O texto abaixo foi retirado da página oficial de Bresse Pereira no Facebook. Vale sempre lembrar que Bresser foi um dos fundadores do PSDB, e que ocupou ministérios importantes nos governos Sarney e Fernando Henrique Cardoso, e tem notório conhecimento político e econômico.
Pois bem, Bresser Pereira deve estar profundamente desapontado com os rumos que seu partido tomou, principalmente depois dos nefastos anos de FHC a frente do governo brasileiro.
Tanto é que ele mesmo se encarrega de desmistificar o neoliberalismo como sendo uma política econômica que busque a distribuição de renda e melhoria nas condições de vida da população em geral.
Brilhante também é como Bresser Pereira conseguiu sintetizar e explicar o que é o neoliberalismo e suas implicações para quem vive de trabalho de forma clara e objetiva.
Vale a pena o texto.
E acho que também vale o comentário de que tanto ele, quanto Requião, devem estar extremamente desapontados com os rumos que seus partidos tomaram.
Pois bem, Bresser Pereira deve estar profundamente desapontado com os rumos que seu partido tomou, principalmente depois dos nefastos anos de FHC a frente do governo brasileiro.
Tanto é que ele mesmo se encarrega de desmistificar o neoliberalismo como sendo uma política econômica que busque a distribuição de renda e melhoria nas condições de vida da população em geral.
Brilhante também é como Bresser Pereira conseguiu sintetizar e explicar o que é o neoliberalismo e suas implicações para quem vive de trabalho de forma clara e objetiva.
Vale a pena o texto.
E acho que também vale o comentário de que tanto ele, quanto Requião, devem estar extremamente desapontados com os rumos que seus partidos tomaram.
PEC 241, carga tributária e luta de classes inversa
Há várias maneiras de definir o neoliberalismo, mas talvez a maneira mais simples é dizer que é a ideologia da luta de classes ao inverso. No passado o comunismo foi a ideologia equivocada dos trabalhadores ou dos pobres contra os ricos; desde os anos 1980, no mundo, e desde os anos 1990, no Brasil, o neoliberalismo é a ideologia da luta dos ricos contra os pobres. Não de todos os ricos, porque entre eles há empresários produtivos, ao invés de meros rentistas e donos de empresas monopolistas, que ainda estão comprometidos com a nação – a associação de empresários produtivos e trabalhadores de cada país na competição com os demais países. Mas dos ricos rentistas que perderam qualquer compromisso com a ideia de nação e se sentem parte das “elites globais”.
A luta de classes neoliberal tem um objetivo geral: reduzir os salários diretos e indiretos dos trabalhadores. Os salários diretos através das reformas trabalhistas; os salários indiretos através da redução do tamanho do Estado ou a desmontagem do Estado Social através de reformas como a proposta a emenda constitucional PEC 241, que congela o gasto público exceto juros.
O objetivo dessa emenda não é o ajuste fiscal, que é necessário, mas a redução do tamanho do Estado, que nada tem de necessária. Ao contrário do que afirmam os economistas liberais, a carga tributária brasileira não tem crescido e não há uma crise fiscal estrutural: apenas uma crise fiscal conjuntural. Desde 2006 a carga tributária gira em torno de 33% do PIB. Seu grande crescimento ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso: ela cresceu de 26,1% em 1996 para 32,2% em 2002.
Carga Tributária do Brasil
Ano % do PIB
1996 26,142002 3 2,20
2006 33,31%
2008 33,53%
2010 32,44%
2012 32,70%
2014 32,42%
2015 32,66%
Fonte: Receita Federal (2015): “Carga Tributária no Brasil 2015” / Ministério do Planejamento (2015): “Evolução Recente da Carga Tributária Federal”.
Um capítulo impressionante dessa luta de classes de cima para baixo está hoje sendo travado no Brasil através da PEC 241, que visa a desmontagem do Estado Social brasileiro – ou seja, reduzir em termos per capita seus gastos com educação e saúde. Com o aumento da população e do PIB os recursos para esses dois fins necessariamente se reduzirão em termos percentuais do PIB e em termos per capita.
Hoje, um grande número de entidades de classe patronais postaram nos grandes jornais um manifesto a favor da PEC. Paradoxalmente, entre elas estão muitas entidades representando os empresários industriais, embora, entre 1990 e 2010, as empresas industriais tenham sido as maiores prejudicadas pela política econômica liberal-conservadora adotada nos governos FHC e Lula-Meirelles. E também pela política desenvolvimentista populista de Dilma (2011-14). Entendo a insatisfação dos empresários industriais – uma espécie em extinção no Brasil – com o governo Dilma, mas para mim sua incapacidade de criticar o rentismo e a financeirização globalista, que tomaram conta do governo Temer, é um sinal de sua profunda alienação em relação a seus interesses e aos interesses nacionais.
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