Neste ponto discordo de Ciro Gomes, e de vários políticos de oposição. Mas eles são políticos, e tentam conquistar um espaço com suas ações e posicionamentos. Eu, ao contrário, apenas tento fazer uma análise da situação atual. Como situações não são perenes, minha análise pode se modificar daqui poucos dias, caso as mudanças sejam significativas.
Apesar de termos mais de 30 pedidos de impeachment sobre a mesa de Rodrigo Maia, de termos mais de uma ação de cassação da chapa eleita em 2018 tramitando no TSE, apesar de a maioria da população já ser a favor da queda do Presidente, apesar de Bolsonaro ter perdido significativo apoio das classes médias brasileiras, nada indica que ele cairá este ano, e provavelmente conseguirá concluir seu mandato.
Quatro motivos corroboram a atual posição:
1- O apoio que perdeu nas classes médias foi compensado em parte por apoio nas classes menos favorecidas;
2- Houve aproximação com o chamado "Centrão", com a farta distribuição de cargos, e amplo acesso a recursos públicos, com a indicação de políticos condenados por corrupção e desvios na administração pública para ocuparem esses cargos;
3- As classes dominantes seguem se servindo do erário público como e quando querem, com enorme transferência de renda das classes médias e pobres para os mais ricos, o que inclusive reduziu drasticamente algumas críticas que começavam a ecoar do andar de cima;
4- O caso Queiroz. O ex-policial e braço direito de Bolsonaro segue nas mãos da Justiça/polícia, e agora sua esposa também. Os dois têm potencial para destruir a imagem que Bolsonaro ainda carrega em parte da população, e isso tem reduzido bastante a liberdade de ação do Presidente, que se vê "refém" de uma possível delação premiada do amigo de décadas.
Enquanto essa situação permanecer, Bolsonaro também permanecerá, mas devido ao fator 4, permanecerá com movimentos limitados.
Resta a Bolsonaro a tentativa de um golpe de Estado, mas isso pode ser bastante dificultado, já que a ação dos milhares de militares e ex-militares que ocupam cargos públicos fora das Forças Armadas vem desagradando muito a maior parte da tropa. Começou com a indicação do filho do Vice-presidente Mourão para um cargo ao qual não estava habilitado no Banco do Brasil, e atinge agora Braga Netto, com a indicação de uma filha para um cargo público de gerência, passando por incompetências, desmandos e desvios de vários tipos. Ainda que o apoio nas Polícias Militares siga alto, no momento não me parece suficiente para um golpe, até porque temos visto reações de várias partes para reduzir essa influência.
A meu ver o povo brasileiro seguirá sendo rapinado por mais 2 anos e meio, mas terá a chance de mudar esta situação em 2022. Dependerá do próprio povo.
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