quinta-feira, 2 de julho de 2020

Putin deve se manter no poder

Apesar de as mudanças anunciadas abaixo serem consideradas aberrações para as democracias ocidentais, temos que entender duas coisas: a primeira é que, apesar de a Rússia ter um pé na Europa Ocidental, ela nunca foi efetivamente aceita pelos guardiôes da ideologia liberal, e segundo é que os russos têm suas vidas bastante influenciadas por duas vertentes de força: a primeira é uma desconfiança e rejeição do mundo ocidental, e a segunda é uma aproximação do mundo oriental. 

Essa sopa de pesos e contra-pesos faz com que não possamos analisar a sociedade russa com os olhos ocidentais. Além disso a História russa, a grosso modo, pode ser definida por experiências relativamente próximas que deixaram profundas marcas em sua psique. Foi o final da dinastia  familiar dos Romanov, marcada por desastres bélicos e sociais, uma experiência relativamente boa com o Comunismo, que gerou dinastias vitalícias, e uma experiência desastrosa com um modelo próximo das democracias ocidentais, que levou grande parte do povo russo à miséira.

Quem fez a Rússia voltar aos trilhos foi Putin.

Como longas permanências no poder já fazem parte do imaginário russo, não foi tão difícil a Putin inserir tais mudanças. E aí sim, caso os russo queiram, já podem tirá-lo nas próximas eleições, uma vez que ele tem a possibilidade de ser reeleito, não a certeza disso.

O nome disso é "auto determinação dos povos".

Mas e as questões das minorias?

Bem, isso é algo que o povo russo tem que tratar, e eles tratarão, quando estiverem prontos, e quando isso for relevante para eles. No momento ainda precisam garantir pensões mínimas, e melhora para todos, independente da sua posição individual.

Quem sabe, se o Ocidente se aproximar deles ao invés de atacá-los, como vemos o tempo todo, essas posições também não comecem a mudar?

Aprovadas mudanças constitucionais que permitem Putin no poder até 2036

Com todos os votos contados após sete dias de votação, 77,92% dos eleitores apoiaram as reformas


Os eleitores russos aprovaram esmagadoramente um pacote de mudanças constitucionais numa votação em todo o país, permitindo que o presidente Vladimir Putin possa estender a sua governação, que já leva duas décadas, até 2036.

Com todos os votos contados após sete dias de votação, a Comissão Central de Eleições revelou que 77,92% dos eleitores apoiaram as reformas, num referendo que teve uma participação de 65% dos eleitores.

Restavam poucas dúvidas de que os eleitores que apoiavam as mudanças que Putin anunciou no início deste ano e que os críticos denunciaram como uma manobra para permitir que o presidente permanecesse no Kremlin até morrer.

O principal crítico do governo, Alexei Navalny, criticou os resultados, falando numa "grande mentira" que não reflete a opinião pública real.

As mudanças foram aprovadas há várias semanas pelo parlamento da Rússia e cópias da nova constituição já estavam à venda nas livrarias, mas Putin disse que a aprovação dos eleitores era essencial para dar legitimidade à decisão.

As reformas incluem medidas conservadoras e populistas - como pensões mínimas garantidas e uma proibição efetiva do casamento gay -, mas Putin também redefiniu os limites presidenciais, o que lhe permite concorrer mais duas vezes a eleições depois de o atual mandato de seis anos expirar em 2024.

O Kremlin fez todos os esforços para incentivar a votação, com a votação a ser prolongada durante uma semana, sendo que o último dia de votação foi declarado feriado nacional, além de terem sido oferecidos prémios como apartamentos, carros e dinheiro aos eleitores.

Inicialmente planeado para 22 de abril, o referendo foi adiado devido à pandemia de coronavírus, mas reagendado depois de Putin dizer que a epidemia havia atingido o pico e de as autoridades começarem a relatar números mais baixos de novos casos.


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