segunda-feira, 25 de julho de 2016

Já havíamos comentado isso aqui


As maiores economias do mundo são também aquelas em que os governos mais intervêm em suas respectivas economias. O caso da China com os Valemax é emblemático, pois a China criou artificialmente uma falta de demanda para as embarcações, de forma a forçar a Vale do Rio Doce a abrir mão de operá-las, e repassando tranquilamente o controle das mesmas a armadores chineses, que agora podem impor e controlar o custo dos fretes para o minério de ferro.

Mas isso está escrito ai embaixo, no artigo retirado do Poder Naval, e que mostra exatamente aquilo que o Blog dos Mercantes vem dizendo há bastante tempo, ou seja, que a Marinha Mercante é peça fundamental no jogo econômico, como forma de possibilitar o escoamento da produção e o comércio internacional, e também como forma de aumentar a competitividade dessa produção e nesse comércio.

Mas o que todos se esquecem de dizer, é que o domínio dessas ferramentas não é simplesmente fruto das boas vontades do mercado, mas das articulações e intervenções de governos.

Os armadores chineses estão com o poder de controlar os preços dos fretes do transporte do minério de ferro, e isso graças à intervenção de seu governo.

Precisamos parar de acreditar nessas bobagens de livre mercado. Isso não existe, isso não se aplica. O crescimento e o desenvolvimento de nações são diretamente ligadas ao grau de intervenção de seus governos na economia. O que é diferente de o governo deter meios de produção.

E acima de tudo, um governo não pode retirar direitos de seus trabalhadores, de sua população.

Porque não existe crescimento econômico, se não houver avanço social de sua população e trabalhadores.



Com a compra de 30 navios Valemax, avaliados em mais de US$ 2,5 bilhões, a China ampliará seu controle sobre as exportações brasileiras de minério de ferro e terá poderes para regular as taxas de frete do mercado internacional nos próximos dez anos ou mais. O Valemax é o maior graneleiro do mundo, com capacidade para até 360 mil toneladas.

“Mais uma vez, a China mostrou como o Estado deve adotar uma visão estratégica e de longo prazo, que proporcione a abertura de novas oportunidades para suas empresas e seus trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), Severino Almeida, ao comentar o significado da operação num momento em que o Governo e a Petrobras discutem a venda de ativos rentáveis da estatal.

O presidente do Sindmar ressaltou que a China dá provas de sua sabedoria ao investir em um setor fundamental para o desenvolvimento, como o de logística e transporte marítimo.
”O Brasil, ao contrário, recorre a ações de curtíssimo prazo, visando resultados imediatos e ignorando o interesse da Nação. A consequência é o desmantelamento de organizações, a eliminação de postos de trabalho e a falta de perspectiva de um ambiente econômico mais próspero.”

O Valemax foi lançado em 2010 pela Vale que, no entanto, entregou ao mercado apenas 18 das 60 unidades planejadas. A mineradora sofreu um grande revés quando a China proibiu os navios de atracar em seus portos, alegando falta de segurança. O embargo foi suspenso em julho do ano passado, quando a mineradora já havia vendido ou alugado as embarcações, inclusive para alguns armadores chineses que agora encomendaram novos Valemax.

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