quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Avançam as negociações por paz no Leste europeu, mas nada resolvido ainda

Pessoal, no último domingo participei numa live no Canal Brasil Grande, e na oportunidade disse que a reunião entre Trump e os “Dispostos” na Casa Branca seria recheada de bullying e pressões. E foi. Não como o absurdo visto contra Zelensky ou Cyril Ramaphosa – Presidente da África do Sul –, mas um bullying sutil, quando comandou, controlou deu o tom da reunião, e lembrou algumas vezes das debilidades europeias, inclusive do ridículo acordo comercial aceito por Von der Leyen, que foi duramente criticado pelos Estados membros da UE, e por analista, incluindo este humilde palpiteiro. Quando critiquei esse acordo, lembrei que com ele a UE se rendia definitivamente a Trump. 

Sim, em Washington Zelensky negou qualquer aceite a um acordo como este, os líderes da UE e da NATO disseram que tal aceite seria inaceitável, voltaram a insistir na estupidez de que o lado que está vencendo a guerra precisa se render incondicionalmente por uma ideologia estúpida quando fora da realidade (algo que os alemães fizeram na WWI), voltaram a falar de tropas europeias de paz, etc. 

Mas a realidade se impõe de forma acachapante, e os discursos aos poucos vão mudando. Já é admitida a perda de território da Ucrânia, assim como um arranjo de segurança para o que restar do país, e até mesmo para a UE, embora esta nunca tenha estado ameaçada de fato pela Rússia. Na verdade, nem a Ucrânia, mas ela fez questão de provocar os russos por mais de uma década, confiando que o armamento e o apoio da NATO iriam ser suficientes para desafiar o gigante euroasiático. Como vemos, estavam errados.

 Além de já apresentar uma mudança na direção das posições geopolíticas da “Coalisão dos Dispotos”, o encontro na Casa Branca também serviu para abrir margem a outro grande movimento, que seria uma reunião direta entre Putin e Zelensky, possivelmente em Moscou. Ainda não está confirmado mas já se fala nisso. 

Agora, paz mesmo, isso ainda demora um pouco, e os russos não irão abrir mão de suas demandas mínimas. O problema é que, quanto mais a paz demorar a chegar, maiores serão as demandas mínimas russas. Repito: quem vence impõe as regras.


domingo, 17 de agosto de 2025

Reunião na Casa Branca será recheada de pressão pela paz

Pessoal, como eu disse, já há uma série de líderes de países, de organizações internacionais, e seus assessores, que sabem do exato teor do que foi conversado entre os Presidentes do EUA Donald Trump e da Rússia Vladimir Putin. O próprio Zelensky já soltou um comunicado de que ele não irá evacuar suas tropas das áreas reclamadas pela Rússia, mentiu ao dizer que a Rússia não diz o que quer, quando isso é de conhecimento geral, e voltou com o discurso de “Putin malvadão, Rússia agressiva”. 

Na recusa inicial de Zelensky, apoiada por vários líderes europeus, Trump convocou (sim, o termo certo é convocar) uma reunião já na segunda-feira, dia 18 de agosto, na Casa Branca, em que estarão presentes, além de Trump e Zelensky, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente finlandês Alexander Stubb, o chanceler alemão, Friedrich Merz, pela premiê italiana, Giorgia Meloni, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, e pelo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Mas antes de Washington eles realizaram hoje uma reunião da chamada “Coalisão dos Dispostos”, quando voltaram a declarar total apoio à Ucrânia. 

Na capital estadunidense certamente haverá uma explanação mais aprofundada da proposta, e também haverá enorme pressão de Trump pelo aceite dos termos russos. Como falei no vídeo em que analisei a reunião entre Trump e Putin no Alasca, os europeus não têm nem tempo nem recursos para levarem essa guerra muito mais além sem a ajuda do EUA. Eles devem acabar cedendo. Enquanto isso os russos não vão parar a guerra enquanto não tiverem suas exigências atendidas, e como foi avisado aos negociadores ucranianos na primeira reunião depois da retomada das negociações bilaterais, “agora eles reivindicam 4 oblastes, se demorarem muito serão 8.” E uma curiosidade, Zelensky vai vestir um terno desta vez, ou vai seguir fantasiado de soldado?


sábado, 16 de agosto de 2025

Reunião no Alasca mostra que há avanços, mas ainda há pontos a serem discutidos

Falaremos agora sobre o futuro do mundo.

Pessoal, que arrogância, heim? “Falaremos sobre o futuro do mundo”. Bom, talvez não cheguemos a tanto, mas chegamos perto disso, porque ontem tivemos a tão esperada reunião de cúpula entre EUA e Rússia. Não foi um encontro de apenas seus presidentes, mas incluiu mais 2 assessores de cada lado. Não se sabe exatamente o que foi tratado durante as pouco mais de 3 horas a portas fechadas, e não se falou absolutamente nada de específico do que ou como cada ponto foi tratado, menos ainda da definição desses pontos, e praticamente tudo o que se fala por fora dessa reunião não passa de especulação. Além dos 6 que estiveram presentes nesse sala, apenas algumas outras poucas pessoas já devem ter sido informadas sobre o conteúdo das conversas. Zelensky e seus auxiliares mais diretos, alguns líderes europeus e seus assessores mais próximos, e líderes da NATO, talvez da UE, uns poucos alto comissários dos governos estadunidense e russo. A princípio mais ninguém, e fora os alto funcionários dos governos estadunidense e russo, os outros devem ter sido informados de temas que lhe dizem respeito direto, e outros pontos da conversa devem ter sido omitidas a eles.

E isso não tem nada de mais, é assim mesmo que as coisas funcionam. Mas apesar de não termos sido informados claramente dos temas discutidos e dos avanços obtidos, isso não significa que não saibamos de absolutamente nada do que ocorreu, e é por isso que podemos analisar a reunião. Então vamos a eles.

Alguns sintomas que eram temidos por muitos analistas, que eu não descartava de ocorrerem, e que eu disse que os russos tirariam de letra. Começou com Lavrov chegando com um agasalho da União Soviética (mesmo no verão o Alasca pode ser bem frio). Isso não era um desafio ou um aviso de voltar à configuração territorial do passado como alguns desesperados saíram divulgando, mas um retorno da altivez e do poder. A Rússia não quer retomar o território soviético, mas já retomou a importância, o poder e ela terá que ser respeitada. É isso que esse agasalho significa.

Na chegada de Putin, alguns sintomas ambíguos, mas interessantes. Trump aplaudiu e recebeu o russo com um sorriso, e foi criticado pela mídia estadunidense por isso. Um desfile aéreo com um bombardeiro estratégico escoltado por alguns caças, que ambos viraram a cabeça para olhar. Qual o objetivo disso? Após a foto oficial, Trump pareceu puxar a mão de Putin para tentar desestabilizá-lo, não conseguiu e Putin puxou a mão para onde deveria estar. Mas coisas menores dentro do contexto geral. Podem ter tido a intenção de desestabilizar os russos, se foi isso não chegou nem perto. Se foram apenas coincidências, apenas mostra certa falta de cuidado.

Apresentação oficial, quando repórteres tentaram lançar perguntas a Putin, que chegou a fazer algumas graças, gerando até mesmo memes nas redes sociais.

Portas fechadas, e ninguém sabe o que realmente ocorreu lá dentro.

Na sequência a declaração dos dois líderes, em que os especialistas em relações internacionais dizem que houve uma inversão de ordem nas declarações, com Putin falando primeiro. E ele falou pouco, mas disse muito. E o que ele disse já foi dito diversas vezes. Disse que espera que não haja a tentativa de sabotar um processo de paz na Ucrânia, ou seja, ele deve ter chegado a algum acordo com Trump, mesmo que parcial. Disse que todas as demandas russas devem ser respeitadas e atendidas. Agradeceu a Trump e disse que realmente, fosse ele o Presidente dos EUA, provavelmente não teria havido conflito na Ucrânia, mas não deixou de dar ao EUA sua culpa nos acontecimentos, quando afirmou ter falado várias vezes com o antecessor de Trump na tentativa de evitar o conflito, mas foi ignorado. Com isso ele afagou a alma do estadunidense e ainda lhe deu a oportunidade de tirar o EUA do conflito tendo a desculpa do “conseguimos um acordo, se vocês não aderem ao acordo fica por sua conta e risco”. Só que a Europa, e muito menos a Ucrânia têm a menor condição de prosseguir com o conflito sem o Tio Sam, mesmo que ainda compre armas do EUA, os problemas sociais que traria ao Velho Continente seriam desastrosos para todos eles.

Por sua vez Trump não deixou de aproveitar a oportunidade para passar a responsabilidade justamente a Zelensky e aos europeus. Disse que está servindo como uma espécie de ponte, que espera que eles aceitem as propostas, falou da boa vontade de Putin em alcançar a paz, e dos avanços que tiveram em vários pontos, ainda que não em todos. Ao final falou de mais uma reunião com os russos, quando Putin falou que isso deverá ocorrer em Moscou, ao que Trump respondeu que teria muitas pessoas contra isso no EUA, mas que poderia ser arranjado.

Falou-se também em melhoria de relações entre os dois países, inclusive comercialmente.

Ao fim o encontro foi muito importante e certamente apresentou avanços. Algumas coisas claramente ficaram para serem discutidas com outros atores, como as garantias de segurança aos ucranianos e aos próprios europeus, e isso precisa ser negociado com eles, mas parece que Trump aceitou os termos russos, todos os que eles têm colocado publicamente na mesa, como as questões de segurança, a incorporação da Crimeia e dos oblastes conquistados. Parece que algumas questões comerciais russas também estão sendo discutidas, e alguns interesses comerciais estadunidenses também.

O ponto agora é como reagirão europeus e ucranianos. Até o momento o isolamento a que foram colocados nessas negociações não parece que caiu muito bem entre eles, e houve protestos de algumas lideranças sobre sua ausência na mesa de negociações. Mas como eu disse num outro texto que publiquei pouco antes do encontro, a subserviência com que se colocaram frente a pressão econômica de Trump, o acordo ridículo aceito pela liderança da UE, apenas mostra que eles não têm o que fazer naquela mesa. Cabe agora a Trump enfiar mais um acordo goela abaixo dos europeus. E nem será um acordo desvantajoso a eles, porque no campo de batalha eles não têm a menor condição de virar o jogo, e quem vence impõe as regras. A saída por um acordo diplomático é ótima aos europeus, porque disfarça a humilhação de uma iminente derrota com a consequente rendição, em um acordo diplomático, com ares de negociação.

Como eu disse, a depender do que Trump consiga com seus aliados da NATO, então poderemos ter um cessar-fogo em tempo relativamente breve na Ucrânia. Mas deve ser realmente breve, porque os russos seguem avançando, e a Ucrânia está cada vez mais debilitada e sem condições de resistir ao avanço que vem do Leste. Seja como for, caso os aliados da NATO rejeitem as negociações de Trump, não será de admirar que ele os deixem pendurados na broxa. Putin e Trump deixaram aberta essa possibilidade, ainda que esperem por um acordo.

Paz no Cáucaso pode causar outra guerra

Pessoal, hoje temos o encontro presencial entre Trump e Putin no Alasca, mas enquanto não temos os resultados desse encontro que poderá vir a ser Histórico, vamos falar de novos avanços geopolíticos que poderão vir a ser desastrosos, mas desta vez para a região do Cáucaso. 

Dia 08 de agosto, exatamente uma semana atrás, o Primeiro Ministro da Armênia Nikol Pashinyan e o Presidente do Azerbaijão Ilham Aliyev assinaram um acordo de paz que deve por fim a algumas décadas de conflito entre os 2 países. Detalhe é que o acordo foi assinado na Casa Branca, praticamente apenas Donald Trump falou, como sempre se vangloriando de sua participação no processo. 

Só que o que interessa a Trump é outra coisa, porque nos acordos a Armênia cedeu aos estadunidenses a exploração do chamado corredor de Zangezur, próximo a fronteira com o Irã, e isso por 99 anos. O corredor, que passará a chamar-se Trump, fica em uma região montanhosa e o EUA se comprometeu a instalar redes de energia, fibra ótica, petróleo e gás na região. O corredor liga dois pontos do território azeri, sendo um o Nagorno-Karabakh, que foi tomado pelos azeris aos armênios há coisa de 2 anos, num processo de invasão e limpeza étnica. 

O problema nisso tudo é que há rumores de que o EUA irá instalar uma base militar na região, que ligará o território azeri à Turquia. Isso coloca em risco a ligação entre Irã e Rússia, as chamadas Novas Rotas da Seda, e a possível base estadunidense na região é vista pelo Irã como uma ameaça direta à sua segurança, e Ali Velayati, conselheiro para assuntos internacionais do Aiatolá Komeney já disse que os iranianos não aceitarão algo do tipo tão próximo à sua fronteira, e já ameaçaram usar de força militar para impedir a instalação dos estadunidenses na região, caso tentem fixar uma base militar por lá. Para completar isso colocaria em risco a própria Federação Russa, que seria ameaçada pelo EUA pelo Sul na região do Cáucaso. 

Caso tente instalar uma base militar na região, talvez o pacifista Trump consiga mais uma guerra, uma vez que nem Rússia, nem Irã aceitarão a presença militar do EUA nessa região.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Qualquer ataque a Putin seria uma loucura completa

Pessoal, na próxima sexta-feira, dia 15 de agosto de 2025, está programada uma reunião entre os Presidentes Donald Trump, do EUA, e Vladimir Putin, da Federação Russa. Sobre isso, a única coisa que se sabe oficialmente, é que Steve Wittkof esteve em Moscou levando uma proposta ao Presidente russo para um cessar-fogo na Ucrânia. Ele saiu de Moscou com uma resposta, possivelmente uma contra-proposta, que foi aceita pelo Presidente estadunidense. Com isso rapidamente foi marcada a reunião que citei. 

Oficiosamente, porque os comentários veem de Oficiais do governo russo, a proposta americana era aceitável para gerar tal encontro. Do lado estadunidense apenas a indicação da reunião, e fofocas de jornais. Se o cerne da proposta for o que a grande mídia internacional tem mencionado, então os russos enlouqueceram, porque eles já recusaram tudo o que tem sido dito por essa mídia. 

Por outro lado tenho visto alguns analistas sérios, e todos preocupados com a tática trumpista de “humilhar” seu “oponente” numa negociação, e depois tirar vantagem da situação vexatória que é colocada nele. Os russos já avisaram para não tentarem nada parecido com isso, porque eles não são Zelensky ou o Presidente da África do Sul, ou o Irã. E olhem que não conseguiram humilhar o Irã. O último ataque com Israel foi iraniano na capital israelense, o último bombardeio com o EUA foi iraniano numa base militar estadunidense.

Sim. Trump é disruptivo, relativamente imprevisível, mas ele sabe onde pode ou não pisar. Uma tentativa de humilhar Putin não me parece que daria certo, porque o russo é amplamente superior em todos os aspectos do confronto retórico. Fazer algo pior seria uma estupidez completa, e levaria inevitável e rapidamente a uma guerra aberta entre as duas potências nucleares, e ao rápido envolvimento de várias outras, de um lado e de outro. O encontro pode até não dar em nada, embora eu ache que dará ao menos um cessar-fogo, mas dificilmente será palco para uma loucura de Trump. Não há espaço para isso nessa situação. A não ser que eles queiram escalar ainda mais o conflito, ou generalizá-lo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Não se Sabe o Teor das Propostas Que Geraram o encontro entre Putin e Trump

Pessoal, a verdade é que não se sabe o que foi proposto e contra-proposto durante a visita de Steve Witkoff a Putin na semana passada. A única coisa que se sabe é que o Kremlin considerou a oferta da Casa Branca suficiente para gerar um encontro direto entre 2 dos 3 Presidentes mais poderosos do mundo na atualidade, e que isso ocorrerá na próxima sexta-feira, 15 de agosto.

Achei importante frisar isso porque temos visto muita especulação, principalmente por parte da mídia tradicional. Ainda que o teor da proposta contenha a garantia das conquistas territoriais russas, dificilmente seria apenas isso. Adicionalmente o discurso territorial parece vir apenas para tentar validar o discurso sustentado pela grande mídia de que a invasão da Ucrânia seria apenas uma guerra de conquista territorial, e não a busca por garantias de segurança ao Estado Russo.

Outro ponto importante a frisar é que a oferta foi suficiente para gerar esse encontro, e em nenhum momento o Kremlin falou em cessar-fogo, e muito menos em acordo de paz.

Claro que quando ocorre um encontro desse nível, então devemos estar bem mais perto de algum acordo do que antes, mas ainda nada assim isso não é garantia de tal acordo, mesmo porque dificilmente os russos aceitarão apenas a palavra e a assinatura dos Ocidentais num papel. Eles provavelmente exigirão garantias de controle do cumprimento do acordado. E isso eu não sei se o Ocidente está disposto a dar.

sábado, 9 de agosto de 2025

Movimentações geopolíticas são de reajustes de posição

Pessoal, apesar de não termos visto grandes movimentações geopolíticas nos últimos dias, elas seguem ocorrendo e são importantíssimas. Com grandes movimentações eu me refiro ao início ou escalada em uma guerra, ou um ataque comercial, etc. Esse período tem sido mais marcado por posicionamentos que devem vir a se transformar em movimentações geopolíticas.

Desses posicionamentos o mais relevante é o encontro que está sendo preparado entre Putin e Trump para o dia 15 de agosto no Alasca, informaram os lados. Muita coisa deve ser tratada, nada efetivamente resolvido, salvo se a proposta e a contra-proposta levadas por Steve Witkoff sejam bastante amplas, algo que não parece. Talvez tenhamos um cessar-fogo mais prolongado na Ucrânia brevemente. 

Outro encontro importante é o que ocorrerá entre os 3 grandes, Putin, Trump e Xi Jimping na China, durante as comemorações pelo fim da WWII. Novas condições podem ser negociadas entre os 3, e aí começaremos a saber se o discurso dos 2 membros do BRICS é sério, ou só uma forma de atacar o Ocidente por nova hegemonia mundial opressora. 

Enquanto isso membros menores dos BRICS se aproximam e enfrentam os ataques americanos. O encontro entre Lula e Modi é mais do que exemplo disso. Ambos mostram ambiguidade em suas ações, porque enfrentam, fazem discursos nacionalistas, mas se mostram prontos a abrirem mão de parte de suas soberanias. Lula é o mais ambíguo. Alinhava novos mercados, negocia com os próprios membros dos BRICS para dar vazão à parte da produção brasileira que os estadunidenses sobretaxaram de forma unilateral, não impôs a prometida reciprocidade, e envia seu Vicepresidente e seu Ministro da Fazenda para negociar os interesses de Trump, mais notadamente as terras raras brasileiras, e o sistema de pagamento PIX. 

Só que nada deve ser resolvido efetivamente nessas poucas reuniões, ou mesmo nos próximos meses (salvo talvez o conflito no Leste Europeu), mas elas devem mostrar tendências, devem mostrar rumos. Os europeus estão escanteados pelo ridículo acordo que a UE fez com Trump, japoneses desde a Segunda Guerra Mundial e como eu disse, começaremos a ver se Rússia e China realmente querem um mundo multipolar, ou simplesmente participarem do banquete Ocidental, se o EUA está disposto a abrir mão de nacos de seu poder mundial, ou se irá para o embate militar direto, se membros médios do BRICS têm influência e condições de defender seus interesses e interferir nos acontecimentos ou se apenas aceitarão as decisões das superpotências de forma vassala, ou mesmo se teremos uma escalada das tensões. 

As forças reajustam suas posições para fazerem suas próximas jogadas. Zelensky não tem as cartas, mas todos esses outros atores têm, a questão é se e como as vão utilizar. Muito em jogo nas próximas semanas, absolutamente nada definido.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Ocidente e BRICS entre provocações e conversas

Pessoal, as tentativas de intimidação e provocação que podem levar a uma guerra generalizada continuam. Uma das sanções que podem ser aplicadas pelo EUA aos russos caso eles não parem o conflito na Ucrânia é uma sanção ao que eles chamam de “frota fantasma”. De fantasma a frota não tem nada, ela apenas não é registrada e nem controlada por empresas ocidentais, como o Lloyd Register, e seus seguros são feitos na própria Rússia. 

