sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Movimentos mostram conflito se definindo no Leste europeu

Pessoal, no início da semana a Rússia anunciou que havia cercado 31 batalhões Ucrânianos em Kupiansks e Pokrovsk. Na ocasião Putin chamou os militares ucranianos à rendição e ofereceu clemência. Segundo o Presidente russo o tratamento digno a prisioneiros de guerra é uma tradição russa. 

Se levamos em conta que um batalhão costuma ter em torno de 1000 homens, então temos pelo menos uns 30 mil ucranianos cercados na região. Mesmo assim algumas fontes falam em cerca de 11000 homens cercados. Se isso for verdade, apenas fica ainda mais evidente a degradação das forças ucranianas. De qualquer forma, a perda desses homens seria um desastre para o exército ucraniano, que vem apresentando muita dificuldade em repor as baixas que sofre. 

E se as altas esferas executivas não conseguem avançar num acordo, a congressista estadunidense Anna Paulina Luna se encontrou com Dimitriev, o chefe executivo do fundo russo de investimento. Na pauta foram alinhavadas futuras conversas entre representantes do Congresso estadunidense e da Duma russa. A ideia é criar outros canais de diálogo e aproximar as duas superpotências através de conversas e negociações. 

Como eu já disse antes, o conflito ainda demora um pouco a acabar, mesmo que seja muito difícil para os ucranianos impedirem uma derrota, que como se viu no início do texto, é cada vez mais iminente. 

Ao mesmo tempo vemos setores das sociedades russa e estadunidense mostrando que querem uma normalização nas relações, e que estão dispostas a agirem diretamente nesse sentido, mesmo que as ações erráticas de Trump mostrem que há grandes antagonismos nos interesses do EUA. 

Quando essas forças se alinharem, caberá aos europeus a adesão negociada ao acordo feito, ou partirem definitivamente para o suicídio social e econômico que eles têm levado a cabo nos últimos anos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

falta de solidez e seriedade na ações de Trump minam seu mandato

Pessoal, depois de uns poucos dias de férias voltamos a comentar alguns desenvolvimentos da geopolítica mundial, e hoje todos em torno de Donald Trump. O Presidente estadunidense segue em sua jornada de realizar acordos de falsa paz entre nações, porque nada disso é sólido, enquanto busca oportunidades de negócios. 

Em Gaza a paz real nunca esteve presente, com Israel bombardeando diariamente regiões da Faixa, e agora os combates voltam a se acirrar e o boicote aos palestinos volta a causar fome. 

A nova reunião que buscava com Putin, com Zelensky tentando participar, mais uma vez não tinha a intenção de acatar as demandas russas (e causadoras do conflito), mesmo que a guerra esteja praticamente perdida. Tudo isso ao mesmo tempo em que cerca Venezuela, Irã, possivelmente também Cuba, e parece pretender atacar esses países diretamente. Enquanto isso segue atacando a oposição interna, e alguns milhões de estadunidenses tomaram as ruas das principais cidades do EUA em protesto. Trump ao invés de dar atenção a seus concidadãos, tripudiou dos mesmos, colocando um meme gerado por IA em que atirava fezes à população que protestava. 

O homem que assumiu com promessa de recolocar o EUA na liderança do mundo e promover a paz, no fundo está causando enorme confusão pelo planeta, não resolve nenhum dos conflitos, sejam internos, sejam externos, afunda o próprio país em divisão profunda e caos econômico, e vê sua popularidade desabar. O cancelamento da reunião com Putin, programada para a Hungria (embora nenhum dos governos confirmasse), diz muito de sua conduta externa, assim como o afastamento de muitos apoiadores não fanáticos e a revolta de seu povo dizem sobre a interna. 

É difícil que esse quadro mude no pouco tempo que resta até a eleição de meio de mandato. Difícil ele não perder a maioria republicana do Congresso com esse quadro. Mesmo essa maioria já não era sólida, e posicionamentos de republicanos contra o Presidente ao longo desse primeiro ano de mandato mostram isso, agora imaginem com uma maioria democrata? Um ex-Presidente à vista, e isso no meio do mandato.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Paz em Gaza deve ser de curto prazo

Pessoal, no fim de semana de 3 e 4 de outubro tivemos muitas manifestações contra o massacre que acontece na Faixa de Gaza. Foram milhões de pessoas nas ruas. Só em Amsterdam foram cerca de 250000 pessoas protestando, ou 25% da população. Mas os protestos não foram limitados aos Países Baixos. Na Itália centenas de milhares de pessoas também tomaram as ruas, em Bruxelas, no Reino Unido, Espanha, além de outros países europeus. E até no EUA tivemos manifestações, além de vários países do Sul Global, como Brasil, Colômbia e vários países africanos e asiáticos. 

Talvez este tenha sido um dos motivos para o Presidente estadunidense ter pressionado o PM israelense para chegar a um acordo de paz em Gaza. Um motivo, porque temos outros, entre eles o fato de terem falhado pateticamente em decaptar outras lideranças palestinas, ou o fato de estarem num atoleiro há 2 anos, em que já perderam alguns milhares de soldados, equipamentos, liberaram apenas 2 reféns em ações bélicas, mas não estão nem perto de acabarem com os grupos de resistência, ou com seus túneis, e nem foram capazes de encerrarem as linhas de abastecimento deles, tudo isso à custa de mais de 100000 civis mortos em Gaza, seja por bombardeios, assassinatos frios, ou pela fome, e esse quadro apenas demonstra o fracasso. 

Mas apesar dos acordos que já começaram a ser assinados, Israel parece não os estar cumprindo, e há várias denúncias de bombardeios sobre as regiões de Gaza. A tendência é que Trump falhe mais uma vez em impor uma paz, e de forma gritante, porque impõe um cessar-fogo, mas não move um músculo no sentido de resolver os motivos que deram início ao conflito. O problema é que sem a solução das reais divergências, não dá para esperar paz verdadeira, muito menos duradoura. Isso se expressa na continuação dos bombardeios. Paz não é um pedaço de papel assinado, é uma realidade vivida por povos.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Trump volta a se incompatibilizar com militares da ativa

Pessoal, no início da semana, Pete Hegseth, o Secretário da Guerra estadunidense reuniu cerca de 800 Oficiais Generais do país norte-americano. Num discurso mais midiático que efetivo, o chefe das Forças Armadas estadunidenses praticamente declarou guerra ao mundo. Mas no fundo foi um discurso muito mais voltado para o público interno e para países com pouca capacidade defensiva. 

