Plataforma de petróleo - foto da internet
O petróleo que se encontra em
nossos mares territoriais e de zona de exploração econômica exclusiva é uma
riqueza enorme. As potencialidades do país crescem exponencialmente com sua
exploração, mas nosso futuro será ditado muito mais pela maneira que aplicarmos
essas riquezas, do que unicamente pela sua existência.
O Brasil tem hoje uma economia
muito mais diversificada que há cinquenta anos, mas o mundo continua nos vendo
como um enorme exportador de commodities. Nada contra isso, mas devemos nos
firmar também em outras áreas, principalmente na pesquisa e tecnologias de
ponta, pois por maior que sejam nossas jazidas minerais terrestres e no subsolo
marinho, um dia elas acabarão, e aí viveremos de que?
Por isso agora é a hora de
investirmos fortemente em educação, para formarmos não uma elite privilegiada e
detentora de saber, mas uma população ampla, capaz de se sobressair e disputar
mercados em áreas que ainda nos são totalmente inexploradas.
Já iniciamos isso através do
Projeto de Lei, enviada ao Congresso pela presidente Dilma, e que destina os
recursos advindos do petróleo à educação e saúde. Mas só isso não é suficiente.
Precisamos urgentemente melhorar a qualidade dos investimentos feitos, e distribuí-los
de forma equilibrada através do país, dando oportunidades a todos os cidadãos.
Somente assim iremos realmente
ter condições de subir mais um degrau em direção ao desenvolvimento.
Novo
patamar
Roberto
Rockmann
O pré-sal
poderá posicionar o Brasil como um dos maiores exportadores de petróleo do
mundo, com um excedente que pode superar 1,5 milhão de barris por dia, em um
momento em que a demanda pelo insumo não será mais liderada pelos EUA, mas pela
Ásia.
Essa nova
fronteira de exploração também vai mudar o ranking das áreas produtoras de óleo
no país, reduzindo a participação da Bacia de Campos e do Rio de Janeiro. Além
disso, deverá promover debates sobre o destino dessa produção e ampliar a
presença da China no mercado de energia do Brasil.
Há 20 anos,
mais de 85% da produção de petróleo no Brasil vinham de poços na Bacia de
Campos. Em junho, eram 75%, enquanto a Bacia de Santos já respondia hoje por
15%. São Paulo responde por 8% da oferta de óleo e 14% do gás doméstico. Em
relação à produção por operador, 90% do petróleo vêm de poços da Petrobras,
enquanto Shell e Statoil respondem, respectivamente, por 3,9% e 3,3%, segundo
dados de junho da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com a exploração gradual
do pré-sal, a Bacia de Santos e o Estado de São Paulo devem aumentar sua
presença na exploração e produção, enquanto operadoras como a Shell, a francesa
Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC, que venceram com a Petrobras a
licitação do megacampo de Libra no ano passado, devem reforçar sua presença em
território brasileiro.
Segundo
José de Sá, sócio da Bain & Co, os resultados da campanha exploratória
serão acompanhados de perto pelas empresas em todo o mundo, para avaliar os
custos e os prazos do projeto. Nos últimos anos, muitos têm sofrido com atrasos
e alta de preços, o que tem prejudicado o balanço de algumas petroleiras.
Para a
Petrobras, o desafio não é pequeno. A empresa prevê chegar ao início da próxima
década com uma produção de quatro milhões de barris por dia, o dobro do que
extrai hoje. Ou seja, a estatal, que levou 60 anos para chegar à marca de dois
milhões de barris por dia, pretende dobrar esse patamar em apenas sete anos. O
pré-sal, que responde por 22% do total da produção atual da empresa, responderá
em 2018 por 52% do total. Serão 19 novas unidades de produção instaladas na
Bacia de Santos até o fim daquele ano. Com esses projetos, a expectativa é de
que a produção de petróleo exclusivamente nas áreas do pré-sal, em 2017,
ultrapasse a barreira de um milhão de barris por dia. Entre 2014 e 2018, a
estatal prevê investir US$ 220 bilhões, o maior programa de investimento de uma
petroleira no mundo.
Em 13 de
julho, a produção da camada pré-sal das bacias de Santos e Campos atingiu a
marca de 546 mil barris diários, um novo recorde. A produtividade média por
poço em operação comercial no polo da Bacia de Santos tem sido de 25 mil barris
de petróleo por dia, maior que a registrada no Mar do Norte (15 mil barris de
petróleo por poço/dia) e no Golfo do México (10 mil barris de petróleo por
poço/dia). "Nossas reservas têm o diferencial de estar próximas ao maior mercado
consumidor de energia do país, o que resulta em alta competitividade. Em quatro
anos, com base em 2010, nossa produção no pré-sal cresceu dez vezes", diz
a presidente da estatal, Maria Graça Foster.
Publicado
recentemente, relatório da BP aponta que a participação do Brasil no mercado
mundial irá crescer até 2035. O pré-sal se converterá em uma das principais
províncias petrolíferas do planeta, o que fará o Brasil se tornar um exportador
de energia e o maior produtor do setor na América do Sul. Mais da metade do
crescimento da produção de petróleo do mundo até 2035 virá de fontes fora da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o aumento da
produção de óleo de xisto dos EUA, areias petrolíferas canadenses e águas
profundas do Brasil.
A
revolução do gás de xisto nos EUA e a urbanização chinesa alteraram a dinâmica
da demanda global do mercado de energia. Hoje o país asiático, que produz cerca
de quatro milhões de barris por dia, importa outros seis milhões de barris
diários e processa dez milhões de barris diários, é o principal comprador de
petróleo no mundo. O apetite chinês deve continuar em alta ao longo das
próximas duas décadas. A taxa de motorização na maior economia emergente é de
50 veículos por 1000 habitantes, um terço da apurada na Coreia do Sul. Outros
fatores impulsionarão a demanda chinesa.
"A
matriz energética chinesa é baseada em carvão, transportado por ferrovias, que
usam muito diesel; o minério segue em navios, que consomem muito combustível, e
o país ainda tem demanda grande de petroquímicos, por conta da construção civil
e bens de consumo", diz Alexandre Szklo, professor de planejamento
energético da Coppe da UFRJ. Simulações da instituição estimam que o excedente
de exportação do Brasil pode ficar entre 1,5 milhão de barris por dia a dois
milhões de barris por dia na próxima década, sendo a Ásia o principal mercado
comprador.
Simulações realizadas pela
instituição ainda apontam que o barril de petróleo do pré-sal tem de estar
acima de US$ 80 para permitir a remuneração no parque refinador chinês.
"Pode cair abaixo desse preço, mas não é o cenário mais provável, teria de
haver uma ampla rearticulação do Iraque, que produzia cinco milhões de barris
por dia na década de 1970 e hoje produz pouco menos de dois milhões",
destaca.
A participação chinesa no setor de
petróleo nacional vem crescendo, segundo estudo dos professores Edmar de
Almeida e Helder Consoli, do Instituto de Energia da UFRJ. Em 2010, a China
superou os EUA, tornando-se o maior comprador. Enquanto em 2003, o valor das
exportações de petróleo do Brasil para a China eram 0,5% do total, em 2013 os
embarques saltaram para 8,7%. Apesar disso, o Brasil representa apenas 2% do
petróleo importado pelos chineses. Ou seja, ainda há muito espaço para crescer.
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