segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Imprensa estrangeira parece saber mais sobre o país que a nacional


A diferença em se ter uma imprensa isenta e uma altamente tendenciosa, que teimar em fingir que é isenta, é o conteúdo das matérias veiculadas. Não há dúvida alguma do que acontece no país, e que isso será péssimo, inclusive para a classe média, que terá direitos incorporados há muito, retirados de forma abrupta e violenta, de forma a garantir sobras no orçamento do Estado, a fim de garantir o repasse dos recursos a uma elite econômica que não necessita deles para viver.

Mas essa classe média ainda não entendeu isso, quando o fizer será tarde.

E também terá que conviver com uma realidade infinitamente mais difícil e com um futuro muito mais tenebroso.

Porque a "ponte para o futuro" nos remete diretamente ao Século XIX, quando aos trabalhadores não havia direitos.




Impeachment de Dilma não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira


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  • Ueslei Marcelino/Reuters
    Senado deverá aprovar o impeachment de Dilma Rousseff nesta quarta-feira (31)
    Senado deverá aprovar o impeachment de Dilma Rousseff nesta quarta-feira (31)
No dia em que o Senado deverá aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, jornais no exterior destacam que o afastamento definitivo da presidente está longe de resolver os problemas do país.
Para o jornal americano "The Washington Post", o longo processo de impeachment, que se estende por nove meses, pode servir apenas para "alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político".
A publicação afirma que o processo desorganizou a esquerda no país --como exemplo disso, cita a baixa adesão aos protestos pró-Dilma em Brasília nesta semana e a postura "desapaixonada" de congressistas do PT em defesa da presidente afastada.
O jornal aponta que o presidente interino, Michel Temer, se revelou tão impopular quanto Dilma --segundo pesquisa Ibope de julho, apenas 13% dos brasileiros consideravam o governo bom ou ótimo.
Diz ainda que o atual processo expôs fraquezas no sistema político do país, em que o presidente depende de acordos com "inúmeros partidos sem ideologia clara", em arranjos que "incentivam a corrupção".
Para a publicação americana, um "vácuo de poder" está se abrindo na política nacional --e sendo preenchido por siglas menores de esquerda e candidatos evangélicos.

Incerteza na economia

Em texto sobre as perspectivas econômicas do país, o "Wall Street Journal" afirma que "investidores podem estar dando muito crédito a políticos do país e desconsiderando os problemas".
O diário lembra que o real se apreciou mais de 8% ante o dólar --é a moeda que mais se valorizou no mundo neste ano-- e o Ibovespa avançou 9,9% desde o afastamento provisório de Dilma em maio, mas desde então Temer "fez muito pouco" para enfrentar o rombo nas contas públicas do país.
Afirma que propostas neste sentido --como uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos-- provavelmente não passarão no Congresso, enquanto as "primeiras ações" de Temer no cargo vão em sentido oposto: carência a Estados endividados com a União e "aumentos para servidores públicos muito bem pagos".
"É difícil imaginar uma medida pior", disse ao jornal Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo Luiz Inácio Lula da Silva e diretor-presidente do centro de ensino e pesquisa Insper.
Em texto de opinião na revista "Fortune", João Augusto de Castro Neves, diretor de América Latina da consultoria Eurasia Group, diz que o impeachment não irá solucionar "meses de turbulência política e econômica".
O consultor descreve a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político.
Ele afirma que os dois principais desafios de uma eventual gestão Temer serão reordenar as finanças e recuperar a confiança de investidores, em meio à "sombra" da Operação Lava Jato. "Com poucos fundos públicos à disposição, Temer terá que recorrer ao setor privado para elevar investimentos e estimular uma recuperação econômica."

'Buraco negro'

O "Clarín", da Argentina, destaca um artigo do editor de política internacional do jornal, Marcelo Cantelmi, para quem o Brasil caminha para um "buraco negro" ao "contornar as eleições".
O jornalista diz considerar que Dilma reagiu tardiamente à queda na economia e que o Congresso barrou medidas de austeridade que ela tentou implementar em 2015, e afirma que "todos são culpados" pela situação atual.
"Aqui são todos culpados. Mas o erro institucional de ter tirado Rousseff à força deste modo e o precedente inquietante de fragilidade democrática que derrama sobre a região têm um só agravante. O de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que elegeriam um governo eleito para pilotar uma tempestade que não terminará amanhã e se agravará inevitavelmente", conclui.

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