Sim, Hegseth falou de fim da diplomacia, do uso da força, de tomar o que quiserem, mas no fundo decretou o fim de algumas das chamadas políticas “woke”. Nas palavras do Secretário da Guerra, os líderes políticos tolos e imprudentes definiram o rumo errado e perdemo-nos. Tornamo-nos o Departamento Woke. Mas acabou”... “Chega de caras de vestido. Chega de adoração às mudanças climáticas ou ilusões de gênero. Essa bobagem acabou.” Nada de generais gordos, ou barba, ameaçou de perda de pensão e demissão aos que não se adaptem – algo que o governo Trump já andou fazendo - e inclusive afirmou que é foco total na guerra – preparação para a guerra e preparação para vencer. 

Apesar do corte divulgado, após o evento alguns generais do mais alto escalão disseram que gastaram tempo e dinheiro dos contribuintes para “ouvir Hegseth dizer que não gosta de homens de vestido”, ou que foi mais uma conferência de imprensa do que uma instrução efetivamente, e que tudo poderia ter sido resolvido por e-mail. Alguns chegaram mesmo a dizer que foi uma reunião idiota. 

Parece que Trump, mais uma vez, tenta utilizar as forças armadas para assumir o poder internamente no país. Para quem não lembra, uma das acusações que pesava sobre ele foi a tentativa de mobilizar as forças armadas do EUA a apoiarem um golpe de estado em janeiro de 2021. Com a intervenção em várias cidades importantes governadas por democratas, e algumas investidas como essa logo no início de seu governo, parece que ele tenta mobilizar as forças armadas com mais antecedência dessa vez. A dúvida é se irá conseguir, mas pelas declarações de alguns desses generais, não parece.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Indústria brasileira em crise

Pessoal, há muitos meses atrás, certamente mais de um ano, fiz uma crítica ao pífio programa de reindustrialização do, também pífio, Governo Lula III. O tal plano de reindustrialização era uma farsa, como é farsa praticamente tudo o que esse governo faz.

Sim, praticamente tudo, porque as ações em prol do rentismo parasitário e do mercado financeiro seguem firmes e fortes, assim como o desmonte do Estado brasileiro.

Da mesma forma, se escancaram as distorções em dados devido a mudanças em metodologia de coleta e tratamento dos mesmos. Num momento em que se alardeia menor desemprego, maior massa salarial, etc, era para termos investimentos no setor industrial, mas ao contrário, temos um desempenho pífio do setor.

Desempenho da indústria brasileira em agosto é o pior em 10 anos

O resultado destoa da tendência histórica de expansão durante o mês, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Por Camila Pati



Setor produtivo teve queda considerável da atividade em um mês (José Paulo Lacerda/CNI/Divulgação) 

Para a indústria brasileira, o desempenho de agosto foi o pior desde 2015, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quinta-feira, 18. O resultado foge à tendência histórica de expansão durante o mês. 

De acordo com o levantamento, o índice de evolução da produção caiu para 47,2 pontos, abaixo da linha divisória dos 50 pontos que separa crescimento de diminuição. Esse foi o resultado mais baixo para para o mês em dez anos, desde que o indicador marcou 42,7 pontos em 2015.  

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/economia/desempenho-da-industria-brasileira-tem-pior-agosto-em-10-anos/


terça-feira, 30 de setembro de 2025

O Mundo vê novos desdobramentos e acirramentos dos conflitos nas últimas semanas

Pessoal, tivemos alguns movimentos geopolíticos interessantes nos últimos dias. Um dos mais importantes foi o ataque de Israel a Doha, capital do Catar. Enquanto representantes do Hamas se preparavam para mais uma reunião de negociação com os estadunidenses na busca para uma paz na Faixa de Gaza, aviões israelenses atacaram o local da reunião. Mas os palestinos não foram atingidos porque haviam deixado seus celulares no local, e saíram para rezar em uma mesquita. Provavelmente houve vazamento de informação acerca da operação, mas isso não isenta o fato de mais uma vez o EUA distrair líderes do Oriente Médio com uma negociação, enquanto os israelenses se preparam e executam um ataque da chamada “decapitação”, ou seja para matar lideranças políticas e/ou militares de países e etnias da região. Muitos analistas geopolíticos, incluindo ex-militares estadunidenses, acreditam numa “participação consciente” do EUA nesses ataques. Pessoalmente eu não discordo desta análise, mas ressalvo o fato de que não há provas concretas dessa participação intencional dos estadunidenses, ainda que haja muita evidência indireta disso, até porque o próprio Presidente do EUA nos faz o favor de concordar e dar apoio a este tipo de ação, em todas as vezes que elas ocorrem, tornam esse tipo de análise extremamente plausível, ainda mais do que aquelas que apenas indicam uma participação “passiva” dos estadunidenses.

E apesar de o evento ter gerado revolta no mundo árabe, não acho que seja o estopim para uma ação concreta contra Israel pelos países da região, ao menos não neste ponto da História. Mesmo com a reunião que houve com líderes dos países da região, das muitas notas de repúdio, e de o Irã ter chamado os países da região a uma reação aos atos israelenses, o fato é que os laços que os líderes árabes têm com o Ocidente ainda são demasiado fortes para garantir uma revolta no momento, mas isso pode mudar, e para isso basta que o Ocidente não mude o modo de aproximação com eles, enquanto as novas forças seguem avançando. Por mais que tenhamos laços, por mais que tenhamos interesses, uma hora os abusos serão excessivos, e uma reação pode ocorrer, ainda mais com o enfraquecimento nítido que os ocidentais estão mostrando.

O enfraquecimento Ocidental fica claro quando o Catar cancelou uma compra junto a Boing estadunidense de USD 158 bilhões, e outra de armamentos estadunidenses de USD 42 bilhões. Os aviões podem ser substituídos por europeus, ou mesmo a Embraer brasileira, enquanto o armamento deve ser substituído por similares chineses.

Mais para a Ásia Central tivemos a derrubada do governo do Nepal, e o motivo teria sido uma proibição de uso das redes sociais virtuais Ocidentais no país. Casas de Ministros foram queimadas, membros do governo arrastados e agredidos pelas ruas, o governo caiu e um novo foi eleito com participação forte da rede social online discord. A nova primeira-ministra do Nepal, Sushila Karki, de 73 anos, fez um discurso em que diz que atenderá os anseios da chamada geração “Z”, que foi a grande responsável pelas mudanças no país. Vale ressaltar que há muitas nuances no Nepal, e as divisões religiosas, que garantem relações e influências de e nos países em volta são importantes nesta equação. O que pode ser mais impactado é a Índia, vizinha do Nepal, e em processo de tentativa de desestabilização pelos estadunidenses. Por sinal, o embaixador estadunidense no Nepal já fez um discurso de apoio e cooperação com o novo governo.

