sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Se estava ruim, vai piorar

A reportagem da BBC trás informações importantes para o Brasil. As ações de Bolsonaro e sua equipe de amadores ideologizados deixou o país aberto a retaliações, e elas não poderão ser contestadas nos órgãos regulatórios internacionais (como a OMC). E o documento que Biden recebeu apenas solicita que essas retaliações se iniciem, e que os EUA liderem as ações nesse sentido. A verdade é que os acordos celebrados entre os governos Bolsonaro e Trump beneficiam apenas o país do Norte, mas acordos anteriores não foram feitos em bases tão toscas, e são esses acordos anteriores que estão em risco.

Apesar de muitos pensarem que isso não pode ocorrer, a verdade é que isso será implementado por Biden, porque os EUA só respeitam quem se faz respeitar, e também porque ele precisa tomar alguma atitude que o coloque novamente como líder do bloco ocidental, algo que, por vários e repetidos erros, que ocorreram por décadas, está ameaçado exatamente pela liderança de um país oriental: a China.

Após 3 décadas de desindustrialização, de retirada de possibilidades de desenvolvimento do país, de dependência extrema do estrangeiro, e de aposta apenas em tornar o país uma neo-colônia, numa busca incessante e tresloucada de tirar toda e qualquer oportunidade de participação na vida política e econômica da população brasileira, e sucessivas sabotagens em sua impressionante capacidade de se reinventar e buscar novas soluções, o Brasil hoje é um dos países mais frágeis em sua capacidade de resposta a situações como essas.

Toda essa situação se agrava devido ao atual (des)governo brasileiro que, mais do que nenhum outro, não se preocupa absolutamente nada com o povo, e ainda menos com o país. Como a ameaça é apenas econômica, e irá afetar realmente à população brasileira, já que o Presidente e seus correligionários estarão protegidos dentro das castas criadas no setor público brasileiro, a grande probabilidade é que o Presidente tente capitalizar isso, mais uma vez, com a ideologização rasa do já mofado discurso capitalismo x comunismo.

E acredito nem isso fará com que a tacanha elite brasileira mude sua opinião sobre a necessidade de se retirar o criminoso Presidente e a turba que o acompanha em suas tresloucadas e irresponsáveis ações, porque a verdade é que essa elite não é desenvolvimentista, não é neoliberal, não é ideológica, ela é apenas rapineira, e a única coisa que quer é colocar o patrimônio público em saldo, para poder participar do butim ao Estado Brasileiro como forma de aumentar seus ganhos, mesmo que no futuro eles acabem por perder este patrimônio para países estrangeiros.

Se nada de diferente for feito, no fim das contas quem sofrerá mais uma vez será o povo brasileiro.

O Brasil precisa mudar, ou a tendência é perder de vez o bonde dessa história.

Biden recebe dossiê recomendando suspensão de acordos entre EUA e governo Bolsonaro

Ricardo Senra
Da BBC News Brasil em Londres
3 fevereiro 2021

Quatro meses depois de fazer críticas públicas contra o desmatamento no Brasil, o presidente Joe Biden e membros do alto escalão do novo governo dos EUA receberam nesta semana um longo dossiê que pede o congelamento de acordos, negociações e alianças políticas com o Brasil enquanto Jair Bolsonaro estiver na Presidência.

O documento de 31 páginas, ao qual a BBC News Brasil teve acesso, condena a aproximação entre os dois países nos últimos dois anos e aponta que a aliança entre Donald Trump e seu par brasileiro teria colocado em xeque o papel de "Washington como um parceiro confiável na luta pela proteção e expansão da democracia".

"A relação especialmente próxima entre os dois presidentes foi um fator central na legitimação de Bolsonaro e suas tendências autoritárias", diz o texto, que recomenda que Biden restrinja importações de madeira, soja e carne do Brasil, "a menos que se possa confirmar que as importações não estão vinculadas ao desmatamento ou abusos dos direitos humanos", por meio de ordem executiva ou via Congresso.


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