terça-feira, 9 de setembro de 2014

Blog dos Mercantes: Oh, transatlânticos! Quando isso terminará?

Entra ano sai ano, e o Blog dos Mercantes traz denúncias que atingem diretamente aos navios de cruzeiro que operam em nossas costas, mais notadamente no período de “alta temporada”, que vais de novembro de um ano a começo de abril do seguinte. Mas eles não aparecem apenas nesse período, embora em outras épocas do ano sejam mais raros e difíceis de encontrar.

Abaixo mais uma vez vemos o Sindmar denunciar as condições a bordo e de operação dessas luxuosas embarcações, que ainda exercem fascínio em muitas pessoas.

E depois de assédios sexuais, mortes, intoxicação, e contratos de trabalho individuais e coletivos não cumpridos, finalmente aparece abaixo a informação de que os Fiscais do Ministério do Trabalho reconheceram a existência de trabalho análogo a escravidão a bordo, algo que sempre defendemos a existência já que o simples pagamento de um determinado valor e da existência de um contrato de trabalho não são suficientes para excluirmos tal possibilidade, já que muitos outros fatores são relacionados à escravidão, e devem ser analisados para que pudéssemos definir tal situação. Como já disse aqui no Blog dos Mercantes também, por várias vezes detectei situações que poderiam se inserir na categoria de analogia a escravidão a bordo, como longas e repetitivas jornadas diárias, más condições de trabalho, apreensão de documentos, o não cumprimento dos contratos de trabalho, etc.

Além das que elenquei acima, o Segundo Presidente do Sindmar, José Valido, nos recordou das já recorrentes competição injusta com a rede hoteleira brasileira, não pagamento de impostos, entre outras, para justificar e embasar novamente o pedido de regulamentação das operações dessas embarcações em águas nacionais.

Até quando iremos presenciar tais atrocidades em nossa casa, para que meia dúzia de brasileiros ganhe algum dinheiro, as empresas de navegação estrangeiras ganhem muito dinheiro, enquanto o governo e sociedade brasileiros pagam e sofrem as consequências de operações inseguras e irresponsáveis.



Poluição de transatlânticos gera críticas de marítimos

José Válido, segundo presidente do Sindicato dos Marítimos (Sindmar), fez nova investida sobre os cruzeiros marítimos, pedindo que sejam regulados pelo governo, como consta de projeto do senador Paulo Paim (PT-RS). “Os navios de cruzeiro não trazem renda, destroem a indústria hoteleira e o comércio local, fora problemas de doenças coletivas e poluição das praias”.

Cita Válido: “Nos navios mercantes, é obrigatório ter estação de tratamento de esgoto, para tripulação de no máximo 30 pessoas. Agora imaginem uma estação de tratamento para um navios de cruzeiro com 2 mil turistas a bordo, mais a tripulação, que inclui gente de hotelaria, serviços e parte artística. É uma coisa monstruosa. Nós temos suspeitas de que os equipamentos de bordo não são capazes de tratar e sabemos bem que a maioria dos portos brasileiros não tem instalações para isso”. E completa: “Não consigo enxergar no Pier Mauá, no Rio, nenhum silo capaz de coletar esgoto de milhares de pessoas. Não consigo enxergar isso também em Búzios ou Cabo Frio, onde esses navios fazem paradas”. Válido também lamenta não haver um navio brasileiro em turismo.

Agora, na Copa, um mexicano, passageiro da MSC, sumiu no mar. É mais um caso de falta de segurança em um setor que opera no Brasil sem qualquer controle por parte do governo. Até pequenas lanchas obedecem a normas da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), mas os transatlânticos operam sem seguir as regras dessa agência. No início do ano, um cidadão paranaense, Sérgio da Silva Oliveira, filmou, no navio MSC Magnifica, a tripulação jogando lixo ao mar pela madrugada, incluindo garrafas envoltas em sacos plásticos. O processo foi encaminhado ao Ministério Público, e o vídeo foi mostrado no jornal do SBT. Em abril, o Ministério do Trabalho considerou que 13 tripulantes brasileiros estavam a bordo em condições análogas às de escravidão em um navio da MSC.

Sergio Barreto Motta


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