quinta-feira, 25 de junho de 2020

Já não se diz mais "amém" a tudo

O Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional desmente o Presidente, e diz que nunca houve nenhum embaraço ou impedimento para que se trocassem membros da segurança pessoal do Presidente, ou de seus parentes próximos.

Notem que amigos do Presidente, e parentes mais afastados, não têm direito à segurança pessoal da Presidência da República.

Bem, mas a partir do ponto em que Bolsonaro nunca teve seus interesses na segurança pessoal obstruídos, e que ele disse que não iriam "prejudicar" filhos, parentes, e amigos, então só podemos entender o que ele disse mesmo, e que ele queria interferir em investigações da PF.

Quando até o mais fiel de seus Ministros, aquele que só abria a boca para referendar as imbecilidades disparadas pelo Chefe Supremo o desmente, aí vemos que uma de suas bases se enfraquece.



Na reunião ministerial de 22 de abril, presidente reclamou da dificuldade para trocar 'segurança' no Rio. Ex-ministro Sergio Moro diz que ele se referia à superintendência da PF no estado.


Por Camila Bomfim e Filipe Matoso, TV Globo e G1 — Brasília

 


O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno — Foto: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou em ofício enviado à Polícia Federal (PF) que o presidente Jair Bolsonaro não encontrou "óbices ou embaraços" para trocar a segurança pessoal dele.

O ofício foi enviado porque a PF pediu a Heleno que se manifestasse no inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir politicamente na corporação (leia detalhes da resposta mais abaixo).

O inquérito foi aberto em abril pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). As investigações têm como base a acusação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF ao demitir o diretor-geral da corporação e ao cobrar a troca no comando da PF no Rio de Janeiro.

Bolsonaro sempre negou a acusação de Moro. O ex-ministro cita como exemplo uma fala do presidente na reunião ministerial de 22 de abril, quando Bolsonaro disse:

"Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira."

Nenhum comentário:

Postar um comentário