segunda-feira, 23 de julho de 2018

Eleições no Brasil

As últimas movimentações políticas no Brasil são, sobretudo, interessantes. A princípio ninguém quer ter seu nome ligado a Temer, mas impossível a alguns políticos e partidos se dissociarem de toda a desgraceira que grassa pelo país. PSDB, DEM, PP, PTB, etc são todos partidos profundamente fisiológicos, e se uniram no golpe e na rapinagem exacerbada que se alastrou pela nação após a deposição irresponsável e inconstitucional de Dilma Roussef. Apesar de fazer um péssimo governo após um governo ruim, não havia motivo justificável para seu impeachment, o que justifica ao ato a pecha de golpe.

Não é difícil atrelar Alckimin, Rodrigo Maia, Roberto Jefferson, etc a Temer, a seu desgoverno e a sua desenfreada entrega do país ao domínio estrangeiro, ou às agruras pelas quais passam boa parte da população brasileira.

Nesse saco de gatos pardos, o chamado centrão, que leva todos esses partidos menores da direita, se acha o fiel da balança numa eleição. A grande bancada que têm reunidos, e que ridiculamente garante mais tempo na propaganda televisiva, dá a eles o poder de interferirem em seus desígnios, mesmo que nem em sonho consigam emplacar um candidato com chances mínimas. Mas isso lhes dá poder de barganha, e assim se flertaram com Ciro e namoraram com Alckimin, tudo ao mesmo tempo. Agora abandonam o trabalhista e aficializam um noivado com o neoliberal tucano. Mas nada impede que acabem casando com Ciro ou Lula, e que os traiam, já que palavra não é o forte dessa turma.

Aí a gente se bandeia para o outro lado. O maior partido da chamada esquerda, que não passa com uma social-democracia com nuances distintas, segue insistindo com Lula, quando tudo já deixou mais do que claro que ele não será candidato. Nesse contexto de duas uma, ou está alinhado com o golpe, e a ideia é minar o campo contrário, ou vai tentar eleger outro poste mal estaiado, e tal qual o primeiro, pronto a cair ao menor vento mais forte. A ideia de hegemonismo petista é destrutiva para o lado como um todo, não apenas porque é excessivamente personalista na figura de Lula, como porque tolhe o desenvolvimento da social-democracia como um todo, insistindo nas mesmas soluções.

A outra opção madura para o momento é Ciro e o PDT. Diferente do que os petistas dizem, Ciro não foi largado. A situação era a de que o centrão estaria interessado em apoiá-lo, mas ele impunha os termos, o que obviamente não foi aceito por fisiologistas de carteirinha. Como o próprio Ciro cansou de falar, sua intensão é muito mais de abrir um diálogo para pós-eleição do que para a eleição. Mas Ciro enfrenta um outro entrave, que é a sanha petista por hegemonia descrita acima.

Esse quadro seria tranquilo tivéssemos nós uma eleição mais tradicional, com uma direita em torno de Alckimin, e uma esquerda em torno de PT ou PDT, mas não é assim. Essa eleição temos o fator extrema-direita, na figura grotesca de Bolsonaro. O até agora isolado extremista é líder nas pesquisas, e pode ser o imponderável da vez, já que, nas condições atuais, praticamente tem uma vaga cativa no segundo turno. 

Aí você me diz, "mas os especialistas dizem que Bolsonaro perderá terreno". Te respondo o seguinte: como já disse, os especialistas se baseiam numa eleição normal, tradicional. O problema é que essa eleição não tem nada de normal, nada de tradicional. Vejam o que aconteceu nos EUA, onde os especialistas negavam a chance, mas hoje temos "trumpadas" para todos os lados. 

Todo esse quadro eleva muito as chances de termos um segundo turno entre a direita extrema e a extrema direita.

E urge ainda mais a necessidade de uma união das esquerdas, já que unidas podem ganhar, talvez até em primeiro turno, mas separadas, como já disse, arriscam não estarem nem no segundo. E é sempre bom lembrar, tem que deixar claro que se votar para presidente de esquerda, vote em deputado e senador de esquerda, se não arrisca a outro golpe e a país ingovernável.

E pior, ainda avalizarem um projeto de direita, entreguista, escravagista, autoritário, já que qualquer uma das extremas já mostrou mais de uma vez não respeitar, ouvir ou se importar com vozes ou democracia.




Nenhum comentário:

Postar um comentário