terça-feira, 8 de março de 2016

Lula e o depoimento na DPF

Como é sabido por todos, o ex-presidente Lula foi levado sob força de coerção para prestar depoimento na delegacia da Polícia Federal em um aeroporto em São Paulo. A medida ordenada pelo Juiz Sérgio Moro causou enorme rebuliço no país, quando os contrários a Lula comemoraram sua prisão, e os partidário do ex-mandatário execraram a atitude de força tomada contra seu líder.

Não conheço os detalhes do processo da Lava-jato, tampouco os motivos que levaram o Juiz Federal a expedir tal ordem contra o ex-presidente, mas pelo que acompanho pelos noticiários de várias vertentes e veículos de comunicação, o ex-presidente jamais havia sido citado a comparecer a uma delegacia para prestar depoimento, mas apenas instado a prestar esclarecimentos. E ele o fez, através de seus advogados, em todas as vezes em que foi solicitado. Se suas explicações agradaram é outra história.

Dentro desse quadro não me parece que havia necessidade do uso da força para levar Lula a depor, pois, segundo a imprensa, ele jamais foi instado a isso. A prestação de esclarecimentos é comumente feita por advogados em nome de seus clientes, e Lula usou desse expediente em todas as vezes que foi solicitado a prestar esclarecimentos.

Mesmo que tenha havido um fato novo dentro do processo da Lava-jato, esse não seria suficiente para justificar o ato de força.

No final, ficaram os opositores do PT comemorando uma "prisão", que não ocorreu, e os apoiadores do partido governista reclamando um abuso, que poderia ter sido evitado. E os ânimos ainda mais acirrados, seja excitados pela oposição, seja pelo governo, e isso quando o país precisa de paz e união para sair da situação complicada que vive, e para possibilitar avanços na nossa ainda jovem e frágil democracia.

A falta de bom-senso está imperando dos dois lados. E os que deveriam administrar essa situação, colocam ainda mais lenha nessa fogueira.

Impeachment não é solução para incompetência, a não concordância com prioridades e métodos devem ser discutidas nas eleições e urnas, mas de forma clara, precisa e honesta, não com o monte de promessas vazias que saem de nada e chegam a lugar nenhum, e que se tornaram praxe na tortuosa democracia brasileira.

Temos muito que avançar, mas não é agindo da forma tortuosa que temos visto que iremos conseguir isso.

Oportunismo barato costuma ser punido pela história tanto quanto a incompetência e o descaso, pois acabam todos errados na troca da importância dos fins pelos meios, e no esgotamento das soluções pela criação de problemas.

Não sou adepto do culto a personalidade, mas está na hora de aparecer alguém com representatividade e juizo suficiente para dar um basta nisso que já ultrapassou as fronteiras da disputa política, e já entra no âmbito de um confronto irracional de "gostos".

E o que digo aqui não tem na a ver com ser a favor ou contra Lula ou o PT, tampouco à oposição. O que digo é em favor do país, que precisa voltar ao eixo do desenvolvimento, e não de mais problemas criados por motivos mesquinhos. Se Lula cometeu crimes, que seja punido, assim como todos aqueles que o fizeram nos últimos 20 anos.

O que não pode é mais uma vez a população brasileira pagar pela falta de escrúpulos de políticos que estão mais preocupados com suas mesquinharias do que com o país.

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