sábado, 25 de abril de 2020

Bolsonaro atirou em 1, acertou 3. O cara é bom!

Moro caiu. Não foi demitido, mas entregou a carta de demissão, e saiu atirando. O resumo que todos vêm é esse, mas a história é bem mais comprida, cheia de idas e vindas, e de detalhes muito desagradáveis, para ambos os lados. Vamos relembrar alguns episódios da aventura lavajatista no Ministério da Justiça, e do Bolsonarismo com a face jurídica da extrema direita.

Moro prendeu o principal adversário de Bolsonaro na corrida presidencial de 2018. Isso foi feito em troca de um super-Ministério da Justiça e/ou uma vaga no STF. Bolsonaro começou cumprindo o acordo, mas rapidamente desidratou o MJ, e transformou Moro num assecla, principalmente após as denúncias (que eu já disse que não trouxeram nada de novo), da chamada "vaza-jato".  Foram visitas a estádios de futebol, lives conjuntas, beijos abraços. Em contrapartida Moro usou a PF para dar uma prensa em um porteiro, se intrometeu numa investigação de cunho estadual (Mariele), foi conivente com o motim ocorrido no Ceará, entre outras coisas. Tudo isso entre outras coisas.

Os dois se merecem.

Mas não é de hoje que um quer puxar o tapete do outro. 2022 é logo ali, e ambos são concorrentes nesse páreo. Moro, apesar de ferido pela "vaza jato", usou a PF para mais do que ajudar Bolsonaro em alguns pontos, e chegou muito perto dos filhos do Presidente. Claro, Bolsonaro reagiu, e trocou o homem de confiança de Moro na PF. Moro não aceitou, porque sabia que perderia seu principal trunfo nessa disputa, e tentou barganhar. Bolsonaro não aceitou, e pensou que, ou se livraria de vez de Moro, ou o colocaria de vez no cabresto.

Pensou, porque o delegado perdeu o cargo, Moro perdeu o MJ, a vaga no STF, e ainda virou alvo político de um monte de desafetos, e Bolsonaro já fez um pronunciamento em tom de despedida, porque sabe que, agora, dificilmente se salva, devido ao que seu ex-colaborador disse ao se despedir do Ministério.

Mas não foi a primeira vez que Bolsonaro atuou diretamente numa instituição estatal para favorecer alguém, ou para ter alguma vantagem pessoal. Moro não fica atrás, porque sua vida também tem sido recheada dessas ações, tanto na Lava-jato, quanto na sua atuação no MJ.

Bolsonaro atirou no delegado da PF, a bala atravessou, acertou Moro, ricocheteou, e foi na testa do Presidente. Ele atirou em um, pensou ter acertado dois, mas matou três.

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