Ao mesmo tempo os russos voltaram a atracar um submarino e uma fragata em Cuba. Apesar de EUA e Cuba dizerem que não há provocação nisso, o fato é mostra de reaproximação de Moscou e Havana, e não dá para dizer que não há uma tentativa de demonstração de força dos russos aos estadunidenses, já que Cuba está a menos de 200 km da costa do EUA, que pode ser rápida e facilmente alcançada por ataques dessa localidade. Há cerca de um ano uma flotilha russa um pouco maior também visitou Havana, e pouco depois os russos doaram milhares de barris de petróleo à Ilha. 

Por último uma fragata do EUA violou as águas territoriais iranianas, e foi repelida por um helicóptero militar dos persas. Houve ameaças de ataques, tanto da fragata ao helicóptero, quanto do helicóptero à fragata, mas no final esta recuou e se retirou. Na sequência, Mehdi Mohammadi, conselheiro do líder do parlamento iraniano disse que o país vem se preparando para fechar o Estreito de Hormuz há décadas e o início de uma guerra energética. Juntando aos ataques a Brasil, Índia, e à própria China vemos um cerco aos BRICS. 

Steven Witkoff, enviado de Donald Trump, conversou diretamente com Putin, e levou uma proposta sobre a Ucrânia para avaliação do estadunidense. Entre tentativas de intimidação, bloqueios, sanções e escaladas nos atuais conflitos não dá para sabermos até que ponto estaremos a salvo de uma escalada definitiva. No fundo, uma quentíssima guerra fria está instalada no planeta. Se e quando ela irá retroceder é a grande questão do momento.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Relações russo-americanas deterioram com ameaças nucleares

Pessoal, as relações entre EUA e Rússia vêm deteriorando de forma rápida e preocupante. Não se imaginava isso para um governo Trump, que assumiu e prometeu paz. Ele tentou impor uma “paz” sem solução na Ucrânia, uma situação em que a Rússia não veria nenhuma demandas por segurança garantida, e nem a questão da cultura russa seria contemplada. Ou seja, provavelmente seria apenas uma prorrogação para problemas, talvez, ainda mais sérios no futuro. E nem seria num futuro assim tão distante. Ao mesmo tempo essa situação permitiria ao EUA e a empresas Ocidentais acessarem riquezas minerais e agrícolas no território ucraniano; entre essas riquezas as tão desejadas terras raras, tão necessárias à indústria de alta tecnologia e militar moderna. Isso complicaria ainda mais a situação. Já os russos seguiriam com a insegurança que os levou a entrar na Ucrânia. 

A atual posição de Trump também mostra um afastamento daquilo que ele tinha conversado inicial e diretamente com Putin. Essa mudança vem de problemas internos no EUA, e na armadilha em que Trump se meteu devido a erros atuais e passados. A deterioração e as pressões internas levaram Trump a ameaçar a Rússia de sanções, caso esta não congelasse as ações bélicas contra a Ucrânia. A princípio elas viriam em 50 dias, mas logo o prazo foi reduzido ao máximo de 12 dias, e se cumprido falta agora menos de uma semana. Mas a coisa não parou por aí, e agora Trump anunciou pressão nos membros fundadores do BRICS, e que estava posicionando 2 submarinos com capacidade de ataque nuclear para ameaçar a Rússia diretamente. 

Isso levou o próprio Putin a responder, lembrando que qualquer ataque nuclear seria respondido pela Rússia, ainda que o país fosse completamente destruído, devido ao sistema de mão-morta, que promove um contra-ataque nuclear geral automático se não for desligado. Já o sempre polêmico Medvedev disse que se Trump se preocupa com o conteúdo dos arquivos e filmes sobre o caso Jeffrey Epstein, então ele deveria se preocupar mais porque não são apenas as agências de intelegência Ocidentais que teriam acesso a essas informações. 

Não é a primeira vez que o mundo se vê numa situação que pode levar a um armagedom nuclear, mas já tinha muito tempo que não víamos uma situação tão tensa, tão perigosa à sobrevivência da civilização. E mesmo que seja blefes de Trump e Putin, alguns blefes devem simplesmente ser evitados.

domingo, 3 de agosto de 2025

Supostos agentes britânicos capturados pelos russos

Pessoal, voltamos nossas atenções ao conflito Rússia x Ucrânia, onde os russos capturaram alguns oficiais alegadamente da inteligência britânica, os 007 deles. A captura foi feita na cidade de Ochakov no oblast de Mykolaiv, que está sob domínio ucraniano. 

