Não é a primeira vez que isso ocorre. Claro, as máquinas, o parque fabril, tudo isso é importante numa indústria, ainda mais uma indústria de ponta como a aeroespacial, mas nesse setor o mais importante de tudo é sua mão de obra. A alta especialização, a alta tecnologia envolvida, e a necessidade de anos de estudos e experiência no setor tornam a formação dessa mão de obra não apenas cara, mas também muito longa e difícil, e por isso esses trabalhadores são muito bem remunerados.
Há alguns anos a Bombardier, mais precisamente em 2009, a Bombardier tentou o mecanismo de arregimentação de mão de obra de concorrente, vindo ao Brasil e oferecendo salários e vantagens acima do mercado para arregimentar engenheiros e outros técnicos altamente especializados da Embraer. O caso chegou a ser levado a OMC pelo Brasil (então um país minimamente soberano). Poucos anos depois a Bombardier foi incorporada pela Airbus, tendo o governo canadense participado das negociações e garantido a permanência das plantas de produção e dos empregos dos canadenses.
Agora é a Boing, que com apoio do próprio governo americano estaria atacando a parte mais importante da maior e mais importante empresa de tecnologia aeroespacial do Brasil. A se confirmarem as denúncias de Ciro Gomes o caso é ainda mais grave, porque teria envolvimento do governo norte-americano, que estaria facilitando a obtenção de vistos de residência e trabalho para os arregimentados.
O interessante é que as coisas vêm na sequência. Na segunda-feira, em minha postagem, comentei o fato de o Ocidente não respeitar as regras que eles mesmos criaram. Logo após ter escrito a postagem de segunda, me vem essa informação, e corrobora, na prática, com aquilo que falei.
Sim, é óbvio que a denúncia precisa ser investigada e comprovada, mas não acredito que o governo Lula/Alckmin venha a fazê-lo, ao menos não da forma séria e profunda que deveria.
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