sábado, 30 de março de 2019

Brasil tem salário dos mais altos do mundo?

Bolsonaro disse que é. Mourão disse que é.

Só que a verdade nua e crua é que não, o salário dos brasileiros não está entre os mais altos do mundo. Na verdade não está nem entre os mais altos na comparação com as Nações no mesmo nível de desenvolvimento, embora algumas categorias, principalmente de funcionários públicos, como políticos, juízes e procuradores, recebam vencimentos bem acima de seus pares, até mesmo de Nações desenvolvidas.

O salário do ainda funcionário público Bolsonaro, por exemplo é , provavelmente, o mais alto entre os presidentes do mundo, mesmo levando-se em conta Nações desenvolvidas, afinal, acumula legalmente, mas imoralmente duas boas aposentadorias.

Mas se levarmos em conta o custo benefício, o salário dele é o mais alto do mundo em qualquer comparação, com qualquer trabalhador, estrela do Rock, Cinema, Futebol, ou com quem você quiser comparar.


Bolsonaro diz no Chile que salário no Brasil é um dos mais altos do mundo

Em meio à discussão sobre a Reforma da Previdência, que prejudicará principalmente os trabalhadores mais pobres, o presidente Jair Bolsonaro deu mais uma declaração polêmica e contra os assalariados brasileiros neste sábado 23, durante um café da manhã com empresários no Chile. Ele disse que o brasileiro ganha muito e defendeu que o sistema do Brasil ’beire a informalidade’.

A equipe econômica nossa também trabalha uma forma de desburocratizar o governo, desregulamentar muita coisa. Tenho dito à equipe econômica que na questão trabalhista nós devemos beirar a informalidade porque a nossa mão-de-obra é talvez uma das mais caras do mundo", declarou.

Ele já havia dito algo parecido antes de tomar posse, em dezembro, quando declarou que "ser patrão é um tormento" no Brasil e que a lei tem que se aproximar da informalidade. Em outra ocasião, um dia após o ministro Onyx Lorenzoni anunciar o fim do Ministério do Trabalho, o então presidente eleito disse que "é horrível ser patrão no Brasil com essa legislação que está aí".

Na fala com os empresários, ele também voltou a falar em ideologização nas escolas e também na imprensa. "Nos preocupa também, começou no governo Fernando Henrique e se agravou nos governos Lula e Dilma, a questão ideológica que tomou conta das universidades e inclusive das escolas de ensino fundamental e também da grande mídia. É difícil encontrar um jornalista da grande imprensa que possa discutir conosco de igual para igual. Sempre tem um viés de esquerda nas discussões e parece que eles não querem enxergar ou foram doutrinados demais", afirmou.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Impeachment a vista?

Cada vez são mais fortes os rumores de que Bolsonaro não se manterá no cargo por muito tempo. Até mesmo políticos de seu próprio partido já se movimentam no sentido de retirar o presidente da cadeira e, pasmem. são contra a assunção de Mourão, porque já há movimentação para que se realizem novas eleições no prazo de 90 dias, caso o presidente seja derrubado.

A PEC que busca essa solução é de autoria de 2 deputados petistas, mas há apoio de parlamentares de vários partidos, incluindo o partido de Bolsonaro.

Acho difícil que uma PEC dessas seja aprovada, até porque seria mais um passo em direção ao Parlamentarismo - sistema que eu acho mais interessante -, mas não dá para negar que a batata de Bolsonaro assa, e não é só por parte da oposição.

A propósito, nunca vi alguém conseguir que seu próprio partido fizesse oposição a seu governo. Realmente Bolsonaro veio para fazer História.



Pena que seja uma História tão ruim.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Ameaça nuclear volta a crescer

A manchete abaixo é muito preocupante. Há muitos anos não tínhamos uma ameaça nuclear tão próxima da humanidade, mas ao mesmo tempo podemos apontar algumas incongruências na geopolítica mundial.

A primeira é que, na tecnologia armamentista, hoje em dia a Rússia está mais avançada que os americanos, que têm primazia apenas em alguns nichos da indústria armamentista. Isso se verifica nos novos mísseis ultrasônicos russos, na aviação de caça ou de bombardeio, em uma série de equipamentos de solo e mísseis de diversos tipos.

Pois bem, nada disso é tão importante se temos em mente uma guerra nuclear, que não dizimaria o planeta apenas pelas explosões, mas principalmente pela radiação resultante das mesmas.

Mas a incongruência não se vê no aspecto militar, mas principalmente nas movimentações econômicas e diplomáticas. Analisemos.

Os russos são acusados de terem interferido nas eleições americanas em favor de Donald Trump. Este, por sua vez, tem negócios no país euro-asiático, e tem feito algumas concessões aos russo, assim como tem buscado entendimentos com a China, aliada russa.

Ao mesmo tempo os russos agem com energia quando os americanos, ou os europeus ocidentais tentam agir em áreas de sua tradicional influência, e isso vem se tornando mais nítido nos últimos anos, um exemplo é a crise na Síria, quando os russos chegaram a mover tropas para interferir, se achassem necessário.

Já na Venezuela fazem um monte de fumaça, mas fogo mesmo, até agora nenhum.

A ameaça nuclear sempre é uma possibilidade, mas com todas essas movimentações e soluções, isso está mais para aquele joguinho meia boca, em que o 0x0 classifica os dois, e ninguém sai prejudicado em suas intensões. Uma luta de pesos pesados, em que os dois se xingam antes, se olham feio no ringue, trocam empurrões, muitos clinches, mas ninguém bate efetivamente em ninguém.

E as coisas continuam como sempre estiveram.

Putin ameaça apontar mísseis para os Estados Unidos se Washington colocar os seus na Europa

Com popularidade em queda, presidente também anunciou pacote de medidas econômicas para melhorar a vida das famílias russas

O presidente russo Vladímir Putin em seu discurso do estado da naçãoAmpliar foto
O presidente russo Vladímir Putin em seu discurso do estado da nação  (AP) | REUTERS)
Vladimir Putin quer recuperar a confiança dos russos. Ciente 
de que sua popularidade está em queda livre pela situação econômica e as reformas sociais impopulares, o presidente da Rússia fez nesta quarta-feira novas ameaças militares contra os Estados Unidos e anunciou um pacote de medidas econômicas destinadas a melhorar a vida das famílias. Distante do discurso focado apenas no belicismo dos últimos anos, Putin tratou de apresentar medidas sociais em seu discurso anual sobre o estado da nação. Mas no trecho final lançou uma ameaça clara e contundente à OTAN e aos Estados Unidos: se após o abandono do tratado de desarmamento nuclear Washington colocar seus mísseis na Europa, a Rússia também posicionará e apontará seus mísseis, e não só para a UE, também para os EUA. "Estamos prontos para entrar em negociações sobre o desarmamento, mas não vamos bater em uma porta fechada", disse o presidente russo aos membros da Assembleia Federal.
























No primeiro discurso para todo o país após a retirada dos EUA do tratado de desarmamento nuclear de mísseis de médio alcance, conhecido como INF, o presidente russo disse que a Rússia não tem a intenção de agir primeiro, mas não hesitará em responder. Putin anunciou com orgulho que as últimas armas nucleares prometidas – novos mísseis hipersônicos e um submarino nuclear – estarão prontas em breve. E acusou Washington de mentir e usar desculpas para abandonar o INF, que proíbe o desenvolvimento e a colocação de mísseis terrestres com um alcance de 500-5500 km. Além disso, o líder russo disse que os EUA estão há anos descumprindo esse pacto bilateral crucial que data da Guerra Fria, e que após a saída dos EUA a Rússia também abandonou. A Casa Branca afirma que foi a Rússia que violou o tratado em numerosas ocasiões nos últimos anos.
Putin lançou nesta quarta-feira sua mais dura ameaça contra Washington e a OTAN. Ele pediu à Casa Branca que calcule os riscos de atacar e intimidar Moscou. E se contrapondo ao discurso que vinha mantendo nos últimos dias, de que a Rússia usaria apenas medidas equivalentes contra os EUA, ele também ameaçou recorrer a medidas "assimétricas" se os EUA colocarem seus mísseis na União Europeia. Se assim for, "a Rússia será forçada a fabricar e deslocar tipos de armas que podem ser usados não só contra os territórios de origem da ameaça direta, mas também contra os territórios em que se encontrem os centros de tomada de decisão para o emprego dos sistemas de mísseis que nos ameaçam", enfatizou no discurso sobre o estado da nação, que esboça as linhas a seguir durante o ano. Ou seja, se os Estados Unidos colocarem seus mísseis na UE, a Rússia posicionará os seus para alcançarem não apenas a Europa, mas também os Estados Unidos.
Embora se acredite que a Rússia já esteja apontando para Washington e outras cidades ocidentais com mísseis balísticos intercontinentais tradicionais (e vice-versa), Putin se gabou de seus novos projetos armamentistas, como o novo míssil hipersônico Tsirkon, que poderia percorrer até 1.000 km e alcançar alvos terrestres. Além disso, uma escala como a que insinuou poderia reproduzir o cenário de 1962, quando a Rússia posicionou mísseis em Cuba em resposta à colocação de mísseis norte-americanos na Turquia.


https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/20/internacional/1550662813_943894.html?id_externo_rsoc=FB_CC&fbclid=IwAR2nS9SqKFDRYN6A_LhaI-VAcoCfLwQYwpe5uRlEMEcol1bM7G2nvOdq05

quarta-feira, 27 de março de 2019

Estamos numa Matrix? Existimos?

Vejam abaixo o que a teoria quântica fala sobre realidade e existência de fatos. Muito interessante.

E o link para a matéria completa, como sempre no título abaixo.

A propósito, estarei sempre quebrando um pouco o peso da política no Blog dos Mercantes, porque não dá apenas para ficarmos rebatendo e contrapondo as asneiras governamentais.


Existe a realidade? O experimento que indica que, no nível quântico, não há fatos objetivos



Imagem mostra mulher com a cabeça dentro de um aquário com peixesDireito de imagemGETTY
Image captionO que é a realidade?

Na vida cotidiana, há fatos que são indiscutíveis.
Se duas pessoas, por exemplo, observam uma bola de tênis, ambas aceitarão que ela é uma esfera. Se elas jogam uma pedra para cima, não poderão negar também que o objeto vai voar pelos ares e depois cairá no chão.
Esses são "fatos" e constituem o que chamamos de "realidade". São coisas que continuarão sendo verdadeiras, independentemente de quem as observa, ou mesmo se ninguém as observar.
A questão, no entanto, se complica quando mudamos nosso foco para escalas nanométricas em que, de acordo com a física quântica, as regras que regem nosso mundo parecem não se aplicar da mesma maneira.
Nesse nível, acontecem coisas estranhas que até agora só foram formuladas de maneira teórica, mas um grupo de pesquisadores afirma que, pela primeira vez, foi capaz de demonstrar em um experimento que no nível quântico não há "fatos objetivos" e que a realidade depende de quem a vê.

Pontos de vista

A teoria quântica afirma que o observador de um fato influencia em como esse fato é percebido.
É como dizer que uma mesma bola de tênis para uma pessoa pode representar uma esfera, mas para outra, um cubo.


fotónDireito de imagemALESSANDRO FEDRIZZI
Image captionOs pesquisadores usaram fótons para enviar informações entre vários 'observadores'

Para provar isso, físicos da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, criaram uma experimento que envolveu quatro observadores: Alice, Amy, Bob e Brian.
Esses personagens não são pessoas. Eles são, na verdade, quatro máquinas sofisticadas em um laboratório.
No teste realizado com eles, Alice e Bob recebiam uma mensagem, que nesse caso era um fóton, ou seja, uma partícula quântica da qual a luz é composta.
Depois, Alice e Bob enviavam esse fóton a Amy e Brian, ou seja, transmitiam a mensagem a eles.
Eis o que surpreendeu os pesquisadores: apesar de Alice e Bob terem enviado a mesma informação a Amy e Brian, os dois últimos a interpretaram de maneira diferente.


Alessandro Fedrizzi, pesquisador que trabalha como professor no Instituto de Fotônica e Ciências Quânticas da Universidade Heriot-Watt.Direito de imagemALESSANDRO FEDRIZZI
Image captionO professor Fedrizzi esteve à frente da pesquisa

O processo é bastante complexo, mas poderia ser exemplificado como um telefone quebrado em que uma mesma mensagem se transforma à medida que passa de uma pessoa para outra.
Este resultado está relacionado a um conceito de mecânica quântica que diz que as partículas podem se entrelaçar e mudar dependendo de quem as observa.
Para entender melhor as implicações do experimento, a BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, conversou com o físico Alessandro Fedrizzi, líder da pesquisa, que trabalha como professor no Instituto de Fotônica e Ciências Quânticas da Universidade Heriot-Watt.


BBC

Qual é a principal contribuição deste experimento?