Na ação um grupo de forças especiais russas entrou no território controlado pelos ucranianos e fez a detenção. Segundo fontes militares russas, a ação levou cerca de 2 meses de preparação e envolveu agências e redes de informação com o objetivo de detectar e mapear as ações dos agentes britânicos, possibilitando sua captura. A ação teve ares de filme, com a utilização de barcos, ligações com satélites, etc. 

Pela parte britânica houve a solicitação do retorno dos oficiais, sendo um Coronel, um Tenente-coronel, e outro oficial sem patente definida, todos ligados a áreas de inteligência britânica.A alegação de Londres para solicitar o retorno de seus oficiais é de que eles estariam fazendo turismo na região, com interesse na história marítima do local. 

O problema é que os russos alegam que encontraram mapas atuais da região contendo informações sobre movimentações estratégicas e de instalações russas, posição de defesa antiaérea russa, comunicações com o controle central, e arquivos eletrônicos criptografados que estão sendo estudados, etc. Devido a esta situação o Ministro da Defesa Russo, Andrei Belousov, descartou a devolução, ou mesmo a troca dos oficiais britânicos. A Rússia pretende processar os oficiais por crimes contra a Federação Russa, já que, segundo os russos, eles treinavam e comandavam pessoal ucraniano para ações contra o território russo, utilizando para isso drones, mísseis e foguetes. 

A operação que capturou os oficiais britânicos foi batizada pelos russos como Skat-12, e segundo as fontes será uma entre muitas, já que as agências de inteligência e segurança russas foram instruídas a tomarem a iniciativa, de forma a causar medo nos oficiais da NATO em treinarem ou comandarem forças ucranianas. De acordo com o Ministério da Defesa Russo, “a Rússia não tolerará mais intervenções secretas e operações híbridas”.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Trump sobretaxou o Brasil, mas menos do que se esperava

Pessoal, Donald Trump, Presidente do EUA, taxou o Brasil em 50%. Na verdade ele taxou em 40%, já que 10% são aplicados praticamente a todo o mundo, com pouquíssimas exceções. Apesar disso, também temos uma extensa lista de isenções, com pouco mais de 700 itens, e que incluem aviões civis, o suco de laranja, aços e alumínios. Já alguns itens como álcool, café e carnes estão incluídas entre os produtos sobretaxados, mas há formas de contornar estas sobretaxas. 

Só que a questão aqui é o que o governo brasileiro fará quanto a estas sobretaxas. Sim, estão acontecendo negociações, e vemos pressões internas no governo Trump, exatamente como as vemos no governo Lula. A verdade é que ninguém quer ter perdas devido a estas ações truculentas e mal pensadas. 

E apesar de termos uma extensa lista de isenções, isso não significa que o Brasil não virá a ser prejudicado com estas ações do governo americano, mas fica nítido que as pressões internas têm surtido alguns efeitos. O Brasil deverá perder algo em torno de 0,5% do PIB com estas medidas, o que é bem abaixo do 1,5% projetados inicialmente. Como eu disse quando analisei a situação, com Trump tudo pode acontecer. Ele pode acordar amanhã e aumentar as tarifas, pode reduzi-las, e pode simplesmente até abrir negociações sérias. Não dá para prever, tal a instabilidade de suas ações. 

Mas seja o que for que ele venha a fazer a situação não muda muito. Cabe ao Brasil tomar medidas para minimizar os impactos das tarifas, aguardar a mudança no Congresso estadunidense, abrir novos mercados, etc. 

No fundo Trump quer 2 coisas: acesso às chamadas terras raras, e predar algumas empresas de alta tecnologia que ainda temos no Brasil. Algo que ele vem fazendo mundo afora, e o que temos visto é vários países esfriarem relações com os estadunidenses, justamente pela forma agressiva e predatória como Trump vem agindo, e também os vemos protelar decisões na espera da queda de Trump, e ela virá. Para nossas vidas pode parecer uma eternidade esperar por isso, mas para a vida de um país, ela está logo ali.