terça-feira, 17 de setembro de 2013

Blog dos Mercantes pergunta: superaérea nacional ou mais uma entrega de bandeja, agora de nosso mercado aéreo?

Essa notícia (ver abaixo) saiu em junho, mas ainda vale alguns comentários.

O primeiro é que parece bem estranho que o empresário David Neeleman, que deixou a  própria JetBlue, e agora, poucos anos depois, esteja querendo comprar esta mesma companhia.

O segundo é a promessa feita de salvar a TAP. Não me lembro de nenhum governante estrangeiro vir aqui se oferecer e prometer salvar a Transbrasil, ou a Vasp, ou mesmo a Varig. Na verdade nem mesmo nosso governo se mexeu verdadeiramente nesse sentido.

Em terceiro, mas provavelmente não último, é a constatação do descaso com que nossas autoridades vêm tratando da soberania nacional nas últimas duas décadas, notadamente no setor de transportes.

Nossa Marinha Mercante sobrevive a duras penas, com alto índice de desnacionalização de seu capital, tornando impossível definir se atendem a interesses nacionais ou de empresas estrangeiras. Embora apenas duas décadas tenham se passado, parece muito longe o tempo em que podíamos intervir no mercado de fretes, ou mesmo impulsionar nosso comércio exterior através de uma empresa de navegação, no caso o extinto LLoyde Brasileiro.

Agora um processo muito similar acontece com nossas aéreas. Após uma fusão bastante suspeita, que criou a Latam, agora a notícia de criação de uma “superaérea brasileira”, através da fusão de uma empresa de baixo custo norteamericana, da problemática TAP e de uma empresa recém-criada no Brasil.

Não que sejamos contra uma aérea brasileira de tal envergadura, mas antes que o BNDES abra as torneiras para tal operação, seria importante um debate transparente sobre o real controle desta nova empresa.

28/06/2013 - 03h00
Governo e dono da Azul querem comprar aéreas TAP e JetBlue
MARIANA BARBOSA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
O empresário David Neeleman, dono da Azul, está criando um fundo de investimento destinado à compra da companhia aérea portuguesa TAP e da americana JetBlue, que ele fundou.

A ideia, no futuro, é integrar as três empresas, formando uma superaérea nacional com rotas para Europa, África e EUA.


Editoria de Arte/Folhapress

Por razões estratégicas, o governo federal decidiu participar do negócio como sócio via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Folha apurou que o banco deverá ter cerca de 20% de participação no fundo, investindo inicialmente US$ 600 milhões. Os fundos privados que hoje são acionistas da Azul também devem entrar no negócio liderado por Neeleman. O empresário entrará com recursos próprios, adquirindo 5% de participação.

O investimento total será inicialmente de US$ 3,2 bilhões, valor que deve dobrar.
Os recursos serão usados na compra da TAP e da JetBlue. A companhia portuguesa deverá custar US$ 1,5 bilhão (valor da dívida).

Avaliada em US$ 1,7 bilhão, a JetBlue terá de ser adquirida por meio de uma oferta hostil ao mercado -operação que, para ter sucesso, prevê desembolsos maiores para atrair os acionistas.
"Sempre penso sobre coisas que a gente pode fazer, mas, neste momento, estou focado na Azul", disse Neeleman à Folha. "Não é verdade que eu vá comprar a TAP ou a JetBlue."
Mas, ainda segundo apurou a reportagem, pessoas da Azul analisaram os balanços da TAP na sede da companhia, em Lisboa. No governo, o negócio é considerado "líquido e certo". Consultado, o BNDES não quis se pronunciar.

Caso esse plano avance, no futuro, a Azul poderá comprar as duas companhias do fundo, tornando-se a maior empresa nacional, com voos internacionais, fazendo frente à Latam (fusão entre TAM e a Lan), sediada em Santiago do Chile.

Esse é um dos motivos que levaram o governo federal a estimular Neeleman a entrar no negócio junto com o BNDES.

Inicialmente, o empresário não era favorável à compra da TAP. Mas mudou de ideia quando identificou a oportunidade estratégica da união entre as três aéreas. O governo aceitou a ideia.

A presidente Dilma Rousseff se comprometeu com o governo português a buscar uma saída para a TAP e também pretende fortalecer a aliança estratégica com a África.

Além disso, ela aprova o "modelo Neeleman" de gestão, que quebrou o duopólio de TAM e Gol, ajudando a aviação regional.

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