No Leste europeu tivemos um exercício militar com a presença de 100 mil soldados russos e bielorussos. Também tivemos pequenos contingentes da Índia, Irã, Congo, Burkina Faso, e Mali, além de observadores internacionais, incluindo estadunidenses. Cerca de 10.000 sistemas de armas foram usados no treinamento. Os destaques foram as simulações de uso de mísseis Iskander, Zirkon, Oreshnik e de aviões de bombardeio estratégico. O exercício fez com que a Polônia fechasse suas fronteiras com o Oriente e deslocasse 40.000 homens para as fronteiras com Kaliningrado e a Bielorússia, além de ter gerado alerta na NATO. Apesar disso não houve incidentes internacionais durante o evento, que teve um Putin vestido em uniforme militar supervisionando a última etapa do treinamento. As mobilizações do tipo feito pela Polônia são comuns de lado a lado nesse tipo de treinamento, mas um Putin em uniforme militar parece mais um recado de prontidão para a guerra, mesmo que outros canais russos peçam negociações e paz. É só lembrarmos da última vez em que Putin vestiu um uniforme militar, justamente num momento de tensão aumentada com a NATO, e na sequência tivemos uma crescente nas ações militares russas na Ucrânia. É possível que vejamos mais um aperto na ação militar contra o exército ucraniano, cujos sinais de debilidade são cada vez mais nítidos, apesar das retaliações que vez ou outra vemos em território de Novarússia, ou mesmo do território tradicional da Federação Russa. Isso parece certo já que a quantidade de mísseis e drones usados contra o território ucraniano voltou a aumentar, já ultrapassando as 800 unidades conjuntas em um único ataque.

Um desdobramento meio inesperado do treinamento das forças russas e bielorussas é que após o seu fim os poloneses anunciaram um fechamento a tempo indeterminado da fronteira com o Oriente. Essa é uma das rotas das chamadas “Novas Rotas da Seda”, ou “Iniciativa Cinturão e Rota”, que é o nome oficial dos corredores de comércio utilizando ferrovias de alta velocidade que vêm sendo desenvolvidos pelos chineses há pelo menos uma década. Na verdade, essa é a principal rota para se chegar ao Norte da Europa neste momento. O resultado é que a China está inaugurando a primeira rota comercial pelo Ártico. O navio Istambul Bridge será escoltado por quebra-gelos, e deve atingir o porto britânico de Felixstowe em 18 dias, contra uma viagem de cerca de 30 dias pelas rotas marítimas tradicionais, e de 25 pela rota ferroviária.

Além da rota comercial com um potencial incrivelmente lucrativa, o controle do Ártico ainda permite o acesso a enormes reservas de gás, petróleo, e outros minerais. Por isso a briga pelo controle da região é tão grande, e a verdade é que os Russos estão bem à frente de seus concorrentes no momento, seja pela presença efetiva na região, com bases, povoações, etc, como também com equipamentos e tecnologia adequada a adentrar e habitar num dos ecossistemas mais inóspitos do planeta.,

Outro fato inusitado foi a entrega da primeira turbina iraniana de geração de energia para os russos. A turbina é propulsionada a partir do gás, recurso vastíssimo na Rússia, e substituirá turbinas de geração alemãs fornecidas pela Siemens. As turbinas prometem ser 30% mais eficientes do que as alemãs, ou seja, proverão 30% a mais de energia elétrica com o mesmo consumo de gás.

Na sequência tanto China quanto Rússia informaram que não aceitarão e não aplicarão as sanções aprovadas pela ONU contra o Irã. Segundo ambos os países as sanções são ilegais, abusivas e injustas.

Como vemos, o mundo já está bem diferente daquele que saiu dos confinamentos gerados pela COVID-19 no final do 2.021 e início de 2022. É ainda mais diferente do que aquele que entrou nos confinamentos no início de 2020. Ainda não está consolidado, ainda tem muito o que evoluir (não no sentido de melhorar, mas de mudar), e ainda não tem sua formatação final para quando toda essa disputa se acalmar e o planetinha azul em que vivemos possa ter um pouco mais de estabilidade, mas uma coisa é certa, é muito difícil que tenhamos um retorno à estrutura que tínhamos antes de todo esse processo começar. Primeiro porque as forças que comandavam o planeta já estavam debilitadas naquela época, e essa situação apenas se acentuou para esse momento. Por fim porque temos visto muitos erros, que apenas aprofundam as debilidades que essas forças já mostravam, ou seja, tudo o que fazem para reverter a situação é em base de uma força e um poder que já não têm, e isso apenas acelera e aprofunda as mudanças em curso.

domingo, 28 de setembro de 2025

Drones russos na Escandinávia?

Pessoal, depois da Polônia, agora é a vez da Dinamarca, e até mesmo a Suécia, serem atacadas por drones russos. Pelo menos é o que dizem. Sim, na semana de 20 a 27 de setembro, os aeroportos de Copenhagen e de Oslo foram fechados durante algumas horas devido a um suposto ataque de drones russos. 

Bom, o suposto aqui se refere ao ataque e ao russos. Sim, porque nada confirma ter havido exatamente um ataque, e muito menos que os drones fossem russos, apesar de o discurso oficial ser este. Principalmente a capital dinamarquesa vem insistindo nessa possibilidade, e tal qual acorreu na Polônia, a própria população já começa a zombar com o governo, falando do perigo russo, que ataca o país com drones espiões que piscam e chamam a atenção de todos. Na Rússia essa gozação também acontece. 

Na sequência foram divulgadas imagens de uma belonave russa que está posicionada em águas internacionais próximas à Dinamarca, e junto veio a divulgação da suspeita que os drones teriam se originado deste navio. Bem, primeiro que o navio está posicionado para proteger navios mercantes russos, ou que fazem comércio com a própria Rússia. Como eu já disse, países bálticos já tentaram sequestrar unidades da frota mercante que faz comércio com os russos em algumas oportunidades, e essa é a justificativa russa para o posicionamento dessa belonave próxima à Dinamarca. 

Apesar das ridículas acusações aos russos estarem sendo derrubadas uma a uma, sempre mostrando uma situação de “false flag” por parte dos países da NATO, não me parece que queiram uma escalada da guerra imediatamente. Eles sabem que no momento, com ou sem EUA, eles não têm condições de enfrentar a Rússia, quanto mais se China e Irã se unirem. Não têm armas, pessoal ou recursos estratégicos para isso.

Mas o fechamento do regime, e um aumento da exploração das próprias populações não está descartado, além da manutenção de um status quo que é amplamente favorável a suas oligarquias. Essa guerra midiática parece ser muito mais voltada para dentro que contra os russos em si.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

china e Rússia não irão sancionar o Irã. E o Brasil com isso?

