria funcionar como um shopping center. A
atividade é um negócio, que deve dar lucro e, ao mesmo tempo, ser eficiente na
estrutura nacional. E como atuam os shopping centers no país? O shopping não
tem loja, apenas cuida para que a estrutura seja eficiente e que as vendas
cresçam, dando dividendos aos acionistas."
Advogado, estudioso há décadas dos temas portuários, Manteli
lembra que o governo sequer precisa mudar leis, bastando, portanto, vontade
política. Diz que pode modernizar a estrutura com base em três normas
existentes: a Lei dos Portos, a Lei das Concorrências e o sistema de parcerias
público-privadas (PPPs). Explica que o modelo deve dar ao governo apenas uma
ação de ouro (golden share), para evitar que, eventualmente, um administrador tome
atitude inesperada, contrária à sociedade. Diz que o importante é afastar a
interferência política. Lembra que, em Paranaguá (PR), concessão estadual, o
ex-governador Roberto Requião nomeou para o cargo seu irmão, que era psicólogo.
- O chefe do porto tem de ser um executivo, contratado no
mercado, entre os melhores profissionais. Se o objetivo é atrair investidores e
melhorar o serviço, esse é o caminho.
Fala-se na extinção de Conselho de Autoridade Portuária
(CAP) e do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Para Manteli, esses órgãos não
têm sido bem usados e poderiam permanecer, sem problemas. Afirma que, se o
dirigente do porto for um profissional do setor, o melhor seria que também
presidisse o CAP e acrescenta que os representantes privados no CAP não devem
olhar os interesses de sua empresa, mas de todo o setor empresarial. Critica o
hábito federal de indicar burocratas, de Brasília, para atuar em CAPs nos quais
desconhecem amplamente os problemas. Em relação à Ogmo, afirma que um problema
se arrasta desde 1993. Dos 25 mil trabalhadores avulsos, 10 mil deveriam ser
aposentados, mas isso não ocorre porque o governo não cumpriu promessa de dar
condições para essa reforma. Quanto aos restantes 15 mil, deveriam ser
retreinados e explica:
- Antes, o trabalhador precisava ser forte, para carregar
peso. Hoje, precisa ser qualificado para operar com equipamentos cada vez mais
sofisticados.
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