Da Rede Brasil Atual -
O cerco que parece se fechar sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva confirma a tese de que, no Brasil, já está em vigência "o Estado
de exceção dentro do Estado de Direito, uma característica do
funcionamento da democracia contemporânea". A opinião é do jurista Pedro
Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP.
"Não posso falar sobre o caso concreto, ao qual não tenho acesso. Mas
temos tido uma série de sinais nos últimos tempos de que realmente o
sistema de Justiça está se transformando numa força de exceção, e não de
Direito. Está suspendendo os direitos de alguns líderes, entre os quais
Lula, e buscando uma condenação a qualquer preço. São medidas
autoritárias, típicas de ditadura, que acabam investindo no interior do
regime democrático", diz Serrano.
Segundo o advogado, é evidente que os objetivos são políticos. "Toda a
exceção se dá com fins políticos. Exceção é o afastamento do Direito
para realizar uma intenção política de ataque ao inimigo. Essa é a
lógica."
A comprovação desse Estado de exceção, avalia Serrano, se deu com o
julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em setembro,
quando decidiu que a Operação Lava Jato não precisa seguir as regras de
processos comuns e que a conduta do juiz Sério Moro é "incensurável",
validando, portanto, medidas como grampos em escritórios de advocacia,
divulgação de interceptações telefônicas envolvendo Dilma Rousseff e
Lula, entre outras.
Segundo matéria do site Consultor Jurídico, o TRF-4 arquivou (em 22
de setembro) representação contra Moro seguindo entendimento do
desembargador federal Rômulo Pizzolatti, relator do caso. "É sabido que
os processos e investigações criminais decorrentes da chamada operação
'lava jato', sob a direção do magistrado representado (Moro), constituem
caso inédito (único, excepcional) no Direito brasileiro. Em tais
condições, neles haverá situações inéditas, que escaparão ao regramento
genérico, destinado aos casos comuns", justificou o desembargador.
"Essa é uma declaração de exceção. A exceção está declarada", afirma
Pedro Serrano. "No caso Lula, o TRF-4 assumiu que está praticando a
exceção, que a Lava Jato é um caso excepcional e, portanto, devem ser
suspensas as normas gerais no caso, para o juiz atuar como queira."
Para o professor da PUC-SP, a sociedade tem que "acordar, porque a
democracia está indo para o ralo". "A vida num Estado autoritário é
muito difícil para todo mundo, não só para esse ou aquele."
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