terça-feira, 18 de novembro de 2014

Blog dos Mercantes detecta novo apagão

 Assim como fizeram com a aviação e com a Marinha Mercante, agora a bola da vez são os portos. Com uma leitura errada e propositalmente distorcida da realidade, as previsões são de caos no sistema portuário brasileiro, algo que, sem dúvidas, afetaria muito negativamente a economia brasileira.

O blogueiro não nega que precisamos de investimentos e mudanças no sistema, tanto que os cobramos aqui com certa frequência, mas daí a dizer que o sistema irá entrar em colapso, e ainda dar um prazo para isso, não passa de alarmismo barato.

E damos suporte a nossas palavras por posts que publicamos não faz muito tempo, onde mostrávamos que os investimentos estão aparecendo e irão se consolidar nos próximos anos. Claro, num setor onde as super e infraestruturas são gigantescas, os investimentos levam algum tempo até estarem consolidados, mas a realidade é que nada indica que venhamos a ter uma saturação do sistema, ou nada que já não tenhamos tido antes, como as enormes filas de caminhões em Paranaguá, ou a superlotação do porto de Santos.

Precisamos dos investimentos nos portos, assim como precisamos da consolidação dos investimentos e de novos na Marinha Mercante, pois a não concretização e o atraso de muitos dos projetos já criou desemprego preocupante no setor, onde antes reinava o equilíbrio.

Mas entre a necessidade de investimentos e o alarmismo barato vai um longo caminho e normalmente ele tenta ser driblado usando-se os “atalhos” tão conhecidos, que levam a lucro fácil, rápido e às custas do erário público e de piores condições para o trabalhador, ou seja dos impostos pagos por milhões de brasileiros e da precarização da situação de boa parte deles.

Nas últimas duas décadas a imprensa brasileira vem se especializando em ser o arauto da desgraça para que alguns recebam as benesses da Fortuna, e isso em detrimento da população do país. Abram o olho quanto a essas situações, elas normalmente não passam de pressões de grupos econômicos para conseguirem vantagens indevidas.


Em 2015, portos esgotarão potencial

Responsável por 90% das exportações brasileiras, o setor portuário está com problemas operacionais e administrativos que comprometem seriamente a qualidade do serviço prestado. A falta de acessos às rodovias e às ferrovias vem causando um alto custo de movimentação de contêineres – o mais alto do mundo, U$S 200 por unidade. Sem investimentos, a capacidade dos portos brasileiros será esgotada em 2015.

O primeiro alerta sobre a má condição do setor foi dado em 2009, quando o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou um ranking a partir da análise da qualidade do setor portuário de 134 países. O Brasil ficou em 123˚ lugar. Na época, o estudo apontou a necessidade de realizar 265 obras de infraestrutura para reverter o quadro, a um custo estimado de R$ 43 bilhões.

Entre 2003 e 2013, no entanto, os portos gastaram apenas 47% dos recursos previstos. “Nesse período, também o governo autorizou investimentos públicos totalizando R$19,46 bilhões, mas apenas R$ 9, 29 bilhões foram usados”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) Wilen Manteli. “Entraves burocráticos impediram que o dinheiro fosse aplicado em melhorias. Há um excesso de órgãos, que não trabalham no mesmo sentido e com o mesmo objetivo. Isso gera atrasos.”

Há também dificuldade de acesso aos portos. O porto de Santos, por exemplo, transporta 13% da carga por trens, que atingem velocidade média de 23 km/h. Os vagões americanos de carga circulam a 80 km/h. Santos tem o maior porto da América Latina. Em 2013, movimentou 114 milhões de toneladas, a maior parte (87%) transportada por rodovias, que não comportam o volume dos caminhões.

No ano passado, quando o Brasil teve safra recorde de grãos, o sistema Anchieta-Imigrantes, a principal via de ligação ao litoral paulista, parou com um congestionamento de 20 quilômetros. O porto ficou com fila de espera média de uma semana para os navios atracarem – um caos.

“Há necessidade de aumentar a infraestrutura rodoviária e ferroviária de acesso aos portos”, diz Renato Fares Khalil, professor da Unisantos. “Mas não adianta melhorar o acesso terrestre se não houver lugar nos portos.” Greves e demora no desembaraço de mercadorias também atrapalham.

No ano passado, o complexo portuário movimentou 931 milhões de toneladas de carga bruta, 2,9% amais que no ano anterior. Entre 2010 e 2011, a alta havia sido de 6,25%. Os números evidenciam queda na movimentação. De acordo com projeção feita pela Secretaria Especial de Portos, o déficit pode alcançar 487 milhões de toneladas até 2030.

ENTRAVE
O Tribunal de Contas da União (TCU) não liberou a licitação dos portos de Santos, em São Paulo, e de Santarém e Vila do Conde, de Outeiro e Miramar, no Pará, que envolvem o arrendamento de 159 áreas. O TCU exigiu o cumprimento de 19 adequações, que estão em discussão.

Governo pretende atrair R$5,2 bi

Para evitar o esgotamento da capacidade de transporte dos portos, o Governo tem plano de construir e ampliar 42 novos portos privados até o fim deste ano e com isso atrair investimentos de R$ 5,2 bilhões nos próximos anos. Vinte e dois projetos foram liberados no ano passado. As obras idealizadas para os portos têm por objetivo ampliar a capacidade de movimentação de carga para o mesmo patamar atual do Porto de Santos: 114 milhões de toneladas por ano.

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