terça-feira, 29 de outubro de 2013

Blog dos Mercantes e a Terceirização: NÃO!

O protesto das Centrais Sindicais do dia 6 de agosto (ver abaixo) não é algo pontual, mas o resultado de um problema que se iniciou nos anos 90 e vem crescendo e se agravando ano a ano.  Porque existe grande diferença entre um trabalhador, um prestador de serviço, ou uma empresa.

Uma empresa, mesmo que em algumas situações se confunda com seus donos, diretores e gerentes, tem uma dimensão e uma abrangência de atuação consideravelmente mais ampla que um prestador de serviço, comumente empregando alguns trabalhadores.

Prestador de serviço é aquele que, ainda não configurando uma empresa, trabalha ao mesmo tempo para vários empregadores, ou por tarefas específicas, que tenham um início ou fim determinados, ou por um período de tempo pré-determinado e curto. Dificilmente a tarefa exercida tem relação com a atividade fim do contratante. Não raro um prestador de serviço contrata outros trabalhadores para auxiliá-lo na execução de determinadas tarefas.

Um trabalhador, ao contrário dos outros, presta serviço a apenas um empregador, tem longos vínculos com este, e exerce tarefas conectadas com a atividade fim deste empregador. O que não se caracteriza por atividade-fim é a limpeza de uma redação de jornal, ou a reforma de um banheiro de uma loja, por exemplo.
Qualquer tentativa de transformar o redator, ou o vendedor da loja em um terceirizado, não passa de uma forma grotesca e covarde do empregador escapar de suas obrigações sociais, bem como reduzir o trabalhador a uma empresa.

O serviço terceirizado se torna mais barato para a empresa contratante, visto que não contempla os encargos trabalhistas advindos na contratação tradicional. Por outro lado o trabalhador tem seus direitos reduzidos em valores, ou simplesmente suprimidos, no caso de a empresa ser o próprio trabalhador. Ao mesmo tempo se vê impedido de trabalhar para outros empregadores, seja por escassez de tempo, seja por pressão da própria empresa contratante.

Qualquer forma de tentar burlar esta situação, como já vem ocorrendo há anos, não passa de covardia com trabalhadores, que se vêem coagidos a aceitar tal situação, pois não têm condições de se contrapor às empresas.

Por parte do Congresso é a forma mais fácil de dizer que a CLT e qualquer outra lei trabalhista não existe mais.

Com o beneplácito de nossos políticos, que seguem legislando para os poderosos, tentam retroceder as relações trabalhistas, duramente desenvolvidas durante o século passado.


Centrais sindicais protestam contra regulamentação de terceirização

Centrais sindicais se uniram em uma manifestação ontem (6) contra o Projeto de Lei nº 4.330, que dispõe sobre a prestação de serviço terceirizado. Cerca de 200 dirigentes sindicais se reuniram com carro de som em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

De acordo com o presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores do Rio de Janeiro (NCST-Rio), Sebastião José da Silva, o projeto torna precárias as relações de trabalho. “Esse projeto acaba com a legislação trabalhista, acaba com os direitos dos trabalhadores. A legislação trabalhista vai para o buraco”, disse. Para ele, “não há o que negociar no projeto, que atende exclusivamente aos empregadores, que não querem mais ter responsabilidades com os direitos dos trabalhadores”.

O sindicalista disse que a terceirização é prevista nas leis trabalhista, mas falta regulamentação. “Acontece que a gente ainda consegue responsabilizar o tomador do serviço na Justiça, quando ele terceiriza de modo inadequado”, explicou. Mas, segundo ele, “com a proposta, você não consegue mais responsabilizar o tomador. E aí o trabalhador vai receber aonde? Você abre uma empresa, ganha uma licitação. No ano seguinte perde a licitação, fecha as portas e não paga ninguém. É isso que acontece. Então, a gente tem que coibir isso, e não legalizar”.

As centrais sindicais convocaram uma manifestação em Brasília para os dias 13 e 14 de agosto e uma greve geral no dia 30, para pressionar o governo a dar maior agilidade à pauta dos trabalhadores, como a reforma política, o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho.

A Firjan foi procurada, mas não respondeu até o fechamento da matéria. No site da entidade, uma notícia publicada na segunda-feira (5) diz que o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, se encontrou com ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, e pediu apoio para a aprovação do Projeto de Lei 4.330, sob o argumento de que a terceirização é uma realidade e que o objetivo do projeto não é autorizar as contratações indiretas indiscriminadamente, mas as restringir a atividades especializadas, sem que a empresa contratante deixe de fiscalizar a aplicação dos direitos trabalhistas pelas empresas contratadas.

O projeto, de autoria do deputado Sandro Mabel (PL-GO), está em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e tramita em caráter conclusivo, ou seja, se não houver requisição, não precisa ir para análise do plenário da casa.


Além do presidente da NCST-Rio participaram da manifestação representantes da Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

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