terça-feira, 12 de novembro de 2013

Blog dos Mercantes fala sobre vantagens das hidrovias há tempo

O Blog dos Mercantes é um daqueles que faz coro por um sistema de transportes mais inteligente e adequado à realidade brasileira. Nesse contexto não é de hoje que clamamos pela mudança no modal de transporte prioritário, para que as hidrovias venham a ter a primazia para o transporte de nossas riquezas, dado as longas distâncias que percorremos entre os diversos pontos do país, seja esse transporte destinado aos portos de exportação, seja ele destinado ao consumo interno.

Tal viés de transporte também apresenta grande potencial de exploração para o desenvolvimento regional de turismo e lazer, podendo até mesmo ser desenvolvido a ponto de se tornar atrativo internacional, como o são os mergulhos no Caribe, ou as montanhas cobertas de neve da Europa e sul do continente americano.


Outro viés de transporte que tem grande potencial de crescimento e que não tem sido tratado no Brasil com a importância que merece é o transporte marítimo. Até que nos últimos anos tivemos certo incentivo ao mesmo, com várias empresas investindo em novas unidades para a Navegação de Cabotagem. 

A se lamentar atualmente a decisão da Petrobrás, que está promovendo grande retrocesso ao tirar apoio do Promef, e reciclar a lesiva política de afretamento de navios estrangeiros.

Além de a médio e longo prazo a frota própria se tornar mais barata, ainda temos reflexos positivos na economia como um todo, com geração de empregos em toda a longa cadeia do setor marítimo, e com reflexos sensíveis na balança comercial, que vê estancada a fuga de divisas para pagar afretamentos desnecessários.

Mas não só a Cabotagem é importante e necessária. A Navegação de Longo Curso, além de influenciar positivamente a economia, da mesma forma que faz a Cabotagem, ainda pode auxiliar na conquista de novos mercados e na composição do valor dos fretes dos produtos brasileiros.

Sem dúvida são investimentos altos, como o são todos os investimentos no setor de transportes. Mas um país que já é a sexta economia do mundo, e que caminha a passos largos para se tornar a quinta, não pode abrir mão de setores de transportes tão estratégicos como o hidroviário e o marítimo.
  


Hidrovias são melhor alternativa de logística para distância mais longa

De São Paulo - Especialistas têm defendido as vantagens do modal hidroviário sobre o rodoviário no transporte da produção do agronegócio, que novamente deverá colher uma super safra. A matriz ideal depende da localização da produção. "De modo geral, até 500 quilômetros de distância entre o local de produção e de exportação, nenhum outro modal bate a rodovia", resume Luiz Fayet, consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Isso porque a rapidez do caminhão aliada à flexibilidade do modal, que dispensa o transbordo, geram o esperado resultado positivo. "A produção do Piauí está nessa equação", exemplifica Fayet.

Nas distâncias maiores, necessariamente a ferrovia e a hidrovia têm grandes contribuições a dar para reduzir o custo da movimentação. Como atualmente o excedente da produção agrícola direcionado à exportação está na região Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, onde há grandes deficiências de infraestrutura, essa produção desce para os portos do Sul e Sudeste, formando os gargalos que encarecem a logística e entopem as vias de acesso ao embarque. A maior parte da soja produzida em Sorriso (MT) é escoada via porto de Santos (SP), percorrendo uma rota de dois mil quilômetros, cujo frete chega a custar US$ 145/tonelada. Considerando mais US$ 45/tonelada para chegar a Xangai, na China, o custo dessa exportação fica em US$ 190/tonelada.

Os Estados Unidos colocam coloca sua soja no mesmo cliente por US$ 71/tonelada.

Cálculos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) registram crescimento de 203% no preço do frete brasileiro entre 2003 e 2011, ante aumento de 53% dos Estados Unidos e 43% da Argentina, os dois maiores competidores do Brasil.

"A hidrovia é o modal mais adequado nos casos de longas distâncias e disponibilidade de rios navegáveis", diz Edeon Vaz Ferreira, diretor executivo do Movimento Pró-Logística do Mato Grosso. Mas a oferta de hidrovias é bastante precária. Apenas alguns trechos da hidrovia Tietê-Paraná e da hidrovia do rio Madeira, na Amazônia, são usados.

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) iniciou a consolidação de registros de movimentação nas hidrovias recentemente, e os números de 2012 registram um volume de transporte na Bacia Amazônica de apenas 5 milhões de toneladas de soja, e de 2,5 milhões de toneladas de milho, soja e farelo de soja, para a produção brasileira de 139,3 milhões de toneladas desses dois produtos no mesmo ano.

"Os rios potencialmente navegáveis não oferecem estabilidade para o transporte regular, por falta de obras de dragagem e de sinalização", explica Edeon. Um exemplo dado por ele é a difícil operação de duas empresas no rio Madeira, a Bertolini e a Hermasa. Quando o rio está alto, elas conseguem transportar comboios de 40 mil toneladas. Nas fases em que o rio está baixo, os comboios não podem ter mais do que 6 mil toneladas. "O papel do poder público deve ser de prover essas obras para garantir a estabilidade da navegação, e a iniciativa privada investe na operação", afirma.

Edeon conta que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está desenvolvendo estudos de viabilidade econômica e socioambiental de algumas bacias hidrográficas, como primeiro passo para um plano de investimento em hidrovias. A primeira hidrovia a ser contemplada será a Teles Pires-Tapajós, que será utilizada para escoamento da produção do Norte do Mato Grosso em direção aos portos da região Norte. A hidrovia do São Francisco, do Paranaíba, do Tocantins e do Araguaia terão estudos similares.

A conclusão das obras da BR-163, prevista para 2014, alia-se à estratégica intermodalidade do Norte, que vem sendo requerida pelo agronegócio. Os oito terminais que a iniciativa privada está construindo na região (ver tabela) ampliarão as condições de escoamento em ritmo de 3 milhões de toneladas ao ano. A intenção é de que a capacidade de movimentação desses terminais passe dos atuais 10,8 milhões de toneladas para 50 milhões de toneladas até o ano de 2020.

Para completar a flexibilidade sonhada pelo agronegócio, Ingo Plöger, da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), insere no quadro a ampliação de instalações de armazenagem. "Não há tradição no Brasil de armazéns na produção, mas pode ser uma saída interessante para dar ao produtor a condição de arbitrar sobre o período de venda de sua produção", resume.


Ele vê na atual linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lançada no início de julho, uma alternativa que pode reduzir a pressão para venda das commodities apenas na época da safra. "As condições do financiamento não afetam o capital de giro imediatamente, pois oferecem três anos de carência", diz ele. "É uma janela interessante, que merece estudo de viabilidade", finaliza. (CLT)

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