O blogueiro não nega que
precisamos de investimentos e mudanças no sistema, tanto que os cobramos aqui
com certa frequência, mas daí a dizer que o sistema irá entrar em colapso, e
ainda dar um prazo para isso, não passa de alarmismo barato.
E damos suporte a nossas palavras
por posts que publicamos não faz muito tempo, onde mostrávamos que os
investimentos estão aparecendo e irão se consolidar nos próximos anos. Claro, num
setor onde as super e infraestruturas são gigantescas, os investimentos levam
algum tempo até estarem consolidados, mas a realidade é que nada indica que
venhamos a ter uma saturação do sistema, ou nada que já não tenhamos tido
antes, como as enormes filas de caminhões em Paranaguá, ou a superlotação do
porto de Santos.
Precisamos dos investimentos nos
portos, assim como precisamos da consolidação dos investimentos e de novos na
Marinha Mercante, pois a não concretização e o atraso de muitos dos projetos já
criou desemprego preocupante no setor, onde antes reinava o equilíbrio.
Mas entre a necessidade de
investimentos e o alarmismo barato vai um longo caminho e normalmente ele tenta
ser driblado usando-se os “atalhos” tão conhecidos, que levam a lucro fácil,
rápido e às custas do erário público e de piores condições para o trabalhador,
ou seja dos impostos pagos por milhões de brasileiros e da precarização da
situação de boa parte deles.
Nas últimas duas décadas a
imprensa brasileira vem se especializando em ser o arauto da desgraça para que
alguns recebam as benesses da Fortuna, e isso em detrimento da população do
país. Abram o olho quanto a essas situações, elas normalmente não passam de
pressões de grupos econômicos para conseguirem vantagens indevidas.
Em 2015, portos esgotarão potencial
Responsável por 90% das exportações
brasileiras, o setor portuário está com problemas operacionais e
administrativos que comprometem seriamente a qualidade do serviço prestado. A
falta de acessos às rodovias e às ferrovias vem causando um alto custo de
movimentação de contêineres – o mais alto do mundo, U$S 200 por unidade. Sem
investimentos, a capacidade dos portos brasileiros será esgotada em 2015.
O primeiro alerta sobre a má condição
do setor foi dado em 2009, quando o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) realizou um ranking a partir da análise da qualidade do setor portuário
de 134 países. O Brasil ficou em 123˚ lugar. Na época, o estudo apontou a
necessidade de realizar 265 obras de infraestrutura para reverter o quadro, a
um custo estimado de R$ 43 bilhões.
Entre 2003 e 2013, no entanto, os
portos gastaram apenas 47% dos recursos previstos. “Nesse período, também o
governo autorizou investimentos públicos totalizando R$19,46 bilhões, mas
apenas R$ 9, 29 bilhões foram usados”, afirma o presidente da Associação
Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) Wilen Manteli. “Entraves
burocráticos impediram que o dinheiro fosse aplicado em melhorias. Há um
excesso de órgãos, que não trabalham no mesmo sentido e com o mesmo objetivo.
Isso gera atrasos.”
Há também dificuldade de acesso aos
portos. O porto de Santos, por exemplo, transporta 13% da carga por trens, que
atingem velocidade média de 23 km/h. Os vagões americanos de carga circulam a
80 km/h. Santos tem o maior porto da América Latina. Em 2013, movimentou 114
milhões de toneladas, a maior parte (87%) transportada por rodovias, que não
comportam o volume dos caminhões.
No ano passado, quando o Brasil teve
safra recorde de grãos, o sistema Anchieta-Imigrantes, a principal via de
ligação ao litoral paulista, parou com um congestionamento de 20 quilômetros. O
porto ficou com fila de espera média de uma semana para os navios atracarem –
um caos.
“Há necessidade de aumentar a
infraestrutura rodoviária e ferroviária de acesso aos portos”, diz Renato Fares
Khalil, professor da Unisantos. “Mas não adianta melhorar o acesso terrestre se
não houver lugar nos portos.” Greves e demora no desembaraço de mercadorias
também atrapalham.
No ano passado, o complexo portuário
movimentou 931 milhões de toneladas de carga bruta, 2,9% amais que no ano
anterior. Entre 2010 e 2011, a alta havia sido de 6,25%. Os números evidenciam
queda na movimentação. De acordo com projeção feita pela Secretaria Especial de
Portos, o déficit pode alcançar 487 milhões de toneladas até 2030.
ENTRAVE
O Tribunal de Contas da União (TCU)
não liberou a licitação dos portos de Santos, em São Paulo, e de Santarém e
Vila do Conde, de Outeiro e Miramar, no Pará, que envolvem o arrendamento de
159 áreas. O TCU exigiu o cumprimento de 19 adequações, que estão em discussão.
Governo pretende atrair R$5,2 bi
Para evitar o esgotamento da
capacidade de transporte dos portos, o Governo tem plano de construir e ampliar
42 novos portos privados até o fim deste ano e com isso atrair investimentos de
R$ 5,2 bilhões nos próximos anos. Vinte e dois projetos foram liberados no ano
passado. As obras idealizadas para os portos têm por objetivo ampliar a
capacidade de movimentação de carga para o mesmo patamar atual do Porto de
Santos: 114 milhões de toneladas por ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário