Após um dia
de paralisação nas atividades portuárias em protesto à MP 595, a única atenção
dada ao evento foi o fato de que houve prejuízo com o mesmo. Ora, isso era
óbvio, qualquer greve convocada tem esse desdobramento.
Não que o
objetivo de uma greve seja esse. Mas é um meio de pressão válido para dobrar a
resistência que vai de encontro aos interesses de determinada categoria.
No caso dos
portuários o objetivo é o protesto contra a MP 595, que restringe os
trabalhadores portuários a trabalharem nas áreas do chamado “porto organizado”,
deixando novos portos e terminais livres para contratarem trabalhadores sem
qualificação, sem experiência e principalmente, não sindicalizados.
Mas não
vemos uma única linha sobre o motivo da paralisação. Ao contrário vemos uma
declaração do Sr. Wilen Manteli dizendo que o ideal era que não houvesse greve.
O que é uma grande bobagem.
Porque o
ideal é que não se atacassem empregos e direitos de trabalhadores. Seja de que
forma fosse.
Isso mostra
apenas como a matéria é tendenciosa e suspeita.
Mas como
dizem que mesmo as piores coisas têm um lado bom, o dessa matéria está bem no
finalzinho, em seu último parágrafo, quando demonstram a deficiência do sistema
logístico interno do país, que concentra um quantidade imensa de carga em
apenas um porto.
Porto esse antiquado e carga essa que já deveria ter sido distribuída em outros portos, de preferência mais modernos.
E o Blog
dos Mercantes complementa: isso é um dos fatores que causam atraso e lentidão
nos portos.
Mas o Blog dos Mercantes pergunta: com tantos problemas sérios, até quando a grande mídia vai ficar demonizando trabalhadores e direitos legítimos dos mesmos, quando temos tantos problemas reais e sérios a resolver?
Paralisação
em portos causou perdas de pelo menos R$ 7 mi
Por Luiza
Silvestrini
As empresas
que operam terminais no Porto de Santos tiveram, juntas, um prejuízo aproximado
de R$ 7 milhões na última quinta-feira, durante a paralisação dos estivadores,
segundo especialistas do setor.
De acordo com
a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), o custo diário por cada
embarcação parada no portos, aguardando para realizar carga e descarga, varia
de US$ 20 mil e US$ 50 mil. "Nessa época, a maior parte dos navios no
porto é graneleiro, então podemos nos basear em uma perda média de US$ 20 mil
por embarcação parada", afirmou o presidente da entidade, Wilen Manteli,
ao DCI.
O cálculo é
possível se considerarmos que, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp), presidida por Renato Barco, 13 navios atracados ficaram inoperantes
devido à falta dos estivadores, além de outros 80 que aguardavam para atracar
no porto. Segundo a assessoria de imprensa da Codesp, porém, o número e
embarcações na fila de espera não é anormal, principalmente para uma semana
chuvosa, já que a média de navios na fica costuma atingir 70 embarcações.
Manteli,
entretanto, critica o tempo de espera imposto aos navios no maior porto da
América Latina. "É preocupante, porque o ideal era que não houvesse filas,
e menos ainda uma greve. Em outros portos do mundo, a espera é de horas, aqui a
espera é de dias. Isso prejudica todo o processo produtivo do País",
afirmou.
Outros modais
Para a ABTP,
entretanto, o prejuízo total gerado pela paralisação é maior. "Os navios
são apenas uma parte das perdas. Uma paralisação como essa afeta toda a cadeia
produtiva. O caminhão, o trem, tudo sofre impacto" explicou Manteli.
Hoje, a
capacidade de recepção do Porto de Santos é de 735 caminhões na área do porto e
de 1500 veículos em dois pátios reguladores no município de Cubatão.
Especialistas ouvidos pelo DCI calculam, portanto, um prejuízo de mais de US$
1,1 milhão de dólares, considerando que o porto operava com capacidade máxima
na última quinta-feira, e que cada veículo parado tem um custo diário de US$
500 dólares.
De acordo com
a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, que
liga a capital paulista ao litoral, 7.644 veículos comerciais desceram a serra
na última quinta-feira e outros 8.077 subiram para a capital paulista.
Ainda segundo
a assessoria de imprensa da concessionária, porém, não houve formação de filas
nas estradas, já que a greve foi divulgada com antecedência, permitindo que as
empresas se organizassem, agendassem novos horários para entrega de cargas e
que a concessionária montasse desvios operacionais, que evitaram a formação de
congestionamentos.
A Embraport,
uma das empresas mais afetadas pela paralisação, já que chegou a ter o terminal
invadido por trabalhadores, inclusive com a ocupação de um navio, afirmou em
comunicado oficial que ainda avalia os danos provocados pelo protesto. "As
atividades da Embraport estão voltando à normalidade. Está sendo feito
levantamento sobre os danos causados pelos invasores à empresa e ao navio, e
também se fará análise das imagens captadas pelas câmeras do sistema de
segurança para a identificação de responsáveis", afirmou a empresa em
nota.
Movimentação
Apesar dos
prejuízos contabilizados por especialistas durante a paralisação, a assessoria
de imprensa da Codesp antecipou ontem ao DCI, que a movimentação de cargas no
Porto de Santos subiu 11,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado,
totalizando 9,32 milhões de toneladas movimentadas.
Passaram pelo
porto de 10 mil a 11 mil embarcações por dia, dos quais cerca de 25% eram
graneleiros, Os demais transportavam contêineres.
O número
fecha o melhor primeiro semestre da história, com uma movimentação total de 53,
7 milhões de toneladas, ante 47,04 milhões de toneladas no mesmo período do ano
passado, totalizando um crescimento de 14% no acumulado do ano. De acordo com a
assessoria de imprensa da Codesp, o número ainda deve crescer no segundo
semestre, já que, historicamente, agosto é o mês de maior movimentação no ano
para o porto, graças a uma série de fatores, como o momento da safra e as
condições climáticas.
Com isso, a
movimentação do segundo semestre deste ano deve ultrapassar a do mesmo período
do ano passado, que até agora é o recorde histórico do Porto de Santos, com
57,5 milhões de toneladas movimentadas.
Especialistas
do setor, entretanto ainda criticam as operações. "Não é nenhuma conquista
da Codesp esse maior movimento, é uma consequência do aumento da produção
agrícola brasileira, que cresce violentamente", afirmou o especialista em
portos e presidente do conselho da LOGZ Logística Brasil, Nelson Carlini.
"Além disso, isso evidencia a deficiência da logística interna brasileira,
já que a produção toda do Centro-Oeste tem, obrigatoriamente, que vir para
Santos para ser exportada", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário