Sabemos que o transporte marítimo é
mais barato que qualquer outro tipo de transporte, principalmente em grandes
distâncias como as que encontramos no Brasil. Também sabemos que em nosso país
os meios de transporte mais baratos e eficientes vem, ano após ano, sendo
preteridos em prol do caminhão, que é de todos o mais caro, o que mais poluí e
o que mais problemas causa no sistema de transportes brasileiro.
Sendo assim não é nenhuma surpresa
sabermos do potencial da cabotagem em nossa costa, mas o Blog dos Mercantes vai
um pouco além, e indica que o potencial aquaviário do país é muito superior aos
2,7 milhões de contêineres sugeridos na reportagem da Folha de São Paulo.
Com uma boa malha hidroviária,
conjugada com a cabotagem, o Blog dos Mercantes afirma sem medo de errar que o
potencial facilmente pode ser estimado em uns 5 milhões de contêineres ao ano,
isso sem contar com milhões de toneladas de grãos, minérios, e pessoas, na
exploração do turismo em nossos rios lagos, e litoral.
Quando vamos dar mais atenção ao
sistema de transporte, de forma a criar uma verdadeira malha multimodal,
baseada principalmente no transporte aquaviário, como uma nação realmente desenvolvida
faz?
Cabotagem no Brasil tem potencial para
transportar 2,7 milhões de contêineres
Por Mariana Barbosa de São Paulo
O transporte de mercadoria via navegação
costeira, a chamada cabotagem, movimentou 415 mil contêineres no Brasil no ano passado,
equivalente a 0,6% do total transportado por caminhões (72 milhões de
contêineres).
Os navios trazem televisores e motos da
Zona Franca de Manaus e sobem do Sudeste para o Norte e Nordeste levando bens
de consumo e produtos alimentícios, principalmente refrigerados.
Segundo Roberto Rodrigues, diretor
presidente da Mercosul Line, operadora de cabotagem do grupo dinamarquês
Maersk, o mercado brasileiro de cabotagem tem potencial para ser 6,5 vezes
maior do que é hoje, contribuindo para reduzir o movimento de caminhões nas
estradas.
Transportar mercadorias por cabotagem
custa de 20% a 25% menos do que no transporte rodoviário, mas o tempo de viagem
maior -são 15 dias, 3 a 4 a mais do que no caminhão- o torna menos atraente
para algumas indústrias. O modal também é afetado pela burocracia e outros
gargalos do porto de Santos. Em época de escoamento de safra agrícola, o
desembaraço no porto pode elevar o tempo da viagem em mais um ou dois dias.
"Também lidamos com excesso de
burocracia. Cada vez que os navios de cabotagem (navegação entre portos
marítimos de um mesmo país) atracam em um porto, eles preenchem os mesmos
papéis novamente, como se estivessem navegando por águas internacionais",
diz Rodrigues.
Um estudo sobre os gargalos logísticos
divulgado pela Maersk mostra que se 2,7 milhões de contêineres fossem
transportados via cabotagem, ao invés de utilizarem caminhões, o país
economizaria US$ 125 milhões em custo de manutenção das estradas e evitaria 36
mil acidentes.
Apostando no potencial do mercado
brasileiro de cabotagem, o grupo Maersk desenvolveu navios especialmente
desenhados para atracar nas águas rasas do país, o Sammax. A Mercosul Line
opera três desses navios, que têm capacidade para 8.600 contêineres cada.
A Mercosul Line é uma das quatro
empresas exploram o serviço hoje no Brasil. As demais são Aliança, Log-In,
Maestra.
GARGALO
Estudo da Maersk mostra que o grande
problema da infraestrutura logística no país não está mais na capacidade dos
portos, que receberam muitos investimentos em novos terminais, mas na
burocracia aduaneira e no acesso rodoviário aos mesmos.
"A burocracia está estrangulando os
portos no Brasil. No mundo inteiro, as mercadorias que chegam aos portos são
liberadas em poucos dias. Em Santos, são 21 dias", diz o diretor da Maersk
Line Brasil, Peter Gyde.
Desde 2003, o tráfego de contêineres nos
portos brasileiros praticamente dobrou de tamanho, de 4,16 milhões para 8
milhões. E o tempo de espera desde a chegada dos navios até a atracação para a
movimentação de carga subiu de 6 horas em 2003 para 16 horas no ano passado.
Neste mês, a conta já está em 72 horas.
O executivo diz que o grupo Maersk, um
dos maiores do mundo do setor, com negócios também na área de petróleo e
receita de US$ 60 bilhões, pensa em realizar novos investimentos em portos no
país, mas que a grande urgência hoje é resolver o problema de acesso.
"Os portos são modernos. Mas
precisamos integrar modais e tirar os caminhões das ruas. Menos caminhões é bom
para o consumidor pois torna o transporte mais eficiente em termos de custos e
também é melhor para o meio ambiente."
Para Gyde, a sociedade brasileira
precisa se engajar no debate da infraestrutura pois ao final, quem perde é o
consumidor, que paga mais pelas mercadorias.
"O
governo prometeu investir R$ 160 bilhões em infraestrutura. É preciso começar a
gastar.".
É impressionante os números. Vê-se q tem grande potencial mas trnaformar potencial em realidade são alguns passos. Enfim, vamos batalhar por isso. Grande postagem!
ResponderExcluirOi João Aurélio! Muito obrigado pelo elogio. Ao longo dos anos o país vem perdendo muitas oportunidades, essa é mais uma delas. Temos que trabalhar para que se realize.
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