Esta é a primeira vez que alguém realiza um experimento mostrando que os fatos não são universais no nível quântico.
A mensagem é que na teoria quântica não há fatos objetivos. Isso quer dizer que um mesmo fato não é visto da mesma forma por diferentes observadores.
Isso é algo que normalmente não esperamos na ciência, porque na ciência é muito importante que os fatos sejam iguais para todos que os observam.
Quando falamos de fatos na vida real, são coisas que podem ser verificadas muito rapidamente. O que estamos dizendo é que na teoria quântica, em um nível profundo, os fatos não são objetivos.


Ilustração mostra mulher sobre pedra enquanto barco flutua no arDireito de imagemGETTY
Image captionOs fatos existem?

Isso quer dizer que os fatos não existem?

Os fatos existem, mas podem ser subjetivos. Na ciência, é muito importante que haja fatos sobre os quais todos possamos estar de acordo, que é o que permite o desenvolvimento científico.
Ocorre que, na teoria quântica, talvez esse não seja o caso, ou seja, diferentes observadores podem ter acesso a diferentes fatos que podem coexistir entre eles.
Na vida cotidiana, isso dificilmente nos afetará, mas significa que teremos de reescrever ou mudar nossa compreensão do que a mecânica quântica realmente significa no nível fundamental.

https://www.bbc.com/portuguese/geral-47529442?ocid=socialflow_facebook

terça-feira, 26 de março de 2019

Previdência, uma alternativa viável

O Blog aqui já se pronunciou quanto ao absurdo da proposta de destruição da previdência feita pelo governo Bolsonaro. Ela somente atende aos interesses de algumas grandes empresas, mas prioritariamente de banqueiros.

Mas há alternativas muito mais viáveis. A proposta de Cesar Benjamin é interessante, e parecida com a de Ciro Gomes. A grande diferença é que Ciro quer usar ao menos parte dos recursos da capitalização para fomentar a economia, enquanto a ideia básica de Cesar Benjamin é de usar o dinheiro para modificar o perfil da dívida interna, e sair da armadilha financeira criada por PSDB e PT.

E a questão principal é que ambas são muito menos nocivas à população, e têm potencial de realmente resolver os problemas econômicos brasileiros, acabando com a dependência e a tirania financeiro-econômica impostas pelos bancos no país.

Sem isso não haverá desenvolvimento, sem isso haverá atraso.


