sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Falta critério na Petrobrás?

Quando uma planilha de custo é o fator que define um investimento, as coisas podem sair muito erradas. Vejam bem, não estou dizendo que o custo não seja importante; é óbvio que é, e muito, mas não pode ser o único e determinante fator a ser considerado no fechamento de um negócio. Há que se observar inúmeros outros fatores, como o histórico do armador quanto a manutenção das embarcações, relacionamento com trabalhadores e sindicatos, com o respeito a legislações locais e internacionais, etc.

Os casos abaixo são emblemáticos, e a Petrobras que pensava estar fazendo um "negócio da China" ao garantir um serviço a preço baixo, acabou por se tornar responsável por trabalhadores e embarcações que nem ao menos são delas, mas dos quais se servia.

Quanto a nota do Sindmar eu acrescentaria apenas que todos os trabalhadores devem ter seus direitos respeitados, independentemente de suas nacionalidades. Mas claro, o Sindmar é um sindicato nacional, formado para defender direitos de Oficiais e Eletricistas Mercantes brasileiros, e nesse sentido está agindo.

Mas a Petrobras, como empresa brasileira e estatal, deveria participar ativamente no sentido de defender esses direitos também, além de dar primazia total aos trabalhadores brasileiros.

Menos que isso é inaceitável a uma empresa séria.


Sindmar oficia Petrobras sobre falta de critério em navios afretados

O Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) encaminhou nesta segunda-feira dia 08 de agosto ofício ao presidente da Petrobras, Pedro Pullen Parente, alertando para a ocorrência de graves violações dos direitos trabalhistas em embarcações afretadas pela estatal.

Episódios envolvendo dois navios e um rebocador operados por empresas estrangeiras e contratados pela Petrobras. Neles, os tripulantes, brasileiros e estrangeiros, estão há meses sem receber salários, além de serem submetidos a condições indignas de trabalho, como falta de alimentação adequada.

O Sindmar adverte que o descaso com as condições de trabalho podem afetar a segurança das operações das embarcações, com sérios riscos às pessoas, ao próprio navio, à sua carga e ao ambiente. Os casos relatados no ofício envolvem o navio tanque Chem Violet, do armador turco Eco Shipping, bem como o navio Varada Santos e o rebocador Varada Ibiza, ambos do armador indiano Neyah Ship.

O Chem Violet foi arrestado recentemente pela Justiça brasileira depois que a embarcação e seus tripulantes foram abandonados à própria sorte pela armador Eco Shipping. A Justiça condenou a Petrobras a pagar parte dos oito meses de salários atrasados, a repatriar os tripulantes e a guardar o navio até que seja leiloado. No Varada Santos e Varada Ibiza os tripulantes também enfrentam meses de atrasos nos salários, não tendo recursos sequer para a alimentação.

No ofício encaminhado a Pedro Parente, o Sindmar ressalta que a Petrobras é corresponsável solidária pelos danos causados e pelas violações cometidas pelas empresas que operam essas embarcações, e recomenda que a companhia reavalie os critérios utilizados nos afretamentos.

“Melhor seria reavaliar os critérios (…) Que pese não apenas o menor preço do serviço como critério de escolha, de forma a estabelecer uma condição sustentável para a própria Petrobras garantir trabalho decente para marítimos brasileiros”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário