quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Blog dos Mercantes apóia Brasil com frota de Longo Curso própria

As colocações do presidente do grupo Barbeito, Washington Barbeito, são muito pertinentes e colocadas em um momento chave de nossa história. Óbvio que em qualquer momento podemos tomar iniciativas para recriarmos nossa frota de longo curso, e voltarmos ao comércio internacional como transportadores de nossas próprias mercadorias e de outros, como ocorreu por tanto tempo em nossa história.

Mas o momento em que vivemos, quando temos um montante grande de dólares deixando o país devido ao desequilíbrio de nossa balança comercial, uma frota própria poderia amenizar significativamente este processo, se não invertê-lo, já que temos que considerar que não só deixamos de pagar fretes, como passamos a recebê-los.

Fora outros benefícios que uma frota própria nos traz, como a criação de empregos, desenvolvimento de tecnologia, etc.

O artigo não é grande e vale a pena dar uma lida.

Frota de Longo Curso em bandeira brasileira. Uma demanda antiga dos marítimos, uma necessidade eterna do país.


País gasta US$ 20 bilhões e fica a ver navios

Por Washington Barbeito

Quem já viveu algumas décadas tem o impulso de não mais expor teses que considera acertadas, por achar que as tem repetido em vão e isso se tornaria maçante. No entanto, não há como deixar de fazê-lo, pelo que se vê no panorama nacional. Como se pode pensar em uma potência sem navios? Os Estados Unidos inventaram a bandeira liberiana e os asiáticos - com China à frente - chegaram ao esmero de misturar fretes com preços de produtos, a tal ponto que não se sabe onde está o segredo. China, Japão e Coreia colocam seus produtos por todo lado e, embora confiem nos estrangeiros, têm suas próprias frotas.

E o nosso Brasil? Após o auge dos anos 80, caiu para uma situação inaceitável. Graças à proteção legal, mantém frota própria no transporte costeiro, a cabotagem. No longo curso, não dispõe sequer de um navio em rota regular. Há pouco, armadores internacionais anunciaram aumento nos fretes de e para o Brasil, o que é normal, mas não em níveis similares e na mesma data. O déficit de fretes é estimado em US$ 20 bilhões anuais e, até recentemente, não se dava bola para esse número. Agora, no entanto, os dólares começam a fazer falta.

Proponho o estabelecimento de uma frota de porta-contêineres, para reinaugurar um serviço que existiu até os anos 90. Temos estaleiros e podemos importar navios parcialmente, em acordo com a construção naval, de modo que parte das embarcações venha do exterior e outra parte seja construída no Brasil. O financiamento de um serviço inicial de doze navios modernos é modesto, menor do que novecentos milhões de reais - investimento com retorno garantido, utilizando a maneira internacional, o leasing. Se temos os meios e os recursos, o que falta? Será a vontade nacional para fazermos?


Um grupo de empresários e economistas defende fórmula racional para criação de uma frota nacional. O Governo manteria seus atuais esquemas de financiamento, só que admitindo, como no setor aéreo, o leasing. Em caso de um problema com qualquer empresa, não haveria perda para o sistema, apenas a troca de operador. Com uma frota de pelo menos 12 navios, o Brasil poderia voltar ao transporte internacional de contêineres, sem subsídios, com imediata redução do déficit de fretes, gerando emprego para marítimos e metalúrgicos, racionalizando o serviço - ao se acoplar, inteligentemente, os serviços de longo curso e cabotagem - e ainda reduzindo o Custo Brasil, pois haveria extraordinário impulso à cabotagem, com enorme redução de custos na competição interna com o caminhão. E, o melhor de tudo, não ficaríamos dependendo exclusivamente de estrangeiros para exportar e importar. Há como se trazer de volta os navios nacionais a portos estrangeiros, sem subsídios e apenas com pequenas alterações legais.

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