Interessantes (e falsos) os argumentos usados na reportagem do Press
Guide de 14 de agosto para pedir mudanças no sistema de praticagem no Brasil. Com
elas seguem os ataques aos práticos e a tudo que se refira a eles. Tudo isso na
busca pura e simples de aumento de lucros.
Assim como em outras profissões, aquelas ligadas à Marinha Mercante
também apresentam profissionais de vários níveis, que recebem salários os mais
diversos. Há pouco tempo um médico que tinha sido eleito prefeito de uma
pequena cidade renunciou ao cargo, pois os cerca de R$ 6.000,00 recebidos no
cargo não eram suficientes para cobrir seus gastos mensais, e correspondiam a
menos de 5% dos rendimentos que recebia como médico.
O ex-ministro da cultura, Gilberto Gil, também chegou a renunciar ao
cargo, pois o salário de mais de R$ 20.000,00 recebidos no cargo também
correspondiam a um pequeno percentual de seus ganhos como cantor, e não eram
suficientes para pagar suas contas.
Advogados, jogadores de futebol, administradores de empresa,
engenheiros, arquitetos, jornalistas, psicólogos, artistas, etc., enfim uma
gama de profissionais no país chegam a ter salários altíssimos. Porque
profissionais ligados à Marinha Mercante não podem?
Além disso, como a própria reportagem da Press Guide demonstra, a relação
entre praticagem e armadores é entre pessoas jurídicas. São duas empresas que
negociam seus preços. E como qualquer
estudante mediano de administração sabe, o preço dado a um serviço ou
mercadoria é estipulado de acordo com o que se está disposto a pagar.
Também temos que entender que aqui o Deus Mercado está regulando os
preços. Porque o Deus Mercado deve ser soberano quando é de interesse dos
armadores, mas não pode quando é contra os interesses dessas empresas?
Por fim a CNAP já está intervindo e preparando uma metodologia para
elaboração de preços e custos da praticagem e deverá dar alivio e marco
regulatório na praticagem brasielira.
Seria bom que os ataques parassem. Porque em outros setores da Marinha
Mercante brasileira ataques desse tipo já estão fazendo seus estragos, com
desemprego crescente e queda nas condições de trabalho dos profissionais a
bordo.
Desemprego, baixos salários, más condições de trabalho e a consequente
miséria que advém disso, são condições que qualquer Estado Nacional de Direito,
sério e competente vai evitar a seus cidadãos, ainda mais se tal Estado se diz
socialista e progressista.
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