Em junho nossos
líderes sindicais do setor marítimo estiveram em Brasília para conversar com o
Senador Paulo Paim sobre seu PL 449/2012, que busca a regulamentação da
atividade de cruzeiros marítimos no país.
Esta atividade, que é
explorada basicamente por empresas estrangeiras, é altamente rentável, mas
entrega serviços de pior qualidade aos consumidores brasileiros e todos os anos
apresenta uma série de problemas nas relações trabalhistas a bordo. Alguns
desses problemas são tão graves, que em algumas oportunidades são denunciados
estupros, ou tentativas de; maus tratos de todos os tipos, e já chegamos mesmo
a um caso de morte de uma trabalhadora.
Já que nosso governo
insiste em abrir mão, para o capital nacional, desse rentável setor de
negócios, ao menos que regule devidamente o setor, não só para que os
trabalhadores brasileiros estejam devidamente protegidos, mas até mesmo
consumidores, meio ambiente e outros subsetores que fazem uso do meio marítimo
e de portos para realizarem seus negócios.
Sabemos que
dificilmente o texto entregue pelas lideranças sindicais será plenamente
acolhido no corpo geral da Lei em gestação no Senado, mas a iniciativa de
Severino Almeida e Ricardo Ponzzi é
altamente válida, assim como a do Senador Paulo Paim.
Estamos esperançosos de que
melhorias virão como resultado dessas ações .
Marítimos querem fiscalizar cruzeiro
Por Sergio Barreto Motta
Os marítimos estão mobilizados em
relação ao projeto 449/2012, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). Segundo
a entidade da classe, o Sindmar, poderá trazer prejuízos. A revista do Sindmar,
Unificar, afirma: “Essa atividade em nosso país está aberta a todo e qualquer
interessado, sem o mínim de critérios que entendemos necessários para que esses
navios operem em novos portos e, pior, considerando que 98% de seus passageiros
são nossos nacionais, não oferecem contrapartidas adequadas pelo lucro que
obtêm em nossas águas”.
Continua a revista, após citar que, para
outros setores existe a Resolução Normativa 72, do Conselho Nacional de
Imigração, que prevê quotas de 1/5 a 1/3 de trabalhadores brasileiros em navios
estrangeiros, conforme sua permanência no Brasil, revela que, para os
cruzeiros, valeria a resolução 71, mas seria insuficiente. Diz: “ Essa
resolução está longe de resolver questões básicas, relacionadas à exploração,
por tais armadores, de quem nesse setor trabalha. Na prática, não gera empregos
para marítimos profissionais, tendo em vista que estão estão em poucas dezenas
a bordo. Muito poucos, em meio a centenas ou mesmo mais de um milhar de
trabalhadores em serviço de atendimento a sua preciosa carga, que são seus
milhares de passageiros. Não há, em todo o seu texto, garantias de que
percentuais para contratação de brasileiros”. Entre outros problemas, houve
três mortes a bordo de navios de cruzeiro só este ano, além de um estupro.
O presidente do Sindmar, Severino
Almeida e o presidente da Federação Nacional, Ricardo Ponzi, expuseram a Paim
haver riscos para os trabalhadores no projeto e o senador teria pedido um texto
da classe, que foi entregue ao parlamentar dia 25 de junho. “Atualmente, os
cruzeiros navegam em hiato legal, livre de regulamentação específica. Dessa
forma, desrespeito e abuso aos trabalhadores são palavras de ordem a bordo
desse tipo de embarcação, muito longe do glamour que é reservado a sua carga”,
dizem os marítimos, ao frisar que esperam mudanças na legislação. A atividade
dos cruzeiros é a única, no mar, que não está sob controle da Agência Nacional
de Transportes Aquaviários (Antaq), mas tão somente submetida ao Ministério do
Turismo, que não tem condições técnicas de fiscalizar o setor – nem parece
aborrecido diante de sua impossibilidade de fiscalizar e controlar um segmento
que movimenta altas somas a cada temporada. Nos Estados Unidos, o senador Jay
Rockfeller luta para impedir o que considera alta evasão de divisas de seu país
– principal cliente dos transatlânticos – para empresas que, embora tidas como
francesas, italianas e alemãs, na verdade têm sede em paraísos fiscais.
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