Os grande hotéis flutuantes podem estar em crise no Brasil
Época muito oportuna para comentar a reportagem da Gazeta do Povo, que
levanta a hipótese de o mercado de cruzeiros marítimos estar entrando em crise,
e aponta dois problemas principais: falta de infraestrutura e custo de operação
portuária. Na verdade mais uma forma de armadores, todos estrangeiros, estarem
pressionando por maiores lucros.
Por dois motivos: o primeiro é a questão da infraestrutura. O Blog dos
Mercantes concorda que nossa infraestrutura ainda carece de melhorias, mas lembra também que isso não se cria da noite para o dia. E também
lembra, que como o próprio texto da Gazeta anuncia, o país tem forte apelo turístico
– ainda que nesta atividade o maior
turismo e os maiores gastos sejam feitos dentro da própria embarcação.
E o Blog dos Mercantes complementa, estamos trabalhando para construir
novos terminais especializados em passageiros, e modernizar antigos, o que deve
colaborar, e muito, na melhoria das “condições portuárias para o setor”.
A reportagem da Folha não especifica, mas o Blog gostaria de saber o que
os armadores de cruzeiros consideram como “custo de operação portuária”? E o
Blog adianta que, qualquer que seja a composição desses custos, o máximo que
vai acontecer com sua redução, é aumentar a lucratividade dos armadores.
Por sinal, melhor infraestrutura portuária terá o mesmo papel de
aumentar suas margens de lucro, uma vez que o país não está exportando um
produto, e nem ao menos competindo com outros mercados, como é alegado Ricardo
Amaral, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos.
Na verdade os navios que operam nas costas brasileiras e Sul Americanas
durante nosso período de temporada de cruzeiros, são desviados do hemisfério
norte por estarem ociosos durante os meses de inverno naquela região. Também
vem com tripulação aquém daquela usada acima do Equador, e com serviços
igualmente menos elaborados.
Em outras palavras, armadores estrangeiros encontraram um lugar para
operar com alto lucro embarcações que estariam paradas ou operando com bastante
capacidade ociosa no Norte do planeta,
oferecendo serviços aquém dos oferecidos em outras áreas e com
investimento menor em pessoal.
O Blog dos Mercantes considera, como principais fatores na queda do
número de passageiros fazendo uso de cruzeiro marítimos, a crise que atingiu o
continente sul americano como um todo, e a falta de novidade da atividade, que
já se desenvolve rotineiramente por aqui há pelo menos 20.
O Blog não é contra melhorias na infraestrutura portuária destinada aos
cruzeiros e seus passageiros, nem tampouco à redução de custos portuários,
porque tais medidas podem, se bem geridas, beneficiar os usuários do sistema.
Mas o Blog dos Mercantes clama pelo ressurgimento de armadores nacionais
neste segmento da Marinha Mercante, arvorando nossa bandeira e empregando
marítimos nacionais a bordo. Como bem coloca o texto da Gazeta, explorando
nosso potencial turístico, e aí sim, criar alguma competição aos armadores
estrangeiros.
Maré baixa para cruzeiros no país
Por Gabriel Azevedo
Queridinho dos brasileiros nos verões da
última década, os cruzeiros marítimos estão perdendo espaço no Brasil e em
outros países da América Latina. Entre os principais entraves dos gigantes
flutuadores estão a falta de infraestrutura e o alto custo de operação
portuária.
O Brasil, país que chegou a ocupar a 5.ª
colocação no ranking mundial de cruzeiros, caiu para a 7.ª posição e perdeu
mercado nos últimos dois anos. Na última temporada, os navios que percorreram a
costa brasileira transportaram 762 mil passageiros, 9% a menos que na temporada
anterior, quando foram registrados mais de 805 mil passageiros. E a próxima
deve ser ainda pior.
668 mil é o número de turistas esperados
nos cruzeiros brasileiros na temporada 2013/2014, 12% menos que a passada, que
já havia apresentado retração
Doze navios devem circular pela costa
brasileira na temporada de cruzeiros 2013/2014, que vai de novembro a abril do
ano que vem. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Abremar)
espera fluxo de 668 mil turistas, número cerca de 12% menor que no ano passado.
“Os altos custos de operação, a limitada condição da infraestrutura portuária
brasileira e o alto investimento de destinos internacionais tornaram o Brasil
menos competitivo neste segmento”, diz Ricardo Amaral, presidente da entidade.
Mar agitado
Embora não hajam indicativos de que a
situação vai melhorar, principalmente em curto prazo, há quem acredite no
mercado. Na semana passada, a Pullmantur anunciou que vai abrir uma sede na
América Latina para, em três anos, liderar o mercado regional de cruzeiros e
atingir a marca de 500 mil passageiros transportados, o equivalente a 70% do
total de passageiros. O local ainda não foi divulgado.
Relatórios da Cruise Lines International
Association (CLIA), entidade internacional do setor de turismo de Cruzeiros
Marítimos, apontam situações igualmente desconfortáveis no Chile, Uruguai e
Argentina. No entanto, por ser um mercado relativamente novo, há muito a ser
explorado na região. Um documento de janeiro deste ano cita a Copa do Mundo, as
Olimpíadas e os novos terminais de passageiros de Valparaíso, no Chile, e Montevidéu,
no Uruguai, como oportunidades para criação de novos roteiros, que podem
baratear os custos de operação.
Na opinião de Renê Hermann, diretor
geral do Grupo Costa para a América do Sul, o Brasil ainda tem um forte apelo
turístico para atender seus turistas e as escalas em cidades como Rio de
Janeiro, Búzios, Angra dos Reis e Salvador estimulam os passageiros a viajar de
navio pelo país. “Embora o Brasil tenha caído duas posições no ranking mundial
de cruzeiros, é importante ressaltar que o mercado sul-americano, de maneira
geral, está propenso a navegar”, conta.
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