Além de não estar dando a devida e merecida atenção ao Promef, a
Petrobrás, por razões que só ela conhece, não deu a devida atenção ao projeto
EBN, que previa a contratação de longo prazo, de pelo menos 39 navios tanque de
bandeira brasileira. Estes navios seriam encomendados por empresas de navegação
brasileira e afretados à estatal, em modelo semelhante ao que acontece com as
embarcações de apoio marítimo.
Isso joga apenas contra o bom-senso e a lógica de um governo que assumiu
com a proposta de não apenas continuar seu antecessor, mas de aprofundar e
aperfeiçoar as mudanças que foram iniciadas nos oito anos que o antecedeu.
Ao contrário, quando a política de uma empresa como a Petrobras muda de
forma tão radical, arriscamos seriamente de jogarmos fora alguns bilhões
investidos no ressurgimento de nossa indústria naval, deixarmos desempregados
milhares de trabalhadores, que foram treinados com dinheiro do Estado para
tripularem estes navios, além de perder a oportunidade de se tornar um player
em um setor altamente rentável e que poucos países conseguem concorrer.
O Brasil tem que
escolher entre ser um detentor de tecnologia, disputando mercado de produtos de
alto valor agregado com os grandes, ou ser apenas um exportador de commodities
e produtos primários ou semimanufaturados.
A atitude atual da
Petrobras é um equívoco e um retrocesso, que pode significar ao país e à
própria estatal muito mais do que alguns dólares poupados no curto prazo, pode
custar sua autonomia, o desperdício do dinheiro público e a soberania nacional
nos mares.
Projeto EBN
Por Sergio Barreto Motta
Há alguns anos, a Petrobras anunciou um
projeto revolucionário. Além de encomendar 49 navios através de sua subsidiária
Transpetro – dos quais três ainda sem contrato assinado – a estatal lançou o
projeto EBN – de Empresa Brasileira de Navegação – prevendo construção de 39
navios.
O sistema funcionaria de modo parecido
com o de barcos de apoio, em que a estatal não se torna dona dos navios, mas
garante contratos de longo prazo – neste caso, de 15 anos – para que empresas
privadas, com essa garantia de operação, encomendem navios. O método é um ovo
de Colombo, pois ninguém perde e todos ganham.
Mas, na prática, o projeto deu em água.
Sem anúncio formal, empresas privadas vêm anunciando desinteresse. Na mais
recente reunião do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante, a Pancoast
Navegação teve canceladas prioridades para quatro navios-tanque de 30 mil
toneladas, a exemplo de outras companhias que desistiram anteriormente do
projeto, não se sabe se por desinteresse da Petrobras ou oferta de remuneração
insuficiente para privados bancarem o investimento de longo prazo. Há
informações de que a Kingfisch também teria desistido do EBN.
Na revista Unificar, do Sindicato
Nacional dos Marítimos (Sindmar), afirmou o presidente da entidade, Severino
Almeida: “O projeto EBN não decolou e não vejo condições efetivas de decolar
agora”. Segundo Almeida, a Petrobras tem optado por alugar navios estrangeiros,
diretamente ou através da Transpetro. “A empresa-mãe, com suas ações de
afretamento, demonstra claramente sua intenção de afretar navios lá fora”,
declarou Almeida. A Petrobras não se pronunciou e fontes da estatal dizem que
estão sendo feitos “ajustes”.
Gostei de seu artigo. Tenho pesquisado na net e poucas informações esclarecedoras como seu artigo, encontrei.
ResponderExcluirTudo isso que o sr. escreveu se resolve na pressão aos agentes políticos. Cabe à classe marítima se organizar. Vou estar atento ao seu blog inclusive ler os demais artigos. Obrigado!
Oi João Aurelio. É isso aí que você disse, a classe marítima precisa estar unida. Na verdade já temos instrumentos para pressionar e trabalhar por melhoras em nosso setor, e essas ferramentas são os sindicatos de classe, FNTTAA e CONTTMAF. Mas precisamos participar e apoiar mais na vida dessas instituições, além de cobrar é claro
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