quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Motivo da paralisação de portuários é ignorado

Após um dia de paralisação nas atividades portuárias em protesto à MP 595, a única atenção dada ao evento foi o fato de que houve prejuízo com o mesmo. Ora, isso era óbvio, qualquer greve convocada tem esse desdobramento.

Não que o objetivo de uma greve seja esse. Mas é um meio de pressão válido para dobrar a resistência que vai de encontro aos interesses de determinada categoria.

No caso dos portuários o objetivo é o protesto contra a MP 595, que restringe os trabalhadores portuários a trabalharem nas áreas do chamado “porto organizado”, deixando novos portos e terminais livres para contratarem trabalhadores sem qualificação, sem experiência e principalmente, não sindicalizados.

Mas não vemos uma única linha sobre o motivo da paralisação. Ao contrário vemos uma declaração do Sr. Wilen Manteli dizendo que o ideal era que não houvesse greve. O que é uma grande bobagem.

Porque o ideal é que não se atacassem empregos e direitos de trabalhadores. Seja de que forma fosse.
Isso mostra apenas como a matéria é tendenciosa e suspeita.

Mas como dizem que mesmo as piores coisas têm um lado bom, o dessa matéria está bem no finalzinho, em seu último parágrafo, quando demonstram a deficiência do sistema logístico interno do país, que concentra um quantidade imensa de carga em apenas um porto. 

Porto esse antiquado e carga essa que já deveria ter sido distribuída em outros portos, de preferência mais modernos.

E o Blog dos Mercantes complementa: isso é um dos fatores que causam atraso e lentidão nos portos.

Mas o Blog dos Mercantes pergunta: com tantos problemas sérios, até quando a grande mídia vai ficar demonizando trabalhadores e direitos legítimos dos mesmos, quando temos tantos problemas reais e sérios a resolver?


Paralisação em portos causou perdas de pelo menos R$ 7 mi

Por Luiza Silvestrini

As empresas que operam terminais no Porto de Santos tiveram, juntas, um prejuízo aproximado de R$ 7 milhões na última quinta-feira, durante a paralisação dos estivadores, segundo especialistas do setor.

De acordo com a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), o custo diário por cada embarcação parada no portos, aguardando para realizar carga e descarga, varia de US$ 20 mil e US$ 50 mil. "Nessa época, a maior parte dos navios no porto é graneleiro, então podemos nos basear em uma perda média de US$ 20 mil por embarcação parada", afirmou o presidente da entidade, Wilen Manteli, ao DCI.

O cálculo é possível se considerarmos que, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), presidida por Renato Barco, 13 navios atracados ficaram inoperantes devido à falta dos estivadores, além de outros 80 que aguardavam para atracar no porto. Segundo a assessoria de imprensa da Codesp, porém, o número e embarcações na fila de espera não é anormal, principalmente para uma semana chuvosa, já que a média de navios na fica costuma atingir 70 embarcações.

Manteli, entretanto, critica o tempo de espera imposto aos navios no maior porto da América Latina. "É preocupante, porque o ideal era que não houvesse filas, e menos ainda uma greve. Em outros portos do mundo, a espera é de horas, aqui a espera é de dias. Isso prejudica todo o processo produtivo do País", afirmou.

Outros modais
Para a ABTP, entretanto, o prejuízo total gerado pela paralisação é maior. "Os navios são apenas uma parte das perdas. Uma paralisação como essa afeta toda a cadeia produtiva. O caminhão, o trem, tudo sofre impacto" explicou Manteli.

Hoje, a capacidade de recepção do Porto de Santos é de 735 caminhões na área do porto e de 1500 veículos em dois pátios reguladores no município de Cubatão. Especialistas ouvidos pelo DCI calculam, portanto, um prejuízo de mais de US$ 1,1 milhão de dólares, considerando que o porto operava com capacidade máxima na última quinta-feira, e que cada veículo parado tem um custo diário de US$ 500 dólares.

De acordo com a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral, 7.644 veículos comerciais desceram a serra na última quinta-feira e outros 8.077 subiram para a capital paulista.

Ainda segundo a assessoria de imprensa da concessionária, porém, não houve formação de filas nas estradas, já que a greve foi divulgada com antecedência, permitindo que as empresas se organizassem, agendassem novos horários para entrega de cargas e que a concessionária montasse desvios operacionais, que evitaram a formação de congestionamentos.

A Embraport, uma das empresas mais afetadas pela paralisação, já que chegou a ter o terminal invadido por trabalhadores, inclusive com a ocupação de um navio, afirmou em comunicado oficial que ainda avalia os danos provocados pelo protesto. "As atividades da Embraport estão voltando à normalidade. Está sendo feito levantamento sobre os danos causados pelos invasores à empresa e ao navio, e também se fará análise das imagens captadas pelas câmeras do sistema de segurança para a identificação de responsáveis", afirmou a empresa em nota.

Movimentação
Apesar dos prejuízos contabilizados por especialistas durante a paralisação, a assessoria de imprensa da Codesp antecipou ontem ao DCI, que a movimentação de cargas no Porto de Santos subiu 11,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, totalizando 9,32 milhões de toneladas movimentadas.

Passaram pelo porto de 10 mil a 11 mil embarcações por dia, dos quais cerca de 25% eram graneleiros, Os demais transportavam contêineres.

O número fecha o melhor primeiro semestre da história, com uma movimentação total de 53, 7 milhões de toneladas, ante 47,04 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, totalizando um crescimento de 14% no acumulado do ano. De acordo com a assessoria de imprensa da Codesp, o número ainda deve crescer no segundo semestre, já que, historicamente, agosto é o mês de maior movimentação no ano para o porto, graças a uma série de fatores, como o momento da safra e as condições climáticas.

Com isso, a movimentação do segundo semestre deste ano deve ultrapassar a do mesmo período do ano passado, que até agora é o recorde histórico do Porto de Santos, com 57,5 milhões de toneladas movimentadas.


Especialistas do setor, entretanto ainda criticam as operações. "Não é nenhuma conquista da Codesp esse maior movimento, é uma consequência do aumento da produção agrícola brasileira, que cresce violentamente", afirmou o especialista em portos e presidente do conselho da LOGZ Logística Brasil, Nelson Carlini. "Além disso, isso evidencia a deficiência da logística interna brasileira, já que a produção toda do Centro-Oeste tem, obrigatoriamente, que vir para Santos para ser exportada", concluiu.

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