quarta-feira, 6 de março de 2019

A refugada de Moro

Muita gente pedindo a demissão de Moro, seja por parte de Bolsonaro, seja por parte do próprio Moro. A vergonhosa passagem da nomeação de Llona Szabó para um cargo de consultoria, num colegiado de 13 membros, e onde ela seria apenas uma suplente, mostra apenas a total falta de apoio do presidente Bolsonaro a seu maior cabo eleitoral. 

Ora, mas ele já mostrou que não mantém nenhum tipo de gratidão com aqueles que o ajudaram, como foi o caso da demissão do ex-ministro Gustavo Bebianno, por que com Moro seria diferente?

Mas isso tudo não é nada mais do que a disputa de poder em um governo formado por grupos antagônicos entre si, e cuja única meta comum é retirar direitos e riqueza da população em geral, na tentativa de inchar seus já abarrotados cofres.

Como não há liderança, o que vemos são as idas e vindas nos atos governamentais, as atitudes equivocadas, e o vai e vem do governo, que segue em rumos distintos, seja pela falta de projeto, seja pela falta de objetivos nacionais, já que cada área do governo foi entregue a um dos grupos de interesse que apoiaram Bolsonaro. Mas como eu já disse, os interesses não são coincidentes.

Se acham pouco, acalmem-se, vai ter muito mais.






Caso Ilona Szabó: o mínimo que Sergio Moro deveria fazer é pedir demissão

Desautorizado, Sergio Moro queimou publicamente cientista social que desconvidou. Ilona Szabó chegou a elogiar o ministro horas antes de ser humilhada por ele

Ilona Szabó Sergio Moro
Ilona Szabó e Sergio Moro

A refugada de Moro da nomeação de Ilona Szabópara o Conselho de Políticas Criminais e Penitenciárias é um vexame sob qualquer ângulo que se olhe.
A ordem veio do chefe Jair Bolsonaro, na onda das hostes olavistas que passaram os dois últimos dias “denunciando” o “globalismo”, a “social democracia” (é sério) e outras monstruosidades cientista política, uma “infiltrada”.
Nas redes, a hashtag “Moro Bunda Mole” pegou. A nota do Ministério da Justiça é patética. A revogação, lê-se, ocorreu por causa da “repercussão negativa em alguns segmentos”.
Por “segmentos” entenda-se uma turba colérica e especializada em linchamentos virtuais e assassinatos de reputações.
Esqueça critérios técnicos. O que vale é o pensamento único das hostes lideradas pelo Ermitão da Virgínia.
Moro pediu “escusas” a Ilona, mas o estrago está feito para a reputação de ambos. O mínimo que Moro deveria fazer é pedir o chapéu. Os erros são crassos em qualquer manual de gestão.
Primeiro, se não acertou a contratação com o superior. Se acertou previamente com Jair e foi desautorizado depois, é pior.
Ilona está sendo queimada na fogueira fascista por causa de quem a convidou para trabalhar. Defensora do controle de armas, fundadora de uma ONG, colunista de jornal, iria para um cargo figurativo.
Fundamentalistas descobriram artigos em que ela detona o “mito”, defende a descriminalização das drogas etc — tudo o que uma pessoa normal faz.
A pá de cal foi uma foto de 2015 de um convescote em que ela aparece juntamente com FHC e George Soros, o anticristo para essa cambada.
A pobre Ilona publicou uma nota elogiando Moro.
“Atuo há mais de 15 anos na área de segurança pública e política de drogas, e hoje dei mais um passo na minha trajetória ao aceitar o convite”, disse.
“Agradeço o gesto do ministro ao pensar em vozes plurais para o Conselho e em uma presença feminina. Será mais uma oportunidade de promover o diálogo com diferentes setores da sociedade”.
Não existe diálogo no fascismo. Por isso vai cair de maduro e com estrondo, juntamente com quem manda e os paus mandados.


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