Temos vivido nos últimos tempos um crescente ataque aos nossos postos de trabalho e às conquistas duramente conseguidas através de nossa ação sindical, que, de forma competente e habilidosa, garantiu não só nossa presença a bordo, como também o avanço de nossas relações econômicas e sociais com os armadores.
Não é de hoje que ouço de companheiros e companheiras que o nosso sindicato não faz nada por eles. Gostaria de saber o que eles querem. Ouço muitos companheiros reclamando da falta de atenção de seu sindicato. Gostaria de saber o que eles pensam que é a atenção de um sindicato. Ouço também reclamações quanto à falta de transparência e comunicação da instituição, como forma de manter o poder sobre a mesma. Posso dizer que poucas vezes vi um sindicato que circula mais informações e com tanta qualidade como o nosso. Assim também gostaria de saber qual é a visão de transparência que essas pessoas têm.
A profissão daqueles que operam os transportes não é igual à daqueles que trabalham em fábricas, comércios e escritórios. Nós nos movemos, muitas vezes a enormes distâncias; nós nos dispersamos, igualmente por enormes distâncias; e principalmente costumamos nos isolar em nosso microcosmo móvel na ilusão de que ele é o mundo e dele emanam todas as necessidades e soluções. Na atividade marítima isso se exacerba e se faz presente como em nenhuma outra atividade.
Tudo isso é inerente à característica da atividade no transporte, e da própria espécie humana, que tem a tendência de comparar e analisar tudo sob uma visão individualista e, portanto, restritiva e simplista.
Outra característica da espécie humana é a insatisfação. Isso é importante no momento em que nos motiva a buscar mais e melhor, mas é perigosa quando não conseguimos diferenciar a busca por melhorias com o não reconhecimento das conquistas.
Temos que ter cuidado em não ultrapassar a linha tênue entre análises e críticas embasadas, para o puro lamento sem sentido, causa ou objetivo. E ainda que a diferença entre as duas coisas também seja bem tênue, o resultado é extremamente diferente.
Quando analisamos situações e apresentamos críticas, temos o dever e a oportunidade de apresentar propostas para sanar os diversos problemas com os quais nos deparamos. Isso é altamente saudável e leva ao avanço de nosso sindicato e da democracia em nosso meio.
Ao contrário, quando entramos pelo viés de lamentações sem fundamento, não apenas criamos um clima desfavorável e deprimente, mas corremos o risco de levarmos outros a entrarem em uma espiral descendente, o que só leva à falta de objetividade e a tomadas de decisões perigosas e equivocadas.
Com essa linha de pensamento há um grupo de companheiros que vem se utilizando de blogs e outros meios para fazerem análises totalmente equivocadas de nossa realidade. Misturando e divulgando informações desencontradas, fazendo ataques pessoais despropositados, tentando denegrir a imagem de uma só pessoa, atacam a muitos de uma só vez. Espalham inverdades e boatos infundados, que só se sustentam com os devaneios alucinados de suas mentes distorcidas.
Esse tipo de comportamento leva à anarquia, à desinformação e à desunião. Também é ótimo para denegrir a imagem, não de um indivíduo, mas sim de nossa categoria. Ao contrário de fazerem um serviço à Marinha Mercante Brasileira, fazem um excelente trabalho para armadores estrangeiros que nos vêm atacando. Mesmo que tenham boas intenções, conseguem resultados catastróficos.
Temos que ter cuidado para não cairmos em armadilhas como as descritas acima. Sindicato é um órgão político de classe, que devido à globalização, mais do que nunca, deve brigar por nossos postos de trabalho, por nossas condições salariais e sociais, por nossa dignidade e por nosso futuro. Tudo isso de forma coletiva, o que acaba se refletindo no individual, e com a participação de todos os associados, com ideias, atitudes e união.
Divergências, lutas internas por poder e pela supremacia de suas respectivas posições sempre haverá. Isso é parte da democracia e é ótimo para alavancar o desenvolvimento e melhoria da categoria como um todo. Mas como disse, isso é interno, e de forma interna deve ser tratado. Ataques pessoais são um sério risco ao bom senso, como ao futuro da categoria em si, uma vez que tiram o foco de assuntos sérios e urgentes, e o levam a mesquinharias sem fundamento e sentido.
Os mais jovens não viveram isso, mas os mais velhos e os que estão no meio do caminho lembram bem das péssimas condições que nos ofereciam nos anos 90. Nossa situação agora está longe daquela que levou muitos de nós a abandonarem a carreira, mas está delicada, o suficiente para retroceder a ela em pouco tempo.
Estamos em tempo de UNIÃO. Necessitamos de ideias, de ações e debates que nos fortaleçam e nos motive. Não é hora de politicagem barata.
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