Pessoal, em um comunicado conjunto, China e Rússia disseram ao mundo que consideram o retorno das sanções contra o Irã ilegais e injustas, e continuarão a fazer negócios com o país do Oriente Médio normalmente. Ao mesmo tempo o Irã embarcou a 1ª de 40 turbinas a gás MGT-70 compradas pela Rússia. O pacote também inclui geradores, equipamentos elétricos e o pacote de serviço para manutenção e reparo. Elas irão substituir as alemãs da Siemens V94.2 e prometem entregar 5 GW, ou 30% a mais de energia. Além disso o Irã encomendou painéis solares chineses com capacidade de produção de 7.000 MW, e assinou contrato com os russos para a construção de 8 usinas nucleares no Irã. Ao mesmo tempo a China aumentou a importação de petróleo iraniano para 1,81 milhões de barris de petróleo ao dia. 

Mais do que discurso, China e Rússia partem para a ação e aumentam seus comércios com o Irã, e o fazem num setor nevrálgico para o desenvolvimento: o energético. Ainda incluem nisso altíssima tecnologia, já que estão comercializando máquinas e equipamentos de ponta, entre os mais avançados do mundo. 

Enquanto isso os europeus, ao invés de buscarem aproximação, investimento em pesquisa, desenvolvimento, redução de custos com maior tecnologia, buscam gastar dinheiro com um absurdo rearmamento e o fomento de guerras sem sentido. Para se ter ideia do que digo, as turbinas MGT-70 são melhores que as da Siemens usadas pelos russos, mas o Irã já começa a produzir as MGT-75, ainda mais modernas e eficientes que as embarcadas à Rússia. 

A diferença entre o Ocidente e os BRICS e outros grupos parecidos, é que o Ocidente insiste numa aproximação arrogante e belicosa, numa relação de soma zero em que o Ocidente ganha o outro perde. As novas relações que se constroem por esses grupos são de soma sempre positiva, em que todos ganham. 

O Brasil está um pouco ao largo disso, já que precisa resolver problemas internos antes, principalmente ideológicos. O neoliberalismo e o financismo exacerbado precisam ser banidos do Brasil para que ele possa aproveitar. Potencial é o que não falta no gigante sulamericano, o que falta é soberania, ou luta real por ela.

domingo, 21 de setembro de 2025

Protestos nas principais cidades do Ocidente

Pessoal, a Europa segue em convulsão popular. Não, ainda não temos revoluções em andamento, mas os cidadãos europeus tomam as ruas em vários países, e isso inclui os principais países do Velho Continente. 

Na Inglaterra mais de 100 mil cercaram o Parlamento em protesto contra a péssima administração de Keir Starmer. Mais um Primeiro Ministro britânico tem o cargo ameaçado pela subserviência a um sistema falido. Não deve demorar até que ele caia, até porque esse era um dos pontos demandados pela multidão que protestou. 

Na França os protestos se sucedem. Como sempre a violência entre manifestantes e polícia se faz presente, mais um Primeiro Ministro do 2º governo Macron cai, e o Presidente francês só não está mais seriamente ameaçado porque já passa da metade de seu mandato e há um acordo tácito contra impeachment. Mas ele precisará ceder em algo, porque a pressão contra ele aumenta dia a dia. 

A Alemanha também não escapa aos protestos, com a diferença de que eles costumam ser mais pacíficos. Mesmo assim temos visto prisões, normalmente motivadas por opinião. Os protestos contra a participação germânica na Ucrânia, ou contra as ações de Israel em Gaza são os maiores motivos. Olaf Sholz caiu há alguns meses, e num país cuja estabilidade dos primeiros ministros (chanceler, como são chamados lá) é quase uma regra, com longos períodos à frente dos governos, seu sucessor, Friedrich Merz, também já balança no cargo. 

Mesmo Bruxelas, Itália e Estados Unidos também enfrentam problemas. Os estadunidenses enfrentam intervenções em algumas cidades. Além das posições geopolíticas de todos eles, e que desagradam suas populações, soma-se o fato de que todos enfrentam sérios problemas econômicos. 

Já falei várias vezes que ambas as situações estão interligadas. Talvez alguma hora entendam que o mundo mudou, seus velhos métodos já não são efetivos, e ainda se traduzem em graves crises internas. O mundo que dominaram não existe mais, mas ainda há tempo de adentrarem o mundo que surge de forma positiva. Mas eles precisam mudar suas posturas.

sábado, 20 de setembro de 2025

Espaço aéreo da Estônia violado pelos russos?

Pessoal, no dia 19 de setembro tivemos movimentações bastante tensas entre a Rússia e a NATO no Mar Báltico. A Estonia acusou a Rússia de ter invadido seu espaço aéreo por 12 min com 3 MIGs-31 armados. Os aviões deixaram o espaço aéreo estoniano e rumaram para o exclave de Kaliningrado. As defesas da região foram ativadas e foram lançados caças F-35 italianos para a interceptação. As defesas aéreas da Finlândia também entraram em estado de alerta, mas não tivemos um confronto direto, e nem mesmo há notícias de que os interceptadores tenham entrado em contato direto com os russos. Na sequência a Estônia também acionou o art. 4 do acordo da NATO, aquele que resulta numa consulta com outros membros da coalisão militar para saber quais ações devem ser tomadas para uma determinada situação. 

Por sua vez os russos negaram qualquer violação do espaço aéreo estoniano, e afirmaram que seus caças estavam sobre o corredor internacional acordado com os países do Báltico. 

Temos que lembrar 3 fatos importantes para qualquer análise. 

1-A Estônia já tentou várias vezes apreender petroleiros que se dirigiam à Rússia e passavam pelo canal internacional acordado. Essas apreensões, que estão mais para um ato de pirataria estatal, geraram invasões de espaço e tensões com forças da NATO na região. 

2- Há discursos de políticos e até autoridades dos países da NATO na região de fechar a passagem do Báltico à Rússia, e inclusive de invadirem o exclave de Kaliningrado. 

3- As violações do espaço aéreo polaco e romeno na semana passada estão cada vez mais com sinais claros de terem sido um “false flag”, o que tem gerado até mesmo piadas da população polaca sobre o fato. 

Com isso em mente podemos dizer que sim, pode ter havido uma invasão do espaço aéreo estoniano pelos russos, intencional ou não, não importa, mas o mais provável é que seja apenas mais uma false flag da NATO na tentativa de construir uma narrativa de violações russas para justificar uma retaliação e aperto interno de seus regimes. O próprio Mathew Whitaker, embaixador estadunidense na NATO, disse que a ameaça russa está sendo superestimada pelos europeus.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

OCS na China foi mais do que um encontro econômico

Pessoal, importantes acontecimentos tiveram lugar na China entre o final de agosto e os primeiros dias de setembro, e que fez com que o mundo voltasse seus olhos para Pequim: a China se tornou o maior ator geopolítico do momento. Começou sediando a reunião da Organização de Cooperação de Shangai, e terminou com um desfile militar que, meio que assustou o Ocidente. 

Para a reunião do OCS tivemos algumas presenças importantes desde o primeiro dia, como os Presidentes Putin da Rússia, Pezeshkian do Irã, Erdogan da Turquia, do Primeiro Ministro da India Modi, além dos outros membros da Organização e observadores. Entre os muitos trabalhos tivemos os encontros menores e paralelos, que sempre ocorrem nestes eventos. Os principais foram entre Putin e Modi, e também entre Xi Jinping e Modi. Modi fez declarações que mostram uma aproximação ainda maior com os russos, e uma busca de melhorar a relação com os chineses, e que foram acompanhadas por suas contrapartes. 

Mas o mais importante veio de Putin e Xi Jumping, que estiveram juntos em muitas ocasiões durante esse período, e ambos fizeram declarações importantíssimas para a geopolítica e a geoeconomia mundial. Putin fez alguns pronunciamentos e entre as mais importantes declarações estão o aumento importante do comércio cino-russo, o quase desaparecimento do euro e dólar nestas transações, a importância e estabilidade que as ações conjuntas cino-russas têm dado à região e ao mundo, e cobrou uma ONU fortalecida e com mais democracia, incluindo a reforma do Conselho de Segurança. Xi Jinping enalteceu a necessidade de retorno a uma governança global democrática, e anunciou a importância da OCS e investimentos num banco de fomento e nos membros do bloco. O total vai a mais de 30 bilhões de dólares. 

O evento foi fechado com um desfile militar para comemorar os 80 anos da vitória sobre os japoneses, e teve um ex 1º ministro japonês na audiência, e assombrou o mundo, com destaque para os mísseis hipersônicos, balísticos regionais e intercontinentais, além de drones e aviões de última geração. Os discursos voltados a reformas democráticas, investimentos, aproximações e crescimento comercial, soluções diplomáticas de conflito e retorno a uma ordem democrática das relações internacionais vêm acompanhados de enorme demonstração de poderio militar. Isso traduz o que chineses, e os próprios russos já disseram várias vezes: queremos conversar, diplomacia, e acordos honestos e que sejam cumpridos, mas se a opção for guerra, estamos prontos para ela.

Por isso o encontro da OCS na China ultrapassou em muito os limites de um importantíssimo encontro geoeconômico, e se tornou um dos principais encontros geopolíticos do ano.

domingo, 14 de setembro de 2025

Drones russos na Ucrânia: ataque ou falsa bandeira?

Pessoal, tivemos uma situação crítica nesta semana. Cerca de 20 drones russos invadiram o espaço aéreo polonês, e acabaram por cair no país. Mas alguns fatos precisam ser considerados antes de qualquer análise:

1- o Presidente da Bielorússia, Lukachenko, informou a Polônia e outros governos da região de que alguns drones tinham sido desviados de sua tragetória por influência da guerra eletrônica ucraniana.

2- A Rússia não negou que os drones fossem seus, afirmou que não tinha intenção de atacar o território polonês e diz que tratará o caso junto aos polacos.

3- os poloneses dizem que os drones se dirigiam ao aeroporto de Rzeszow, que serve de apoio às forças ucranianas.4- A Polônia acionou o art.4º da NATO, que serve para consultar os membros sobre motivos e ações possíveis para a situação.

5- Poucos dias antes do problema dos drones, um deputado da Suprema Rada ucraniana fez um discurso em que disse que em pouco tempo alemães, poloneses, ingleses e franceses enviariam tropas à Ucrânia para enfrentar os russos.

6- As respostas ao acionamento do art.4 da NATO indicou apenas um aumento nas defesas para evitar novos incidentes. Alguns Estados chegaram mesmo a dizer que não houve intenção russa de atacar a Polônia.

Nesse quadro é importante observar que mesmo que os russos estivessem atacando o aeroporto de Rzeszow, isso seria um alvo legítimo, porque desse aeroporto partem missões ucranianas contra os russos. Com ou sem estado de guerra declarado. Mas nada indica que os russos tenham realmente atacado a Polônia, e tudo indica um ataque de falsa bandeira na tentativa de envolver ainda mais as tropas e recursos da NATO no conflito. Só que o lado europeu da NATO dispõe de pouquíssimos recursos no momento para enfrentar os russos, e uma entrada direta no conflito seria um enorme desastre para os europeus, por isso as respostas oficiais ao acionamento do art.4º foram comedidas, ainda que alguns discursos sigam inflamados. 

Os russos não querem uma escalada no conflito, o que não significa não estarem preparados para isso. 

Por fim há um claro desespero dos grupos que apoiam e se beneficiam com o conflito no Leste europeu, já que a debacle ucraniana é cada vez mais nítida, e há risco de perdas ainda maiores do que as demandas inicialmente reclamadas pelos russos. Não apenas território direto, mas o domínio e influência sobre amplas regiões se fortaleçam para o lado russo, principalmente no Mar Negro e no Cáucaso. Sim, seguimos tendo a disputa em alguns países da região, como vemos agora mesmo na Armênia e Azerbaijão e a própria Geórgia, só que pouco a pouco todos tendem a estarem sob o guarda-chuva da influência russa na parte de segurança, mas com ampla autonomia em outras áreas. 

Já no Leste europeu, talvez tenhamos uma intervenção direta da NATO, mas isso ainda levará um bom tempo até ocorrer. Eles não estão prontos para isso.

domingo, 7 de setembro de 2025

Rússia oferece vacina contra o câncer eficaz e grátis

Pessoal, desde o final de 2024 a Rússia vem anunciando o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer, cancro como é conhecido em Portugal. Esse assunto recrudesceu na última semana, inclusive com a informação de que a vacina estaria pronta. 

Na verdade seriam 2 vacinas, uma com o uso de 4 vírus não patológicos, mas que buscam e destroem células cancerígenas. A outra é baseada em RNA, o mesmo princípio das vacinas de combate ao Covid-19 e que trabalham a nível genético nos pacientes. 

Melhor do que uma “cura” para uma das enfermidades que mais mata atualmente, é o fato de que a Rússia prometeu disponibilizar a vacina gratuitamente para o mundo. Aí aparecem três questões concomitantes. A primeira é que o mundo Ocidental já se mobiliza para questionar a eficácia das vacinas, já que não aparecem em revistas científicas “reconhecidas” Ocidentais. 

O segundo é a própria indústria farmacêutica Ocidental, que verá um enorme filão de lucros se evadirem e é de se supor que lutarão contra isso, caso a Rússia realmente ofereça tais vacinas, e ainda mais gratuitamente.

Por último podemos citar o fato de que a disputa entre o Ocidente coletivo e as novas forças que emergem para disputar áreas de influência, rotas comerciais, mercados e acesso a recursos. A oferta de uma vacina efetiva grátis contra o câncer pode levar a mudar humores pelo mundo em favor das novas forças, e isso deve fazer as forças Ocidentais a tentarem minar tal mudança. 

Claro que tal vacina poderá até vir a ser ineficaz, e não passe de uma tentativa de propaganda russa, mas condená-la sem antes testá-la, sem antes verificar sua real eficácia, então isso não passará de propaganda criminosa e embasada em objetivos muito errados.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Alguém iria querer fazer mal à Presidente da União Europeia?

Pessoal, esse comentário é feito em cima da enorme polêmica daquilo que tem todas as características de ser uma enorme mentira. A presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, acusou os russos de terem jammeado seu avião, causando um desligamento do GPS da aeronave e forçando parte da navegação e pouso serem feitas por cartas de papel antigas. Essa é a mesma pessoa que afirmou no parlamento europeu que os russos desmontavam máquinas de lavar para utilizarem os chips desses eletrodomésticos para construírem armas. 

Além do site flight radar ter demonstrado que tal evento não ocorreu, como vários meios de comunicação já replicaram, temos outros indícios de que tal realmente não ocorreu. O mais forte é a distância do território russo. Os equipamentos de jammeamento russos conhecidos talvez até chegassem a essa distância, mas não desligariam apenas o gps do avião de von der Leyen, mas todos, ou ao menos muitos gps da região. Tal evento não ocorreu. 

Para jammear e desligar apenas o equipamento de von der Leyen seria preciso um raio direcionado, ou seja, um feixe direto de rádio muito estreito que atingisse apenas seu avião. Isso teria que vir do espaço, ou de um emissor relativamente próximo ao avião, e ainda por cima, talvez ele precisasse ser móvel, para que acompanhasse o deslocamento da aeronave. Jamais tal feixe viria da Rússia, porque a curvatura da Terra impediria isso, e claro, o Kremlin nega qualquer envolvimento no ocorrido. Mas teriam os russos tal tecnologia? 

Só que a principal pergunta é: o que os russos ganhariam causando transtorno, um desastre, ou mesmo a morte de von der Leyen? 

A resposta é: nada 

No fundo ela tem um poder extremamente limitado, e é apenas mais uma russofóbica, como tantos outros espalhados pelo Ocidente. Tudo isso não significa que o avião de von der Leyen não tenha tido problemas, porque pode, mas é muito difícil que o problema tenha sido pelo motivo alegado.

domingo, 31 de agosto de 2025

Países europeus buscam o FMI?

Pessoal, estamos realmente vivendo tempos que há pouquíssimo tempo atrás seriam totalmente inimagináveis. Países que há até pouco tempo eram considerados exemplos de avanço civilizacional, prosperidade, distribuição de renda, exemplos a serem perseguidos por outros países do globo hoje enfrentam situações completamente estranhas ao arcabouço geopolítico que emergiu da WWII. Alemanha, França e Reino Unido apresentam situações econômico-financeiro extremamente complicadas. 

No até pouco tempo atrás poderoso Estado Alemão, chamado a Locomotiva da Europa, a quantidade de empresas fechadas nos últimos anos, e a previsão de fechamento de outras empresas assustam, debilitam o país, e seu Chanceler, Friedrich Merz, veio a público anunciar o fim do Estado Social alemão. 

No Reino Unido já há relatos de que o outrora orgulhoso sistema de saúde público que era o legado e real orgulho de quando os Trabalhistas mereciam esse título está se esfacelando, junto com as finanças públicas e os cortes em outros gastos sociais. A França não está muito diferente, e os cortes em gastos sociais já se intensificam. 

Tanto britânicos como franceses têm estado em contato com o FMI, que tem receitado o bom e velho receituário neoliberal, que inclui aumentar impostos, cortar gastos, e “melhorar” esses gastos, o que no fundo significa tirá-los do povo e colocá-los para a oligarquia ou algo em que essa oligarquia esteja mais interessada. No caso europeu é a preparação de uma guerra contra a Rússia. 

Em nenhum lugar do mundo esse receituário deu certo, mas é assim que ambos os países pretendem sair do aperto em que se auto impuseram. E mais, isso não dá certo porque são os gastos do governo que impulsionam a própria economia, e o corte apenas aprofunda a crise. Seja como for vemos os governos da França e do Reino Unido com sérios riscos de caírem novamente, e o Estado Social Europeu desmoronar, não porque ele seja insustentável, mas pelo simples fato de que ele não interessa a sua oligarquia retrógrada e belicosa. Não, a culpa não é da Rússia, mas é interna a governos.

sábado, 30 de agosto de 2025

As tensões seguem subindo ao redor do mundo

Pessoal, nenhum movimento muito decisivo na geopolítica desta semana, mas as peças seguem se movendo e se posicionando, e esses movimentos indicam ações importantes à frente. 

Talvez a maior seja a retirada da representação diplomática russa de Tel Aviv. O Chanceler alemão Merz também pediu que seus cidadãos deixem Teerã. Provavelmente a segunda rodada contra o Irã está se aproximando, mas desta vez o Irã virá bem mais encorpado, com as participações de Hezbolah, Hamas, e Houtis, além de outros apoios. Israel também deve vir mais encorpado, mais preparado. 

Na Ásia tivemos patrulhas submarinas conjuntas de Rússia e China em áreas marítimas contestadas pelos chineses. A China também detetou submarinos estadunidenses com seu novo sistema de deteção magnético. Mesmo os mais silenciosos submarinos, agora não conseguem mais passarem despercebidos. Do lado Ocidental britânicos, noruegueses e estadunidenses caçam um submarino russo desde o último domingo. Segundo eles o submarino ameaça o porta-aviões estadunidense Gerald R. Ford. Ainda não acharam o “Outubro Vermelho”, mas estão procurando. 

No Leste europeu a Rússia castiga duramente a capital ucraniana, Kiev. A Casa Branca diz que lamenta, e que nem ucranianos nem russos estão prontos para a paz, depois que Zelensky negou aceitar os termos russos. Mais um passo na preparação para a saída do conflito como eu havia indicado. O Chanceler alemão Merz disse que não haverá encontro entre Zelensky e Putin, e o russo aumentou a pressão sobre a capital ucraniana e na linha de contato entre os dois exércitos. Mas não ficou por aí, porque os russos também destruíram uma fábrica que fornecia peças para drones e era de propriedade estadunidense na Ucrânia e atacou posições militares ucranianas bem próximas ao Consulado Britânico e à representação da UE em Kiev, que foram danificados. 

O recado aos ocidentais foi claro, enquanto a situação internacional segue escalando a níveis bem perigosos, e os russos parecem estar perdendo a paciência.

