sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os ataques não cessam

Não bastassem as matérias absurdas e irresponsáveis que vêm circulando na imprensa brasileira sobre uma suposta falta crítica de oficiais mercantes para tripular as embarcações engajadas no offshore e na cabotagem brasileira, os armadores agora partem para uma pressão internacional.

Com o mesmo teor sem base empírica, mas baseado na coação e ameaças veladas contra a economia nacional, sobre uma suposta paralisação do setor petroleiro no Brasil, e das atividades de transporte pela Marinha Mercante por falta de tripulantes, notadamente oficiais, circulou uma reportagem na revista “Offshore Support Journal”.

Com uma série de dados manipulados, como a redução em pelo menos 50% na quantidade de novos oficiais formados no País, bem como a desinformação de que só agora a Marinha do Brasil estaria se preparando para aumentar o número de alunos em seus centros de formação (já faz isso há anos), a reportagem acaba por mostrar, mais uma vez, o real motivo da campanha contra o marítimo brasileiro e sua estrutura sindical, notadamente o SINDMAR: os custos operacionais das embarcações.

Em nosso post “A Autoridade Marítima se Pronunciou” do último dia 3 de junho (ver abaixo) fica bem claro, através do Almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, diretor da DPC, que os números utilizados pelos armadores estão errados e maquiados de forma a criar um quadro crítico sobre mão-de-obra marítma no Brasil. Ou eles estão dizendo que a Autoridade Marítima Brasileira não tem controle de quantos oficiais forma anualmente, ou pior, que ela mente?

Há que se atentar para isso.

Os navios offshore que operam no país recebem fretes baseados em um mercado fechado, que é a costa brasileira, adaptados à sua realidade, e diferente do que argumentam os armadores, estão longe de apresentarem prejuízos. Mas se pudessem reduzir os custos empregando tripulações mal treinadas e, consequentemente baratas, com certeza estariam aumentando consideravelmente seus ganhos; e é isso que vêm perseguindo tais armadores com tanta avidez.

Na verdade os armadores não são contra a presença de brasileiros a bordo de suas embarcações, desde que se sujeitem a condições de embarque, sociais, e salariais muito inferiores às atuais e compatíveis com aquelas pagas a tripulantes de navios que arvoram BDCs (Bandeiras de Conveniência), o que é totalmente incompatível com a realidade econômica do país hoje em dia, seja ela no offshore, seja em nossa cabotagem.

Nosso governo e instituições vêm mostrando sinais de amadurecimento quanto à autonomia de suas decisões em assuntos internacionais, como foram casos comerciais recentes com Estados Unidos e Canadá, ou políticos com Itália, e outros. 

Exortamos nossas autoridades a manter a coerência demonstrada em outras oportunidades e confirmem mais uma vez que o Brasil amadureceu como democracia, economia e principalmente como um país autônomo, que busca e assegura empregos dignos e para seus cidadãos e a manutenção de sua soberania administrativa e institucional.

NÃO À PRESSÃO INTERNA OU EXTERNA PELA EXTINÇÃO OU FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS E REGRAS QUE REGEM NOSSO MERCADO DE TRABALHO INTERNO.

Um comentário:

  1. Muito bom, Airton. Tem que ficar de olho. Pena que ainda não conseguimos nos comunicar bem com o marítimo brasileiro... É incrível como tem muita gente a bordo que acha que, se os armadores brasileiros conseguirem trazer filipinos pra trabalhar nos nossos navios, a coisa vai melhorar para nosotros, pois vamos "ganhar mais e em dolar". Não sei na área em que você está trabalhando, mas na área em que eu estou, a maioria dos comandantes ainda obriga a tripulação a aceitar o acordo que a companhia propôe, senão "vocês vão acabar dançando, porque o armador vai trazer gringos pra cá, logo, logo".

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