segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dois pecados de um bom artigo sobre a taxa de juros

Achei muito bom o artigo veiculado pela UOL (ver abaixo) sobre a influência da taxa de juros sobre a inflação e o poder aquisitivo da população. O artigo só pecou por não dizer duas coisas. A primeira é que a produção tende a diminuir, uma vez que parte do dinheiro aplicado nela costuma ser transferido para aplicações financeiras, diminuindo assim a pressão da taxa de juros sobre a demanda.

A segunda é que o aumento das taxas de juros internas atrai capital especulativo internacional, já que os juros pagos no Brasil são absurdamente mais altos que em outros lugares do mundo, e a aplicação é considerada bastante segura, devido ao grau de investimento alcançado pelo país ainda no governo Lula.

Tal entrada de capital estrangeiro causa a depreciação do dólar frente ao real, segundo a mesma lei de oferta e procura citada o artigo da UOL, e prejudica as exportações, atingindo uma vez mais o setor produtivo, e prejudicando outra vez empresários, e mais ainda os trabalhadores, que vêem seus postos de trabalho diminuírem e/ou serem exportados para países onde os custos de produção e a demanda sejam mais atraentes.

Leia o artigo na íntegra:

Entenda como a taxa básica de juros influencia a economia 

A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle. Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender esse maior consumo. Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento, a economia desacelera e você evita que os preços subam (que ocorra inflação).

BC eleva juros pela 4ª vez consecutiva, para 12,25% ao ano
Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o BC também diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo.

É por isso que os empresários pedem corte nas taxas, para viabilizar investimentos. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.

Em um cenário normal, é também por esse motivo que as Bolsas sobem nos Estados Unidos ao menor sinal do Federal Reserve (BC dos EUA) de que os juros possam cair.
Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida suga como um ralo o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo.

SELIC
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979 pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos.
O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias.
Hoje, Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia.

COPOM
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.

O Copom se reúne em dois dias seguidos. No primeiro dia da reunião, participam também os chefes dos seguintes: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin).

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