Da situação na América do Sul falaremos amanhã.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Movimentações no Cáucaso buscam expulsar a presença do EUA na região

Pessoal, o encontro entre Trump e Putin no Alasca chamou e ainda chama a atenção mundial. As negociações entre as duas superpotências são cruciais para o futuro do planeta, mas essas negociações não são o único ponto crucial nas movimentações geopolíticas no momento. Eu jà fiz falei aqui no Blog dos Mercantes sobre o Corredor Zangezur, que agora chama-se Trump, e está incluído no acordo de paz entre o Azerbaijão e a Armênia. O corredor será operado pelo EUA, e o problema é que há rumores de que o Tio San irá instalar uma base militar para controlar o corredor, só que ele fica na fronteira com o Irã. 

Além disso ameaça diretamente a Rússia pelo Sul, no Cáucaso, e um importante nó das chamadas Novas Rotas da Seda. A simples presença de empresas estadunidenses pode ser uma ameaça a tudo isso. 

O Irã ameaçou usar de força para impedir uma base estadunidense por lá. Nessa intenção o presidente do país persa, Mazoud Pezeshkian, viajou à Yerevan, Capital da Armênia. Além de participar de um fórum empresarial entre os dois países, Pezeshkian levou na bagagem perguntas e pedidos de explicação a Nikol Pashinyan, Primeiro Ministro armênio. 

Já a Rússia vem pressionando o Azerbaijão. Nos últimos 10 dias o gigante euroasiático já atacou algumas instalações petrolíferas azeris na Ucrânia, e fala-se em 15% da capacidade de refino e exportação azeri afetados com esses ataques. Lembrando que após o conflito entre Israel e Irã, os israelenses tiveram sua capacidade de refino extremamente debilitada, e o Azerbaijão fornece 40% do petróleo e produtos derivados importados por Israel. Essas instalações serviriam a esse propósito. 

Apesar do discurso Trump de distensão nas relações com os russos, isso parece se referir apenas em relação a Ucrânia, enquanto as tensões seguem altas em outras regiões do globo, inclusive ameaçando diretamente a Rússia e outros membros dos BRICS, como o Brasil, China e índia. A disputa entre Ocidente e BRICS está longe de estar resolvida, porque é exatamente isso que essas movimentações significam

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Avançam as negociações por paz no Leste europeu, mas nada resolvido ainda

Pessoal, no último domingo participei numa live no Canal Brasil Grande, e na oportunidade disse que a reunião entre Trump e os “Dispostos” na Casa Branca seria recheada de bullying e pressões. E foi. Não como o absurdo visto contra Zelensky ou Cyril Ramaphosa – Presidente da África do Sul –, mas um bullying sutil, quando comandou, controlou deu o tom da reunião, e lembrou algumas vezes das debilidades europeias, inclusive do ridículo acordo comercial aceito por Von der Leyen, que foi duramente criticado pelos Estados membros da UE, e por analista, incluindo este humilde palpiteiro. Quando critiquei esse acordo, lembrei que com ele a UE se rendia definitivamente a Trump. 

Sim, em Washington Zelensky negou qualquer aceite a um acordo como este, os líderes da UE e da NATO disseram que tal aceite seria inaceitável, voltaram a insistir na estupidez de que o lado que está vencendo a guerra precisa se render incondicionalmente por uma ideologia estúpida quando fora da realidade (algo que os alemães fizeram na WWI), voltaram a falar de tropas europeias de paz, etc. 

Mas a realidade se impõe de forma acachapante, e os discursos aos poucos vão mudando. Já é admitida a perda de território da Ucrânia, assim como um arranjo de segurança para o que restar do país, e até mesmo para a UE, embora esta nunca tenha estado ameaçada de fato pela Rússia. Na verdade, nem a Ucrânia, mas ela fez questão de provocar os russos por mais de uma década, confiando que o armamento e o apoio da NATO iriam ser suficientes para desafiar o gigante euroasiático. Como vemos, estavam errados.

 Além de já apresentar uma mudança na direção das posições geopolíticas da “Coalisão dos Dispotos”, o encontro na Casa Branca também serviu para abrir margem a outro grande movimento, que seria uma reunião direta entre Putin e Zelensky, possivelmente em Moscou. Ainda não está confirmado mas já se fala nisso. 

Agora, paz mesmo, isso ainda demora um pouco, e os russos não irão abrir mão de suas demandas mínimas. O problema é que, quanto mais a paz demorar a chegar, maiores serão as demandas mínimas russas. Repito: quem vence impõe as regras.


domingo, 17 de agosto de 2025

Reunião na Casa Branca será recheada de pressão pela paz

Pessoal, como eu disse, já há uma série de líderes de países, de organizações internacionais, e seus assessores, que sabem do exato teor do que foi conversado entre os Presidentes do EUA Donald Trump e da Rússia Vladimir Putin. O próprio Zelensky já soltou um comunicado de que ele não irá evacuar suas tropas das áreas reclamadas pela Rússia, mentiu ao dizer que a Rússia não diz o que quer, quando isso é de conhecimento geral, e voltou com o discurso de “Putin malvadão, Rússia agressiva”. 

Na recusa inicial de Zelensky, apoiada por vários líderes europeus, Trump convocou (sim, o termo certo é convocar) uma reunião já na segunda-feira, dia 18 de agosto, na Casa Branca, em que estarão presentes, além de Trump e Zelensky, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente finlandês Alexander Stubb, o chanceler alemão, Friedrich Merz, pela premiê italiana, Giorgia Meloni, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, e pelo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Mas antes de Washington eles realizaram hoje uma reunião da chamada “Coalisão dos Dispostos”, quando voltaram a declarar total apoio à Ucrânia. 

Na capital estadunidense certamente haverá uma explanação mais aprofundada da proposta, e também haverá enorme pressão de Trump pelo aceite dos termos russos. Como falei no vídeo em que analisei a reunião entre Trump e Putin no Alasca, os europeus não têm nem tempo nem recursos para levarem essa guerra muito mais além sem a ajuda do EUA. Eles devem acabar cedendo. Enquanto isso os russos não vão parar a guerra enquanto não tiverem suas exigências atendidas, e como foi avisado aos negociadores ucranianos na primeira reunião depois da retomada das negociações bilaterais, “agora eles reivindicam 4 oblastes, se demorarem muito serão 8.” E uma curiosidade, Zelensky vai vestir um terno desta vez, ou vai seguir fantasiado de soldado?


sábado, 16 de agosto de 2025

Reunião no Alasca mostra que há avanços, mas ainda há pontos a serem discutidos

Falaremos agora sobre o futuro do mundo.

