Setor marítimo a perigo
Previsão de naufrágio no setor marítimo pode ser puxado pela Petrobrás,
mas pode atingir outras áreas também ligadas ao setor
No artigo abaixo, veiculado pelo Monitor Mercantil, Severino Almeida destrói a falácia de que as encomendas da Petrobrás/Transpetro significam aumento da frota, mas apenas a substituição de navios antigos e obsoletos. Dessa forma a maior empresa brasileira de navegação continua fazendo largo uso de embarcações afretadas para o transporte de seus produtos, o que vem em prejuízo de marítimos e outros trabalhadores ligados ao setor.
Como bem lembra o presidente do Sindmar, quando se fala de corte de custos no Brasil, um dos primeiros a serem afetados é o Fundo de Marinha Mercante, administrado hoje em dia pelo BNDES, mas que conta com recursos próprios, pois advém de taxas cobradas sobre os fretes marítimos do comércio brasileiro, e não de uma benesse do Tesouro da União.
Isso sem falar do retrocesso que seria, e do desperdício de toda uma política que tirou a Marinha Mercante e seus setores coligados da inércia, mas que ainda não é suficiente para que ela siga caminhando com as próprias forças.
E tudo isso vem contra os interesses de milhões de pessoas, que vivem do setor marítimo no Brasil, seja na construção naval, nas administrações de empresas ligadas ao setor, nas operações de embarcações e plataformas, ou mesmo dos empresários, que vêm os recursos para investimentos drasticamente reduzidos.
E enquanto isso nossas autoridades seguem despejando no mercado de trabalho milhares de tripulantes mercantes todos os anos, fruto de pressões de armadores - notadamente empresas estrangeiras - como forma de desequilibrar um mercado de trabalho que, outrora equilibrado, agora já apresenta desemprego e dificuldades para os trabalhadores do setor.
Tudo fruto de um governo que se diz de trabalhadores, mas que aceitou candidamente as pressões de empresários e empresas estrangeiras, previsões essas ufanistas e completamente fora da realidade. Isso apesar dos avisos constantes das classes formadas por aqueles que o atual governo diz "apoiar".
E como já aconteceu com milhares de outros profissionais, que foram formados e não conseguiram colocação no mercado de trabalho, esses mercantes também irão buscar outras fontes de sobrevivência, e sabem quando os veremos a bordo de novo? A maioria nunca!
Assim, a formação em massa de marítimos só atinge o mercado de forma pontual e momentânea, às custas de volumosos recursos da Nação, e atendem aos interesses de um grupo muito pequeno de pessoas (a maioria estrangeiras). Até quando veremos nossos governos repetindo os mesmos erros?
Monitor Mercantil – Coluna – 03/12/2014
Marítimos temem retrocesso no mar
Sergio Barreto Motta
Reproduzido em Portos e Navios e Conexão Marítima
O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante, (Sindmar), Severino Almeida, mostra-se preocupado com os rumos da marinha mercante para o segundo período de governo de Dilma Rousseff. Afirma que os 46 navios encomendados pela Transpetro, na gestão de Sérgio Machado, foram importantíssimos, mas ao contrário do que pensa a maioria, não representarão aumento de frota da estatal.
– As magníficas encomendas feitas a partir de 2003 apenas irão conter a queda da frota própria da Transpetro. Mesmo com as encomendas feitas por Lula e Dilma, o único efeito positivo é o de se evitar maior redução na frota, pois há décadas não havia encomendas de reposição da frota própria. A estatal está aposentando navios velhos e é obrigada a cada dia usar mais navios estrangeiros em regime de afretamento, o que é ruim para a construção naval e para os marítimos.
Também em relação à entrada em cena de Joaquim Levy, no Ministério da Fazenda, Severino levanta apreensões.
– Boa parte da imprensa diz que Levy sabe fazer cortes de forma criteriosa, mas a história mostra que toda vez em que se dá o poder de corte à área financeira, o Fundo de Marinha Mercante, que financia a construção de navios, é um dos mais prejudicados – cita.
Segundo Almeida, em vez de pensar em cortes de encomendas, o governo deveria fortalecer as empresas brasileiras de navegação para atuar na cabotagem e ajudá-las a voltar a operar em rotas internacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário