As
colocações do presidente do grupo Barbeito, Washington Barbeito, são muito
pertinentes e colocadas em um momento chave de nossa história. Óbvio que em
qualquer momento podemos tomar iniciativas para recriarmos nossa frota de longo
curso, e voltarmos ao comércio internacional como transportadores de nossas
próprias mercadorias e de outros, como ocorreu por tanto tempo em nossa
história.
Mas o
momento em que vivemos, quando temos um montante grande de dólares deixando o
país devido ao desequilíbrio de nossa balança comercial, uma frota própria
poderia amenizar significativamente este processo, se não invertê-lo, já que
temos que considerar que não só deixamos de pagar fretes, como passamos a
recebê-los.
Fora outros
benefícios que uma frota própria nos traz, como a criação de empregos,
desenvolvimento de tecnologia, etc.
O artigo
não é grande e vale a pena dar uma lida.
Frota de
Longo Curso em bandeira brasileira. Uma demanda antiga dos marítimos, uma
necessidade eterna do país.
País gasta
US$ 20 bilhões e fica a ver navios
Por
Washington Barbeito
Quem já viveu
algumas décadas tem o impulso de não mais expor teses que considera acertadas,
por achar que as tem repetido em vão e isso se tornaria maçante. No entanto,
não há como deixar de fazê-lo, pelo que se vê no panorama nacional. Como se
pode pensar em uma potência sem navios? Os Estados Unidos inventaram a bandeira
liberiana e os asiáticos - com China à frente - chegaram ao esmero de misturar
fretes com preços de produtos, a tal ponto que não se sabe onde está o segredo.
China, Japão e Coreia colocam seus produtos por todo lado e, embora confiem nos
estrangeiros, têm suas próprias frotas.
E o nosso
Brasil? Após o auge dos anos 80, caiu para uma situação inaceitável. Graças à
proteção legal, mantém frota própria no transporte costeiro, a cabotagem. No
longo curso, não dispõe sequer de um navio em rota regular. Há pouco, armadores
internacionais anunciaram aumento nos fretes de e para o Brasil, o que é
normal, mas não em níveis similares e na mesma data. O déficit de fretes é
estimado em US$ 20 bilhões anuais e, até recentemente, não se dava bola para
esse número. Agora, no entanto, os dólares começam a fazer falta.
Proponho o
estabelecimento de uma frota de porta-contêineres, para reinaugurar um serviço
que existiu até os anos 90. Temos estaleiros e podemos importar navios
parcialmente, em acordo com a construção naval, de modo que parte das
embarcações venha do exterior e outra parte seja construída no Brasil. O
financiamento de um serviço inicial de doze navios modernos é modesto, menor do
que novecentos milhões de reais - investimento com retorno garantido,
utilizando a maneira internacional, o leasing. Se temos os meios e os recursos,
o que falta? Será a vontade nacional para fazermos?
Um grupo de
empresários e economistas defende fórmula racional para criação de uma frota
nacional. O Governo manteria seus atuais esquemas de financiamento, só que
admitindo, como no setor aéreo, o leasing. Em caso de um problema com qualquer
empresa, não haveria perda para o sistema, apenas a troca de operador. Com uma
frota de pelo menos 12 navios, o Brasil poderia voltar ao transporte
internacional de contêineres, sem subsídios, com imediata redução do déficit de
fretes, gerando emprego para marítimos e metalúrgicos, racionalizando o serviço
- ao se acoplar, inteligentemente, os serviços de longo curso e cabotagem - e
ainda reduzindo o Custo Brasil, pois haveria extraordinário impulso à cabotagem,
com enorme redução de custos na competição interna com o caminhão. E, o melhor
de tudo, não ficaríamos dependendo exclusivamente de estrangeiros para exportar
e importar. Há como se trazer de volta os navios nacionais a portos
estrangeiros, sem subsídios e apenas com pequenas alterações legais.
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