segunda-feira, 20 de abril de 2020

Bolsonaro às portas de Roma

Queria ter escrito ontem, mas fiquei por demais aborrecido com tudo o que aconteceu, e para escrever algo sobre um assunto tão delicado, precisamos estar com a cabeça minimamente tranquila. Vamos aos fatos: 

1- Bolsonaro já deixou claro que, caso assumisse a Presidência da República, partiria para um golpe;

2- Bolsonaro também já deixou claro que queria o Brasil numa guerra civil, em que morressem ao menos 30.000.

Pois bem, semana passada ele atravessou o Rubicão, ao demitir Mandetta, após se sentir fortalecido pelas declarações de alguns dos generais de seu (des)governo. Agora tentará sobrepujar os outros poderes, seja através de um golpe de Estado, seja com uma possível guerra civil. Alguns de seus últimos atos corroboram com ambas as possibilidades. A revogação de portarias que faziam o Exército rastrear armas e munições no país, o que facilita armar milícias, ataques diretos a Rodrigo Maia, ao STF, a troca do Ministro da Saúde e a declaração de que o governo prepara plano para a retomada de diversas atividades, e ontem a adesão a uma manifestação em prol do fechamento dos outros poderes da República, pela volta do AI5 e seu discurso de cisão com os outros poderes do país.

E tudo corre na direção de Bolsonaro conseguir seu intento, porque depois dos mais fortes ataques às instituições, e a alguns de seus líderes, a fortíssima reação foi um série de patéticas notas de repúdio, vindas de representantes do chamado "centrão", e também de alguns representantes do chamado "campo progressista".

Em vários lugares foi assim: "ele não vai conseguir, porque a constituição não permite"; "ele não vai conseguir, porque a justiça não vai permitir"; "ele não vai conseguir, porque o congresso não vai deixar", "ele não vai conseguir, porque a democracia não permite". Mas "ele" conseguiu.

-Ora, e por que ele conseguiu?

A resposta é muito simples. Porque constituição, justiça, congresso, democracia, todos são construções humanas, mas elas são construções abstratas, que existem no mundo das ideias, e só têm implicações no mundo real, se tivermos ações efetivas dos seres humanos que militam com base nessas ideias, ou nas instituições construídas com base nessas ideias.

Então é preciso que Maia's, Toffoli's, líderes de oposição e seus correligionários, enfim, todos que se opõem a esse estado de coisas, se unam e comecem a tomar ações concretas e efetivas, porque Bolsonaro vai e volta nessa travessia do Rubicão, mas cada vez que ele vai, ele vai mais longe, e agora ele já está às portas de Roma.

Irão os líderes romanos resistir efetivamente a destruição de suas estruturas, ou vão seguir enviando ridículas notinhas de repúdio, enquanto Bolsonaro segue apertando o cerco?

Pensem nisso.

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