Essa
notícia (ver abaixo) saiu em junho, mas ainda vale alguns comentários.
O segundo é
a promessa feita de salvar a TAP. Não me lembro de nenhum governante
estrangeiro vir aqui se oferecer e prometer salvar a Transbrasil, ou a Vasp, ou
mesmo a Varig. Na verdade nem mesmo nosso governo se mexeu verdadeiramente
nesse sentido.
Em
terceiro, mas provavelmente não último, é a constatação do descaso com que
nossas autoridades vêm tratando da soberania nacional nas últimas duas décadas,
notadamente no setor de transportes.
Nossa
Marinha Mercante sobrevive a duras penas, com alto índice de desnacionalização
de seu capital, tornando impossível definir se atendem a interesses nacionais
ou de empresas estrangeiras. Embora apenas duas décadas tenham se passado,
parece muito longe o tempo em que podíamos intervir no mercado de fretes, ou
mesmo impulsionar nosso comércio exterior através de uma empresa de navegação,
no caso o extinto LLoyde Brasileiro.
Agora um
processo muito similar acontece com nossas aéreas. Após uma fusão bastante
suspeita, que criou a Latam, agora a notícia de criação de uma “superaérea
brasileira”, através da fusão de uma empresa de baixo custo norteamericana, da
problemática TAP e de uma empresa recém-criada no Brasil.
Não que
sejamos contra uma aérea brasileira de tal envergadura, mas antes que o BNDES
abra as torneiras para tal operação, seria importante um debate transparente
sobre o real controle desta nova empresa.
28/06/2013 - 03h00
Governo e dono da Azul querem comprar aéreas TAP e
JetBlue
MARIANA BARBOSA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
O empresário David Neeleman, dono da Azul,
está criando um fundo de investimento destinado à compra da companhia aérea
portuguesa TAP e da americana JetBlue, que ele fundou.
A ideia, no futuro, é integrar as três
empresas, formando uma superaérea nacional com rotas para Europa, África e EUA.
Editoria de Arte/Folhapress
Por razões estratégicas, o governo federal
decidiu participar do negócio como sócio via BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
A Folha apurou que o
banco deverá ter cerca de 20% de participação no fundo, investindo inicialmente
US$ 600 milhões. Os fundos privados que hoje são acionistas da Azul também
devem entrar no negócio liderado por Neeleman. O empresário entrará com
recursos próprios, adquirindo 5% de participação.
O investimento total será inicialmente de
US$ 3,2 bilhões, valor que deve dobrar.
Os recursos serão usados na compra da TAP
e da JetBlue. A companhia portuguesa deverá custar US$ 1,5 bilhão (valor da
dívida).
Avaliada em US$ 1,7 bilhão, a JetBlue terá
de ser adquirida por meio de uma oferta hostil ao mercado -operação que, para
ter sucesso, prevê desembolsos maiores para atrair os acionistas.
"Sempre penso sobre coisas que a
gente pode fazer, mas, neste momento, estou focado na Azul", disse
Neeleman à Folha. "Não é verdade que eu vá comprar a TAP ou a
JetBlue."
Mas, ainda segundo apurou a reportagem,
pessoas da Azul analisaram os balanços da TAP na sede da companhia, em Lisboa.
No governo, o negócio é considerado "líquido e certo". Consultado, o
BNDES não quis se pronunciar.
Caso esse plano avance, no futuro, a Azul
poderá comprar as duas companhias do fundo, tornando-se a maior empresa
nacional, com voos internacionais, fazendo frente à Latam (fusão entre TAM e a
Lan), sediada em Santiago do Chile.
Esse é um dos motivos que levaram o
governo federal a estimular Neeleman a entrar no negócio junto com o BNDES.
Inicialmente, o empresário não era
favorável à compra da TAP. Mas mudou de ideia quando identificou a oportunidade
estratégica da união entre as três aéreas. O governo aceitou a ideia.
A presidente Dilma Rousseff se comprometeu
com o governo português a buscar uma saída para a TAP e também pretende
fortalecer a aliança estratégica com a África.
Além disso, ela aprova o "modelo
Neeleman" de gestão, que quebrou o duopólio de TAM e Gol, ajudando a
aviação regional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário