quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cruzeiros em crise?

Os grande hotéis flutuantes podem estar em crise no Brasil

Época muito oportuna para comentar a reportagem da Gazeta do Povo, que levanta a hipótese de o mercado de cruzeiros marítimos estar entrando em crise, e aponta dois problemas principais: falta de infraestrutura e custo de operação portuária. Na verdade mais uma forma de armadores, todos estrangeiros, estarem pressionando por maiores lucros.

Por dois motivos: o primeiro é a questão da infraestrutura. O Blog dos Mercantes concorda que nossa infraestrutura ainda carece de melhorias, mas lembra também que isso não se cria da noite para o dia. E também lembra, que como o próprio texto da Gazeta anuncia, o país tem forte apelo turístico – ainda  que nesta atividade o maior turismo e os maiores gastos sejam feitos dentro da própria embarcação.

E o Blog dos Mercantes complementa, estamos trabalhando para construir novos terminais especializados em passageiros, e modernizar antigos, o que deve colaborar, e muito, na melhoria das “condições portuárias para o setor”.

A reportagem da Folha não especifica, mas o Blog gostaria de saber o que os armadores de cruzeiros consideram como “custo de operação portuária”? E o Blog adianta que, qualquer que seja a composição desses custos, o máximo que vai acontecer com sua redução, é aumentar a lucratividade dos armadores.

Por sinal, melhor infraestrutura portuária terá o mesmo papel de aumentar suas margens de lucro, uma vez que o país não está exportando um produto, e nem ao menos competindo com outros mercados, como é alegado Ricardo Amaral, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos.

Na verdade os navios que operam nas costas brasileiras e Sul Americanas durante nosso período de temporada de cruzeiros, são desviados do hemisfério norte por estarem ociosos durante os meses de inverno naquela região. Também vem com tripulação aquém daquela usada acima do Equador, e com serviços igualmente menos elaborados.

Em outras palavras, armadores estrangeiros encontraram um lugar para operar com alto lucro embarcações que estariam paradas ou operando com bastante capacidade ociosa no Norte do planeta,  oferecendo serviços aquém dos oferecidos em outras áreas e com investimento menor em pessoal.

O Blog dos Mercantes considera, como principais fatores na queda do número de passageiros fazendo uso de cruzeiro marítimos, a crise que atingiu o continente sul americano como um todo, e a falta de novidade da atividade, que já se desenvolve rotineiramente por aqui há pelo menos 20.

O Blog não é contra melhorias na infraestrutura portuária destinada aos cruzeiros e seus passageiros, nem tampouco à redução de custos portuários, porque tais medidas podem, se bem geridas, beneficiar os usuários do sistema.

Mas o Blog dos Mercantes clama pelo ressurgimento de armadores nacionais neste segmento da Marinha Mercante, arvorando nossa bandeira e empregando marítimos nacionais a bordo. Como bem coloca o texto da Gazeta, explorando nosso potencial turístico, e aí sim, criar alguma competição aos armadores estrangeiros.



Maré baixa para cruzeiros no país

Por Gabriel Azevedo

Queridinho dos brasileiros nos verões da última década, os cruzeiros marítimos estão perdendo espaço no Brasil e em outros países da América Latina. Entre os principais entraves dos gigantes flutuadores estão a falta de infraestrutura e o alto custo de operação portuária.

O Brasil, país que chegou a ocupar a 5.ª colocação no ranking mundial de cruzeiros, caiu para a 7.ª posição e perdeu mercado nos últimos dois anos. Na última temporada, os navios que percorreram a costa brasileira transportaram 762 mil passageiros, 9% a menos que na temporada anterior, quando foram registrados mais de 805 mil passageiros. E a próxima deve ser ainda pior.

668 mil é o número de turistas esperados nos cruzeiros brasileiros na temporada 2013/2014, 12% menos que a passada, que já havia apresentado retração

Doze navios devem circular pela costa brasileira na temporada de cruzeiros 2013/2014, que vai de novembro a abril do ano que vem. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Abremar) espera fluxo de 668 mil turistas, número cerca de 12% menor que no ano passado. “Os altos custos de operação, a limitada condição da infraestrutura portuária brasileira e o alto investimento de destinos internacionais tornaram o Brasil menos competitivo neste segmento”, diz Ricardo Amaral, presidente da entidade.

Mar agitado

Embora não hajam indicativos de que a situação vai melhorar, principalmente em curto prazo, há quem acredite no mercado. Na semana passada, a Pullmantur anunciou que vai abrir uma sede na América Latina para, em três anos, liderar o mercado regional de cruzeiros e atingir a marca de 500 mil passageiros transportados, o equivalente a 70% do total de passageiros. O local ainda não foi divulgado.

Relatórios da Cruise Lines International Association (CLIA), entidade internacional do setor de turismo de Cruzeiros Marítimos, apontam situações igualmente desconfortáveis no Chile, Uruguai e Argentina. No entanto, por ser um mercado relativamente novo, há muito a ser explorado na região. Um documento de janeiro deste ano cita a Copa do Mundo, as Olimpíadas e os novos terminais de passageiros de Valparaíso, no Chile, e Montevidéu, no Uruguai, como oportunidades para criação de novos roteiros, que podem baratear os custos de operação.


Na opinião de Renê Hermann, diretor geral do Grupo Costa para a América do Sul, o Brasil ainda tem um forte apelo turístico para atender seus turistas e as escalas em cidades como Rio de Janeiro, Búzios, Angra dos Reis e Salvador estimulam os passageiros a viajar de navio pelo país. “Embora o Brasil tenha caído duas posições no ranking mundial de cruzeiros, é importante ressaltar que o mercado sul-americano, de maneira geral, está propenso a navegar”, conta.

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