sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Blog dos Mercantes: mudanças de estratégia na Petrobras são lesivas ao país e aos trabalhadores

Além de não estar dando a devida e merecida atenção ao Promef, a Petrobrás, por razões que só ela conhece, não deu a devida atenção ao projeto EBN, que previa a contratação de longo prazo, de pelo menos 39 navios tanque de bandeira brasileira. Estes navios seriam encomendados por empresas de navegação brasileira e afretados à estatal, em modelo semelhante ao que acontece com as embarcações de apoio marítimo.

Isso joga apenas contra o bom-senso e a lógica de um governo que assumiu com a proposta de não apenas continuar seu antecessor, mas de aprofundar e aperfeiçoar as mudanças que foram iniciadas nos oito anos que o antecedeu.

Ao contrário, quando a política de uma empresa como a Petrobras muda de forma tão radical, arriscamos seriamente de jogarmos fora alguns bilhões investidos no ressurgimento de nossa indústria naval, deixarmos desempregados milhares de trabalhadores, que foram treinados com dinheiro do Estado para tripularem estes navios, além de perder a oportunidade de se tornar um player em um setor altamente rentável e que poucos países conseguem concorrer.

O Brasil tem que escolher entre ser um detentor de tecnologia, disputando mercado de produtos de alto valor agregado com os grandes, ou ser apenas um exportador de commodities e produtos primários ou semimanufaturados.

A atitude atual da Petrobras é um equívoco e um retrocesso, que pode significar ao país e à própria estatal muito mais do que alguns dólares poupados no curto prazo, pode custar sua autonomia, o desperdício do dinheiro público e a soberania nacional nos mares.


Projeto EBN

Por Sergio Barreto Motta

Há alguns anos, a Petrobras anunciou um projeto revolucionário. Além de encomendar 49 navios através de sua subsidiária Transpetro – dos quais três ainda sem contrato assinado – a estatal lançou o projeto EBN – de Empresa Brasileira de Navegação – prevendo construção de 39 navios.

O sistema funcionaria de modo parecido com o de barcos de apoio, em que a estatal não se torna dona dos navios, mas garante contratos de longo prazo – neste caso, de 15 anos – para que empresas privadas, com essa garantia de operação, encomendem navios. O método é um ovo de Colombo, pois ninguém perde e todos ganham.

Mas, na prática, o projeto deu em água. Sem anúncio formal, empresas privadas vêm anunciando desinteresse. Na mais recente reunião do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante, a Pancoast Navegação teve canceladas prioridades para quatro navios-tanque de 30 mil toneladas, a exemplo de outras companhias que desistiram anteriormente do projeto, não se sabe se por desinteresse da Petrobras ou oferta de remuneração insuficiente para privados bancarem o investimento de longo prazo. Há informações de que a Kingfisch também teria desistido do EBN.


Na revista Unificar, do Sindicato Nacional dos Marítimos (Sindmar), afirmou o presidente da entidade, Severino Almeida: “O projeto EBN não decolou e não vejo condições efetivas de decolar agora”. Segundo Almeida, a Petrobras tem optado por alugar navios estrangeiros, diretamente ou através da Transpetro. “A empresa-mãe, com suas ações de afretamento, demonstra claramente sua intenção de afretar navios lá fora”, declarou Almeida. A Petrobras não se pronunciou e fontes da estatal dizem que estão sendo feitos “ajustes”.

2 comentários:

  1. Gostei de seu artigo. Tenho pesquisado na net e poucas informações esclarecedoras como seu artigo, encontrei.
    Tudo isso que o sr. escreveu se resolve na pressão aos agentes políticos. Cabe à classe marítima se organizar. Vou estar atento ao seu blog inclusive ler os demais artigos. Obrigado!

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    1. Oi João Aurelio. É isso aí que você disse, a classe marítima precisa estar unida. Na verdade já temos instrumentos para pressionar e trabalhar por melhoras em nosso setor, e essas ferramentas são os sindicatos de classe, FNTTAA e CONTTMAF. Mas precisamos participar e apoiar mais na vida dessas instituições, além de cobrar é claro

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