terça-feira, 12 de agosto de 2014

Blog dos Mercantes e A Guerra de 4.000 anos

árabes e judeus, porque não pode ser assim?
foto da internet

O texto abaixo foi tirado da coluna de Clóvis Rossi, da Folha de São Paulo.

É óbvio que quando falamos que a guerra tem 4.000 anos, estamos falando em sentido figurado. Mas a realidade é que o Oriente Médio é uma região altamente belicosa, e não é de hoje. Em muitos pontos a Bíblia é utilizada como documento histórico, e nela estão contidos inúmeros conflitos entres os povos da região na Antiguidade, e depois temos vários registros de guerras através de outras Eras de nossa história.

Hoje esse histórico é “honrado” por judeus e muçulmanos, que seguem se matando de forma estúpida. Não vamos aqui tentar analisar os motivos emocionais e factuais que os levam a tal procedimento, pois muitas coisas podem explicar suas ações, mas nenhuma justificar.

Mas podemos condenar, sem medo de cometer uma injustiça, que tais fatos seguirão ocorrendo, caso os aliados de ambas as partes não aproximem suas ações aos “belos” discursos que apresentam ao mundo. De nada adianta condenar as ações de ambas as partes, caso continuem a armar e treinar exércitos e grupos armados da região.

Mas o Blog dos Mercantes já sabe disso há muito tempo, pois a distância entre discursos e ações não se aplica somente às relações internacionais e aos fatos lamentáveis ocorridos no Oriente Médio.

Porque desde sempre todos eles vêm dizendo que trabalham para melhorar as condições de trabalhadores e cidadãos, e eventualmente e por curtos períodos de tempo, isso pode até acorrer, mas no final sempre observamos a piora das condições de vida dos mais pobres, a melhora dos mais ricos, e a concentração de riqueza nas mãos de uma pequeníssima parcela da população. E isso não é privilégio do Brasil, mas padrão em todos os países do mundo que conheço.

Enquanto o Homem não mudar sua maneira de agir, as mazelas que atingem a humanidade continuarão a ser objeto de nosso debate.


Quando os "anões" proliferam
05/08/2014 02h00
Ygal Palmor, porta-voz da Chancelaria israelense, deve estar tendo pesadelos com anões, tal a quantidade de países e personalidades que criticam o que consideram desproporção na resposta de Israel aos ataques do Hamas. Foi Palmor quem disse que o Brasil era um "anão diplomático" exatamente por ter feito esse tipo de crítica.

Agora, vem Laurent Fabius, o chanceler de uma França íntima aliada de Israel, dizer que o direito de Israel a se defender "não justifica a morte de crianças e o massacre de civis". Notou a palavra "massacre"? É a mesma que usou a presidente dos "anões", Dilma Rousseff.

Até a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jennifer Psaki, carimbou como "vergonhoso" o ataque mais recente, o terceiro, a uma escola da ONU que abrigava refugiados. E os EUA são o mais firme aliado de Israel.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, obrigado à neutralidade pelo cargo que exerce, foi mais longe, ao chamar de "ato criminoso" o ataque à escola.

Torna-se assim escandalosamente evidente o que já escrevi aqui (folha.com/no1489355): Israel está perdendo a guerra pela opinião pública global (tema, de resto, da reportagem de capa do número da "Economist" que está nas bancas).

É exatamente o elevado número de civis mortos por Israel que causa a derrota na guerra pela opinião pública.

Escreve, por exemplo, David Horovitz, editor-executivo do "Times of Israel", francamente favorável à invasão de Gaza: "Os corações das pessoas decentes ficam com vítimas indefesas; por muito que Israel tenha sido atacado e ensanguentado, os habitantes de Gaza foram muito mais atacados e ensanguentados –precisamente o que o Hamas tinha planejado".

Pior, para Israel: se está perdendo a batalha por mentes e corações, não parece estar ganhando a guerra no terreno. É verdade que dá por praticamente concluída a destruição dos túneis que o Hamas construiu para infiltrar seus militantes em Israel. Mas Horovitz, um dos mais bem informados jornalistas israelenses, escreve que nunca se poderá ter certeza de que todos os túneis foram encontrados.

Emenda: "Levará muito, muito tempo, para que os residentes das comunidades em volta de Gaza possam dormir tranquilos à noite". Mais: "As lideranças [do Hamas] sobreviveram intactas, escondidas com segurança em 'bunkers' subterrâneos que construíram nas profundezas do coração de Gaza. A maior parte de seus milhares de lutadores cultores da morte também sobreviveu. Muito de seu armamento está intacto. Tudo pronto, espera o Hamas, para outra, mais perversa, rodada de matanças".


Os números da ONU comprovam que o braço armado do Hamas foi relativamente pouco afetado: dos 1.196 mor­tos já identificados, 1.033 são civis. Se a conta está correta, o Hamas perdeu 163 combatentes, quando tem cerca de 20 mil homens. Como se fosse pouco, há ainda o fato de que o processo de paz com os palestinos, que seria, em tese, a única real solução para o conflito, também saiu ferido, talvez de morte.

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