CESAR BENJAMIN: Reforma da previdência e regime de capitalização



reforma da previdência regime de capitalização tesouro nacional cesar benjamin
Leio na coluna de hoje de Alexandre Schwartsman na Folha: “Faz sentido criar um sistema de capitalização complementar ao de repartição, como defendido, por exemplo, na proposta elaborada por Paulo Tafner. No caso, pessoas de renda mais elevada contribuiriam para o novo regime sobre o montante que ultrapassasse o teto do regime de repartição. Note-se que o novo regime, nesse caso, não aumentaria o déficit […] nem o reduziria.”
Desculpe o Alexandre, mas elaborei e publiquei esta proposta em 2016, como se verá abaixo. Não consegui diálogo sobre ela, nem com a esquerda (que me considera muito direitista) nem com conservadores (que me consideram muito esquerdista).
Mas, cuidado: eu defendo que toda a receita do novo regime de capitalização seja direcionada, por lei, aos títulos do Tesouro Nacional. Se não for assim, é picaretagem.
Há uma frase famosa atribuída a Nelson Rockefeller: “O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo; o segundo melhor é uma empresa de petróleo mal administrada.” A frase é espirituosa, mas não é verdadeira. O melhor negócio do mundo é uma empresa de previdência jovem. Ela só tem receita (e receita assegurada), nenhuma despesa.
Se a atual reforma for feita para abrir esse filão para os bancos privados, será a negociata do século, que NÃO RESOLVERÁ A CRISE FISCAL NO CURTO PRAZO E GERARÁ UMA CRISE MONUMENTAL ADIANTE (como no caso chileno).
Abaixo, o trecho final do meu documento de 2016:
“Vista como um todo, a crise brasileira impõe a busca de uma solução que atenda a três objetivos, cuja compatibilização está longe de ser trivial: (a) manter o caráter distributivo da Seguridade Social, corrigindo distorções; (b) garantir que ela seja sustentável em longo prazo; (c) realizar um ajuste fiscal e retomar o crescimento econômico.
“Parece que estamos diante da quadratura do círculo, o problema insolúvel que atormentou os matemáticos antigos durante alguns séculos. Para buscar uma solução, precisamos sair da mesmice.
“Eis as linhas gerais de uma proposta nova:
“(a) O governo abre mão de usar a Desvinculação das Receitas da União. A Seguridade Social recebe uma injeção de recursos firmes da ordem de 30% do valor de seu orçamento, enquanto o Tesouro Nacional perde quantia equivalente. O governo também revê criteriosamente a política de desonerações tributárias, o que tem um impacto fiscal positivo. Inclui-se o agronegócio entre os contribuintes, de modo a atacar o déficit da previdência rural. Adotam-se outras providências, como a racionalização administrativa e o combate à sonegação. O sentido dessas medidas é colocar a Seguridade em posição claramente superavitária no presente, sob qualquer critério.
“(b) Estabelece-se que a percentagem entre 28% e 31% da folha salarial que hoje é descontada para a Seguridade (entre 8% e 11% dos empregados e 20% dos empregadores) será dividida em duas partes. Uma delas, majoritária, permanecerá no atual regime de repartição e garantirá a sustentabilidade intertemporal do RGPS – junto com as demais fontes de recursos –, de modo que o passivo do sistema seja mantido sob controle. Os trabalhadores receberão suas aposentadorias futuras, no todo (os mais pobres) ou em parte (os remediados ou mais ricos), a partir desse regime.
“(c) A outra parte dos descontos que incidem sobre a folha salarial será transferida para um fundo de capitalização compulsório, com contas individuais. Tendo em vista a necessidade de garantir a segurança de longo prazo aos associados, esse fundo aplicará seus recursos, necessariamente, em títulos do Tesouro Nacional indexados à taxa Selic. Não podendo optar entre diversas aplicações, o fundo não precisa nem deve ser entregue à iniciativa privada. Será um fundo público.
(d) Os títulos do Tesouro passam a receber esse novo fluxo permanente de recursos, em aplicações de longo prazo, garantidas por lei. Isso permitirá uma queda rápida e consistente na taxa de juros e um alongamento do perfil da dívida interna. O Tesouro recupera por essa via os recursos que havia perdido com o fim da Desvinculação dos Recursos da União. A queda das despesas de rolagem da dívida pública contribui decisivamente para o ajuste fiscal.
“(e) A aposentadoria futura dos participantes do sistema passa a ser calculada pela soma de duas partes, ambas situadas dentro do setor público: a participação de cada um no sistema de repartição e a capitalização de sua conta individual. Esta última terá um limite mínimo, definido em lei, calculado para cada faixa de renda. Mas cada um poderá aumentar voluntariamente seu recolhimento para essa conta individual, tendo em vista incrementar sua aposentadoria futura. Essas aposentadorias aumentadas não onerarão o sistema, pois resultarão da capitalização de recursos previamente depositados nele. Fica livre a opção por planos privados, conforme a legislação em vigor.
“(f) Extinguem-se gradualmente os RPPSs, eliminando-se abusos e revendo-se os chamados regimes especiais. Os funcionários públicos são incorporados ao RGPS segundo essas novas normas, sendo integrados no regime geral de repartição como os demais trabalhadores, sujeitos às alíquotas de contribuição vigentes e ao teto geral das aposentadorias desse sistema. Porém, como têm salários médios mais altos, suas contribuições destinadas às contas individuais, em regime de capitalização, também serão maiores, de modo a lhes garantir aposentadorias mais bem remuneradas no futuro, pela soma dos dois componentes. Tais aposentadorias, resultantes da capitalização, não onerarão nem o INSS nem o Tesouro.
“Com alíquotas bem calculadas, essa combinação de repartição e capitalização, ambas dentro do setor público, pode garantir a sustentabilidade da Previdência, sem perdas para a esmagadora maioria. Paralelamente, ela cria condições para uma queda consistente na taxa de juros, com impacto positivo no ajuste fiscal e com múltiplos efeitos sistêmicos, igualmente positivos, sobre a economia nacional.
“Realiza-se assim uma reforma robusta, de qualidade nova, capaz de perdurar por muito tempo. Seus custos recairiam sobre os atuais investidores em títulos públicos, que perderiam o ganho fácil que advém das maiores taxas de juros do mundo.”
Por Cesar Benjamin