Pessoal, que arrogância, heim? “Falaremos sobre o futuro do mundo”. Bom, talvez não cheguemos a tanto, mas chegamos perto disso, porque ontem tivemos a tão esperada reunião de cúpula entre EUA e Rússia. Não foi um encontro de apenas seus presidentes, mas incluiu mais 2 assessores de cada lado. Não se sabe exatamente o que foi tratado durante as pouco mais de 3 horas a portas fechadas, e não se falou absolutamente nada de específico do que ou como cada ponto foi tratado, menos ainda da definição desses pontos, e praticamente tudo o que se fala por fora dessa reunião não passa de especulação. Além dos 6 que estiveram presentes nesse sala, apenas algumas outras poucas pessoas já devem ter sido informadas sobre o conteúdo das conversas. Zelensky e seus auxiliares mais diretos, alguns líderes europeus e seus assessores mais próximos, e líderes da NATO, talvez da UE, uns poucos alto comissários dos governos estadunidense e russo. A princípio mais ninguém, e fora os alto funcionários dos governos estadunidense e russo, os outros devem ter sido informados de temas que lhe dizem respeito direto, e outros pontos da conversa devem ter sido omitidas a eles.

E isso não tem nada de mais, é assim mesmo que as coisas funcionam. Mas apesar de não termos sido informados claramente dos temas discutidos e dos avanços obtidos, isso não significa que não saibamos de absolutamente nada do que ocorreu, e é por isso que podemos analisar a reunião. Então vamos a eles.

Alguns sintomas que eram temidos por muitos analistas, que eu não descartava de ocorrerem, e que eu disse que os russos tirariam de letra. Começou com Lavrov chegando com um agasalho da União Soviética (mesmo no verão o Alasca pode ser bem frio). Isso não era um desafio ou um aviso de voltar à configuração territorial do passado como alguns desesperados saíram divulgando, mas um retorno da altivez e do poder. A Rússia não quer retomar o território soviético, mas já retomou a importância, o poder e ela terá que ser respeitada. É isso que esse agasalho significa.

Na chegada de Putin, alguns sintomas ambíguos, mas interessantes. Trump aplaudiu e recebeu o russo com um sorriso, e foi criticado pela mídia estadunidense por isso. Um desfile aéreo com um bombardeiro estratégico escoltado por alguns caças, que ambos viraram a cabeça para olhar. Qual o objetivo disso? Após a foto oficial, Trump pareceu puxar a mão de Putin para tentar desestabilizá-lo, não conseguiu e Putin puxou a mão para onde deveria estar. Mas coisas menores dentro do contexto geral. Podem ter tido a intenção de desestabilizar os russos, se foi isso não chegou nem perto. Se foram apenas coincidências, apenas mostra certa falta de cuidado.

Apresentação oficial, quando repórteres tentaram lançar perguntas a Putin, que chegou a fazer algumas graças, gerando até mesmo memes nas redes sociais.

Portas fechadas, e ninguém sabe o que realmente ocorreu lá dentro.

Na sequência a declaração dos dois líderes, em que os especialistas em relações internacionais dizem que houve uma inversão de ordem nas declarações, com Putin falando primeiro. E ele falou pouco, mas disse muito. E o que ele disse já foi dito diversas vezes. Disse que espera que não haja a tentativa de sabotar um processo de paz na Ucrânia, ou seja, ele deve ter chegado a algum acordo com Trump, mesmo que parcial. Disse que todas as demandas russas devem ser respeitadas e atendidas. Agradeceu a Trump e disse que realmente, fosse ele o Presidente dos EUA, provavelmente não teria havido conflito na Ucrânia, mas não deixou de dar ao EUA sua culpa nos acontecimentos, quando afirmou ter falado várias vezes com o antecessor de Trump na tentativa de evitar o conflito, mas foi ignorado. Com isso ele afagou a alma do estadunidense e ainda lhe deu a oportunidade de tirar o EUA do conflito tendo a desculpa do “conseguimos um acordo, se vocês não aderem ao acordo fica por sua conta e risco”. Só que a Europa, e muito menos a Ucrânia têm a menor condição de prosseguir com o conflito sem o Tio Sam, mesmo que ainda compre armas do EUA, os problemas sociais que traria ao Velho Continente seriam desastrosos para todos eles.

Por sua vez Trump não deixou de aproveitar a oportunidade para passar a responsabilidade justamente a Zelensky e aos europeus. Disse que está servindo como uma espécie de ponte, que espera que eles aceitem as propostas, falou da boa vontade de Putin em alcançar a paz, e dos avanços que tiveram em vários pontos, ainda que não em todos. Ao final falou de mais uma reunião com os russos, quando Putin falou que isso deverá ocorrer em Moscou, ao que Trump respondeu que teria muitas pessoas contra isso no EUA, mas que poderia ser arranjado.

Falou-se também em melhoria de relações entre os dois países, inclusive comercialmente.

Ao fim o encontro foi muito importante e certamente apresentou avanços. Algumas coisas claramente ficaram para serem discutidas com outros atores, como as garantias de segurança aos ucranianos e aos próprios europeus, e isso precisa ser negociado com eles, mas parece que Trump aceitou os termos russos, todos os que eles têm colocado publicamente na mesa, como as questões de segurança, a incorporação da Crimeia e dos oblastes conquistados. Parece que algumas questões comerciais russas também estão sendo discutidas, e alguns interesses comerciais estadunidenses também.

O ponto agora é como reagirão europeus e ucranianos. Até o momento o isolamento a que foram colocados nessas negociações não parece que caiu muito bem entre eles, e houve protestos de algumas lideranças sobre sua ausência na mesa de negociações. Mas como eu disse num outro texto que publiquei pouco antes do encontro, a subserviência com que se colocaram frente a pressão econômica de Trump, o acordo ridículo aceito pela liderança da UE, apenas mostra que eles não têm o que fazer naquela mesa. Cabe agora a Trump enfiar mais um acordo goela abaixo dos europeus. E nem será um acordo desvantajoso a eles, porque no campo de batalha eles não têm a menor condição de virar o jogo, e quem vence impõe as regras. A saída por um acordo diplomático é ótima aos europeus, porque disfarça a humilhação de uma iminente derrota com a consequente rendição, em um acordo diplomático, com ares de negociação.

Como eu disse, a depender do que Trump consiga com seus aliados da NATO, então poderemos ter um cessar-fogo em tempo relativamente breve na Ucrânia. Mas deve ser realmente breve, porque os russos seguem avançando, e a Ucrânia está cada vez mais debilitada e sem condições de resistir ao avanço que vem do Leste. Seja como for, caso os aliados da NATO rejeitem as negociações de Trump, não será de admirar que ele os deixem pendurados na broxa. Putin e Trump deixaram aberta essa possibilidade, ainda que esperem por um acordo.